Sobrevivente político
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder de seu partido no
Senado, reitera suas críticas ao governo federal do mesmo partido. Acaba de
publicar, mais uma vez, nas redes sociais, um vídeo no qual critica o
presidente Michel Temer (PMDB) por sancionar o projeto de terceirização
irrestrita do trabalho. Disse o senador alagoano: “Quem não ouve erra sozinho”,
numa referência ao presidente.
Renan é um nordestino sobrevivente às intempéries da política
brasileira. Era deputado federal, líder do PRN e apoiava o presidente Collor de
Mello (PRN, em 1990), sobreviveu ao impeachment do 'caçador de marajás'.
Já senador, teve filha numa relação extraconjugal. Isto foi pivô de escândalo
de corrupção, pois uma empresa pagava a pensão alimentícia, o que o levou
a enfrentar processo de cassação, acabou renunciando ao mandato para não
ficar inelegível, mas foi absolvido em setembro de 2007.
Retornando ao Senado, Renan continuou poderoso, voltou à
presidência da Câmara Alta, presidiu o processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff, e impediu que ela ficasse inelegível, em uma
decisão fatiada da sentença de interrupção do mandato da presidente
petista.
Tem seu nome
sempre citado por delatores da Organização Odebrecht. E já
é réu no STF naquele processo antigo em que pagava pensão alimentícia da
filha com dinheiro de uma empresa.
Agora enfrenta Temer na condição de líder do PMDB no Senado, e se
alia à oposição (PT, PC do B etc.). O que será do interesse de Renan (no
momento) que o levou ao confronto com Temer e sofrer o rompimento político com
seu antigo aliado? Quem viver verá.
Crise carcerária
Nas celebrações da Semana Santa, mas principalmente na que se
referia à instituição da Eucaristia, o arcebispo Gil Antônio insistiu na
necessidade de se promover uma revisão corajosa da política carcerária no
Brasil, que, como pensam todos, em apoio à Igreja, transformou-se num
verdadeiro caos. O metropolita também concorda com a cruel evidência de
que, nas atuais condições, as prisões do País devolvem os criminosos à
sociedade bem piores do que quando entraram. Com tanto dinheiro para a
corrupção, por que não investir um pouco dele no sistema carcerário?, indagou.
Juiz de Fora, sem ser exceção nesse quadro sombrio, serve para
confirmar a tragédia dos cárceres, pois, segundo os números que dom Gil revelou
em sua homilia, as celas daqui guardam presos em três vezes mais que sua
capacidade. Diante disto, seria um delírio pensar na recuperação dos
criminosos.
A Igreja Católica vem ampliando sua Pastoral Carcerária na cidade,
que não se limita a visitas periódicas aos presos. Está sendo organizada, com
apoio da doação dos leigos, uma biblioteca para o apenado. Cada livro que ele
ler é um dia a menos na cela. Na Quinta-Feira, na Catedral, uma iniciativa
simpática e interessante, que vale citar: cada pessoa que entrava para rezar
recebia pequeno cartão com as iniciais de um preso não identificado. Para ele
se dirigiu uma oração anônima e especial.
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