sexta-feira, 27 de janeiro de 2017






Xenofobia


Esta foi uma semana em que, ao lado de muitas razões para o mundo se preocupar, ganhou sinais de agravamento a onda de xenofobia, ódio aos estrangeiros, fenômeno que se deve creditar aos primeiros dias do governo Trump nos Estados Unidos. Começando pelos mexicanos, com previsão de que em breve será mais restritiva a política de discriminação frente aos muçulmanos, o presidente não perde oportunidade de proclamar “América para os americanos”, isto é, para os ianques, porque em geral o governo de Washington acha que América é o pedaço que lhes coube. México e os países latinos seriam meros agregados.

Donald Trump impressiona nesse particular. A começar porque Melanie, sua bela mulher, nascida e criada na Slovênia, é mais estrangeira que qualquer cidadão do continente americano. Trump dorme sotaque estrangeiro.

Em relação aos primeiros dias do indigitado presidente, não custa uma previsãozinha despretensiosa: a menos que ele adote rumos diferentes, bem diferentes, o mundo não será o mesmo depois dele.


 Pichadores


O novo prefeito de S.Paulo, João Dória, resolveu partir para um acerto de contas com os pichadores, essa gente que emporcalha as grandes cidades, geralmente escudada pelo rótulo de praticantes da arte popular, o que é uma hipocrisia banal, inaceitável. Parece que em outros lugares outros prefeitos pretendem seguir sem exemplo. Não é sem tempo.

O direito que se pode conferir a esses criminosos é o pichamento das casas onde moram, dos muros que os cercam. Nunca o direito de pintar tolices em paredes e muros de propriedades alheias. Polícia neles!


Escândalo


Talvez preocupados apenas com a Lava-Jato e os bandidos da indústria da propina os brasileiros ainda não revelam maior preocupação com a febre amarela, que lhes parece apenas um drama localizado, coisa para os mineiros resolverem por sua própria conta. Mas a febre amarela é um escândalo. Morrer como ratos em pleno século 21  é fato escandaloso a denunciar o pouco-caso dos governos com a política de saneamento básico. 







quarta-feira, 25 de janeiro de 2017




Cascatas e imitações



Faz parte dos registros de nossa história recente. A economia produtiva de Juiz de Fora gosta de prestar vassalagem aos fenômenos cíclicos, entusiasma-se com a onda dos negócios e com a concorrência. No final do século 19 os bancos achavam que podiam ter o mesmo destino exitoso do Crédito Real, entraram na aventura e fracassaram. Décadas depois, quando o Sindicato de Fiação e Tecelagem promoveu um congresso nacional dos industriais em Juiz de Fora, o presidente da entidade, José Batista de Oliveira, fez uma advertência ao empresariado local: a opção negativa que faziam, em efeito cascata, por conservar máquinas e equipamentos em total estágio de obsolescência acabaria levando a produção de Juiz de Fora a perder para São Paulo, onde as indústrias do setor modernizavam-se a passos largos.

Nada diferente do que se veria pouco depois na Associação Comercial, onde Francisco da Cruz Frederico chamava a atenção dos comerciantes para a devastadora concorrência dos supermercados que estariam chegando em breve.  O comércio precisava se ajustar aos novos tempos e unir capitais para concorrer com os grandes grupos. Não foi ouvido, e hoje mais de 88% das vendas estão concentradas em supermercados. Eletrodomésticos e utilidades caíram em mãos de organizações nacionais que, escudadas pelo poder de crédito e estoques em alta escala, permitem impor preços asfixiantemente  competitivos.

Naquela mesma época, meados da década de 50, um jovem chinês, Ling YU, que todos preferiam chamar de Paulinho, abriu uma pastelaria na Galeria Pio X. O grande sucesso que obteve despertou a concorrência, e logo a cidade se encheu de pastelarias. Nenhuma delas sobreviveu. Tempos seguintes, bastou um coreano entrar de novo no setor para que de imediato surgissem dezenas de pasteleiros.

Foi a partir daí que a cidade amarelou e se abriu de vez aos asiáticos, estes também adeptos do efeito cascata. Suas  bijuterias é que estão na moda.


Para não desmentir o velho efeito da imitação: há meses  simpática vovó abriu uma casa de bolos, ao perceber que as donas de casa já não mais dispõem de tempo para tal mister. Pois já despontam dezenas de fabricantes de bolos no centro e em vários bairros. Assim é, porque assim sempre foi. 





segunda-feira, 23 de janeiro de 2017






Travestido de gari


O prefeito paulistano João Dória (PSDB) parece mais preocupado com a imagem que propriamente com o enfrentamento dos graves desafios que esperam o mandato. Em seu primeiro dia de trabalho à frente da prefeitura vestiu-se de gari, participou de um evento de limpeza no centro e prometeu que vai repetir o gesto em várias regiões da cidade toda semana. Depois saiu pintando faixas em uma avenida de grande movimento, certamente para ser visto.

