Cascatas e imitações
Faz parte dos
registros de nossa história recente. A economia produtiva de Juiz de Fora gosta
de prestar vassalagem aos fenômenos cíclicos, entusiasma-se com a onda dos
negócios e com a concorrência. No final do século 19 os bancos achavam que
podiam ter o mesmo destino exitoso do Crédito Real, entraram na aventura e
fracassaram. Décadas depois, quando o Sindicato de Fiação e Tecelagem promoveu
um congresso nacional dos industriais em Juiz de Fora, o presidente da
entidade, José Batista de Oliveira, fez uma advertência ao empresariado local:
a opção negativa que faziam, em efeito cascata, por conservar máquinas e
equipamentos em total estágio de obsolescência acabaria levando a produção de
Juiz de Fora a perder para São Paulo, onde as indústrias do setor
modernizavam-se a passos largos.
Nada diferente
do que se veria pouco depois na Associação Comercial, onde Francisco da Cruz
Frederico chamava a atenção dos comerciantes para a devastadora concorrência
dos supermercados que estariam chegando em breve. O comércio precisava se
ajustar aos novos tempos e unir capitais para concorrer com os grandes grupos.
Não foi ouvido, e hoje mais de 88% das vendas estão concentradas em
supermercados. Eletrodomésticos e utilidades caíram em mãos de organizações
nacionais que, escudadas pelo poder de crédito e estoques em alta escala,
permitem impor preços asfixiantemente competitivos.
Naquela mesma
época, meados da década de 50, um jovem chinês, Ling YU, que todos preferiam
chamar de Paulinho, abriu uma pastelaria na Galeria Pio X. O grande sucesso que
obteve despertou a concorrência, e logo a cidade se encheu de pastelarias.
Nenhuma delas sobreviveu. Tempos seguintes, bastou um coreano entrar de novo no
setor para que de imediato surgissem dezenas de pasteleiros.
Foi a partir daí
que a cidade amarelou e se abriu de vez aos asiáticos, estes também adeptos do
efeito cascata. Suas bijuterias é que estão na moda.
Para não
desmentir o velho efeito da imitação: há meses simpática vovó abriu uma
casa de bolos, ao perceber que as donas de casa já não mais dispõem de tempo
para tal mister. Pois já despontam dezenas de fabricantes de bolos no centro e
em vários bairros. Assim é, porque assim sempre foi.
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