A luz do túnel
A pergunta que não cala: passado o porre cívico da Lava Jato,
presos e absolvidos culpados e inocentes, o que restará a este País no
mar das incertezas de 2018? Como?, sem lideranças definidas, mortos ou
insepultos os homens a quem não mais será possível ao País recorrer num grande
esforço para sair da crise. É o que nos revela o agitado fim do semestre. Como
e com quem começar a jornada da reorganização do serviço público e da política,
ambos falidos?
Paralelamente às ausências, restarão presenças indesejáveis,
demagogos, os oportunistas que nos momentos mais difíceis e confusos surgem com
facilidade. O perigo dos façanhudos, tipo Crivellas e outros que tais.
A gravidade do momento chama a atenção, portanto, para dois
problemas que correm paralelos: o caos deixado pelo que saem de cena e os
maus que ameaçam chegar; a estes, mais que àqueles, impõe-se grande cuidado por
parte dos eleitores. Os que saem, combalidos e derrotados; os que chegam,
carregando a vã esperança dos descrentes. Vejam o destino sombrio que pode nos
aguardar.
Se não temos mais líderes ideais, também acabaram os partidos. Os
três maiores – PMDB, PSDB e PT - estão em marcha batida rumo à rua da
amargura. E os pequenos, quase todos também desgastados, comerciantes que
são nos balcões do tráfico de influência, compra e venda de apoios. Fazer o
quê?
Diante de previsões tão angustiantes para as legendas, há quem
pense na retoma da experiência proposta em 1934 do candidato avulso, isto é,
aquele capaz de disputar sem a exigência da filiação partidária. Mas hoje,
quando se voltam o olhar e as atenções para a realidade política, é fácil
perceber que a proposta de candidaturas independentes desperta grande dúvida:
ora, se com homens e mulheres tão experientes não conseguimos levantar voo,
quanto mais novatos para nos tirar da perigosa areia movediça em que
mergulhamos.
Resta desejável o parlamentarismo, certamente o melhor dos nossos
remédios, mas até agora só prescrito em momentos de graves situações, híbrido;
como os bons remédios, ele só produz efeitos saudáveis quando o paciente tem um
mínimo de vigor.
O parlamentarismo é a luz que surge no fim do túnel. Mas onde está
esse túnel, que a gente não consegue enxergar?
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