O gesto do prefeito é criticado nas redes sociais. Acham os críticos que é apenas marketing político, e com o tempo ele precisará dar respostas mais consistentes para os graves problemas das áreas urbanas, onde o “gari por acaso” está focalizando neste momento.

As situações complexas das regiões degradadas requerem intervenção técnica, que envolve políticas públicas, tais como assistência social, uso e ocupação urbana e regulação de atividades.

Dória ainda vive os momentos iniciais da posse festiva. Em seguida virão os problemas exigindo soluções que o marketing não resolve.



Esforço petista


Quem acompanha comentários nas redes sociais observa o esforço camaleônico do PT de transformar a realidade a seu favor. É algo arquitetado pela direção partidária.

O mantra agora é política de gênero, que pra eles explicaria o crime do diplomata grego, a chacina de uma família em Campinas, a morte do homem no metrô de São Paulo e a rebelião em Manaus! 

No fundo, o discurso é de que se o PT estivesse no governo os direitos humanos estariam protegidos pelas políticas de gênero. Se não está no poder, é a barbárie! 



Filme antigo


Aterrorizante o discurso com que o novo presidente dos Estados Unidos inaugurou seu mandato, quando preferiu o pronunciamento populista a um discurso escrito, como se exige em eventos formais e oficiais. Raivoso, desafiador, ameaçador, xenófobo, intolerante religioso e distribuindo promessas delirantes. Os mais idosos não terão dificuldade em lembrar que coisa mais ou menos assim ouvimos em Munique, 1933, quando outro delirante atacava os sionistas, os estrangeiros e achava que, tal como Trump hoje considera os mexicanos, os judeus tinham de ser expulsos. Filme antigo, reeditado, no qual o ator principal teve a seu favor apenas uma bela mulher ao lado.









segunda-feira, 16 de janeiro de 2017






Crise orquestrada



O fato de as tragédias penitenciárias estarem pipocando em pontos diversos do País, com idênticos sinais de desafio às autoridades do setor, somando-se a isso condutas de crueldade medieval assumidas pelos criminosos, revela que estamos  diante de uma crise orquestrada, simultaneamente inspirada e comandada por fatores externos e internos, isto é, de dentro e fora dos muros dessas casas sinistras. Internamente, as facções criminosas se eliminam em nome do controle das celas, mas há evidências de que organizações além dos presídios influem, por interesses diversos, como o comando do contrabando e do tráfico. Não seria ousadia dizer que nem a estabilidade do governo Temer está fora do alvo dessa crise. Absurdo? Certamente que não. A matança que se vê nestes primeiros dias do ano pode estar interessando a grupos ou partidos empenhados na desestabilização. Se não tanto, - quem sabe, - até uma tentativa de levar o Ministério da Justiça a mandar para casa vários criminosos políticos, como forma de esvaziar as celas ocupadas por bandidos do colarinho branco. Um argumento malandro, fútil, mas nem por isso pode ser descartado. Nada é impossível neste Brasil dos dias que correm.

Quando se fala na possível intenção de enfraquecer o governo a partir do caos penitenciário, é importante perceber como sinaliza o esforço de alguns setores em atirar todas as culpas sobre os ombros do novo ministro da Justiça, como se lhe coubessem responsabilidades, por exemplo, na superlotação das celas, problema secular, que todo dia se agrava um pouco mais.   O inferno da superlotação sobreviveu a todos os governos anteriores, e não haveria mesmo de ser solucionado por governantes que apenas acabam de chegar. Eles têm de agir, devem ser cobrados pela sociedade, mas, por agora, só podem ser condenados se cruzarem os braços, o que não é o caso.


Não seria inoportuno lembrar que as condições desumanas do estabelecimento penitenciário de Juiz de Fora em nada ficam devendo à paisagem caótica que se traçou em outras partes do País. Ponhamos nossas barbas de molho. 





sexta-feira, 13 de janeiro de 2017






olhar distante


Pensam muitos que, se são oportunas e necessárias as medidas que o governo federal vem tomando para impedir a crescente matanças nos presídios, elas acabarão se mostrando ineptas. Ou, quando muito, servirão apenas para adiar e agravar o problema por mais alguns meses. A explicação estaria no fato de que a superlotação nas celas, onde quer que estejam neste Brasil, não conseguem sensibilizar a sociedade brasileira. Não é um problema motivador, não é capaz de se tornar atração, como no caso da corrupção.

Em poucos dias morreram 100 presos! Diga-se  de passagem que a tragédia teve  mais repercussão nas Nações Unidas que nos organismos nacionais.  A sorte dos presos e a superlotação a que estão condenados não interessam à opinião pública, que se dá por satisfeita com as manchetes dos jornais e o noticiário da TV. Os brasileiros não cobram providências. Uma boa parte dessa sociedade até acha normal a crise, porque ela resulta da disputa entre grupos criminosos. Normal, portanto, que se envolvam em sanguinários acertos de contas. Nem faltam os que aplaudem a mortandade. “Bandido tem é que morrer mesmo”, lê-se nas redes sociais.
   
