É de se recordar que a recente campanha eleitoral, mesmo jejuna dos debates que o País desejava largos, profundos e abrangentes, levou todos os candidados à presidência, viáveis e inviáveis, a prometer empenho e prioridade para a reforma política. Mãe de todas as reformas, e por isso mesmo devendo anteceder-se a todas as demais, os dois finalistas do segundo turno reafirmaram o solene compromisso, que agora não mais pode ser cobrado de José Serra, mas apenas da ex-ministra Dilma Rousseff, que se elegeu no último domingo de outubro.
Terminada a eleição, todos caídos na real, é preciso considerar que a desejada mexida na estrutura política e nos mecanismos eleitorais arranha interesses de setores tradicionais, que vêm se dando muito bem com o modelo atual. Reagem a novidades. E esses setores continuarão sendo maioria no Congresso, prontos para dificultar o caminho de dona Dilma, se dela for, de fato, o desejo de reformar.
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Na reorganização político-eleitoral há vários itens a serem discutidos. Mas, antes deles, cabe definir se devem ser tratados caso a caso ou por atacado. O que seria mais facilmente aceitado por um Congresso ainda conservador?: o tratamento de choque ou aplicar doses homeopáticas? São muitas as dúvidas quanto a esse aspecto.
Hoje, conversavam com jornalistas sobre a reforma os vereadores Bruno Siqueira (PMDB) e José Laerte (PSDB). Eles reconhecem a ausência de consenso. Bruno, que em fevereiro será deputado estadual, já levanta um desafio para a tramitação do financiamento público das campanhas eleitorais, considerado tema de abertura dos debates. Como seriam divididos recursos iguais para candidatos de possibilidades desiguais? Primeira entre muitas dúvidas.
O novo prefeito
Quando a Assembleia e o Congresso abrirem o novo ano legislativo, e o governador Antônio Anastasia já tiver preenchido quase todos os cargos de importância na administração estadual, as lideranças políticas começarão a conversar sobre a eleição do novo prefeito, mesmo estando distantes as decisões e os quadros partidários não definidos. A razão de tamanha antecedência pode ser explicada por um detalhe que cabe considerar: a eleição de outubro último deixou um cenário de candidaturas naturais à prefeitura em 2012.
A professora Margarida Salomão, ao se eleger deputada federal com ampla maioria dos votos, depois de ter chegado em segundo lugar na campanha para a prefeitura, será, por essas razões, convocada pelo PT. Os petistas não têm melhor opção.
Forçados pelo último desempenho nas urnas também são tidos como candidatos naturais Bruno Siqueira, no PMDB, e Júlio Delgado, no PSB. Seus partidos não teriam escolha: ou eles ou ninguém.
Mas os fatos podem levar a uma situação incômoda os partidos ligados ao governador, porque gravitam na área de influência do Palácio da Liberdade o peemedebista Bruno Siqueira, Antônio Jorge, do PPS, e, antes deles, o projeto de reeleição do prefeito Custódio Mattos. Se não surgir um prévio entendimento capaz de acomodá-los é possível que Anastasia peça ao senador Itamar Franco que ajude a descascar o abacaxi.
Caminho verde
Parece ter partido da senadora Marina Silva uma recomendação à executiva estadual do PV em Minas no sentido de que se apressasse a reorganização da comissão de Juiz de Fora, onde o primeiro turno da eleição presidencial a colocou em vantagem sobre José Serra, mas também por considerar que a cidade tem suficiente importância para merecer atenção especial.
Resultou que, mantendo-se a promoter Jane na presidência, a vice foi confiada a José Elias Valério, um dos fundadores da legenda verde na região. A novidade é que a vice-presidência passa a ter atribuições executivas e programáticas. Valério promete muito trabalho em 2011.
PT ganha a cadeira
Os petistas da cidade entram no fim de semana mais tranquilos. Com a decisão da Justiça Eleitoral de considerar computados os votos do candidato peemedebista Sylas Brasileiro, até então sub-judice, a coligação formada pelo PT ganha mais uma vaga na Câmara dos Deputados, e quem leva a melhor é a dona da primeira suplência, Margarida Salomão.