Mas, com o sem o interesse da sociedade, o governo tem de tomar tais medidas, e muitas outras, porque já escapou totalmente dos estados o controle dos presídios, governados pelas facções que conseguem se sobrepor às mais fracas. São os criminosos que mandam, e nesse ponto estamos diante de organizações paralelas, que estabelecem as regras para os criminosos que estão em nossas ruas. O crime externo é comandado por trás das grades. A permanecer assim estamos literalmente perdidos.




quarta-feira, 4 de janeiro de 2017







NA CÂMARA
 

Grandes crises políticas surgem de disputas dentro da base parlamentar para comandar a Câmara dos Deputados. São três candidatos da base de apoio do governo: deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), e atual presidente da Câmara, e dois do chamado centrão, deputado Jovair Arantes (PTB/GO)  e Rogério Rosso (PSD/DF).

Na oposição, até o momento, concorre o deputado André Figueiredo (PDT/CE). O governo tem preferência por Maia, mas não assume isso publicamente. Já o PMDB assumiu a candidatura do democrata.

O candidato do PTB, Jovair Arantes, promete judicializar o processo de escolha caso haja eventual reeleição de Rodrigo Maia, apresentando contestação ao STF (Supremo Tribunal Federal).  O deputado Rodrigo Maia considera que exerce um mandato-tampão e que nada impede de ser novamente candidato numa mesma legislatura.

A experiência do presidente Temer sugere que essa disputa tende a lhe trazer problemas em breve. A força do atual governo está na coesão da sua base parlamentar.  Então todo cuidado será pouco nessa contenda.


 BARBÁRIE


Acompanhando comentários nas redes sociais temos visto o esforço camaleônico do PT de transformar a realidade a seu favor. É algo arquitetado pela direção partidária. 

O mantra agora é política de gênero, que pra ele explicaria o crime do diplomata grego, a chacina de uma família em Campinas, a morte do senhor no metrô de São Paulo e a rebelião em Manaus! 

No fundo, o discurso é de que se o PT está no governo, os direitos humanos estão protegidos pelas políticas de gênero, se o PT não está no poder, é a barbárie!



DE  O ANTAGONISTA


"A Umanizzare, que administra o presídio Anísio Jobim, compartilha a gestão de outras unidades no Amazonas com a empresa Auxílio Agenciamento de Recursos Humanos e Serviços (ex-Conap), sediada em Fortaleza (CE).As duas empresas embolsaram juntas mais de meio bilhão do governo do estado desde 2010. Os contratos com o governo têm duração de 27 anos, com possibilidade de prorrogação por até 35 anos.


A Auxílio doou R$ 300 mil para a campanha de reeleição do governador José Melo, suspeito de ter negociado votos no presídio com a facção FDN. A empresa também doou R$ 400 mil ao amazonense Pauderney Avelino, líder do DEM na Câmara. A Auxílio tem como sócio Luiz Gastão Bittencourt da Silva, vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio e presidente da Fecomércio Ceará. Está explicado!





segunda-feira, 2 de janeiro de 2017






Novos prefeitos


Os prefeitos eleitos em outubro tomaram posse ontem, no primeiro dia do ano. Na maioria dos discursos, um assunto em comum: as dificuldades financeiras causadas pela crise econômica. As promessas dos empossados são recorrentes, expressando cortes de gastos, melhoria na gestão e eficácia no serviço público municipal.

Acontece que os atuais alcaides terão dificuldades para partirem do discurso de posse para adequar a realidade das aspirações dos munícipes. De começo, vem a necessária atenção aos apoiadores da campanha vitoriosa, ávidos por cargos na administração. Em seguida vem a pressão para  atender reivindicações dos vereadores que formam a base aliada. E, ainda, os prefeitos recém-empossados precisam estar com os olhos postos na próxima eleição.



Agressão


O Senador Humberto Costa (PT) se envolveu em uma briga numa livraria no centro de Recife no último dia do ano de 2016. Por uma rede social, o senador petista contou que "sem qualquer motivo, fui atacado, na fila de pagamento da livraria, por uma pessoa completamente descompensada". Acrescentou que "não tive outra coisa a fazer a não ser me defender e defender a minha integridade física"

Antes da troca de agressões físicas, os dois bateram boca, segundo testemunhas.

Este fato e outros envolvendo situações conflituosas entre políticos de expressão e populares tem se repetido no ano que passou. As pessoas estão ficando intolerantes com a classe política, independentemente da opção partidária. Caso isto se agrave haverá o risco de linchamento de político em praça pública.