segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Editorial do “Jornal do Brasil” desta segunda-feira, 21


Nosso acordo em Paris

Ainda titubeante em relação ao Acordo de Paris, que fixou bases para a defesa e o progresso das boas condições climáticas no globo, o governo não terá muito tempo para estabelecer os rumos de sua política nesse campo, sob pena de correr o risco de sofrer isolamento frente à comunidade internacional. Em todo o mundo, há um particular interesse dos meios da ecologia, porque é reconhecido e celebrado o patrimônio brasileiro nesse campo.

Nas primeiras horas da atual administração suscitaram-se dúvidas em relação a alguns pontos daquele importante entendimento, celebrado na capital francesa, porque o novo presidente, então candidato, defendera o reestudo de alguns pontos que lhe pareciam afetar a soberania nacional; isto é, temeroso em relação ao direito a que se arvoravam alguns países de emitirem opiniões sobre questões ambientais brasileiras, sobretudo a emissão de carbonos, o que parece impossível de se evitar, porque o clima e seus efeitos não respeitam fronteiras.

O presidente Bolsonaro parecia preocupado, antes de tudo, com a Amazônia, muitas vezes alvo de cobiças e ingerências externas em relação àquela região, mesmo que o Acordo de Paris em nenhum de seus dispositivos faça alusão a ela. E, se cuidados devem ser tomados, não serão, com toda certeza, referentes a ocupações e invasões, mas gestões e sanções econômicas que a prejudicassem. Se fez uma leitura mais atenta do texto referido, certamente ele terá adotado visão diferente daquela que trouxe dos palanques que havia ocupado durante a campanha.

Afora isso e os constrangimentos que ocorreriam nas relações externas, o país tem de assumir o papel saliente que lhe cabe na defesa dos recursos naturais do planeta, não apenas sua preservação, mas também porque já estamos vivendo sinais do descontrole a que tem sido condenado o tempo. Isso que se vê diariamente – temporais abundantes ou secas inclementes - antecipa o pior que ainda pode vir. Rio e São Paulo, apenas para citar as duas maiores metrópoles do país, têm sido chamados a pagar caro com os desencontros do clima, embora uma parte das destruições provocadas pelos escoamentos insuficientes teria sido evitada, fossem mais atuantes as prefeituras.

Uma questão residual, que se evidencia principalmente em países pobres ou nos que integram a chamada faixa dos emergentes, é de natureza cultural. Neles não tem sido nítida a visão da origem dos problemas ambientais, embora milhões amargamente sofram suas consequências. Aqui mesmo, sem buscar terras distantes, populações inteiras acham nada haver demais em lançar materiais impróprios nos rios, pois admitem que eles foram criados pela natureza exatamente para levar o que não presta.

São avançados os estudos e suas conclusões sobre a responsabilidade dos descuidos em relação ao clima. O calor desmedido, as nevascas que destroem e matam, as florestas que se incendeiam e as inundações constituem um acervo sinistro que se debita aos climas insuportáveis que vão se espalhando sobre o planeta. Um desses estudos, realizado por universidade sueca, admire que as alterações de temperatura têm tudo para se tornarem o mais grave problema do mundo nas próximas quatro ou cinco décadas. A conclusão é simples: o descontrole do aquecimento vai se dando, indistintamente nos continentes, na terra e nos oceanos. Nestes como consequências não menos graves, pois geram tsunamis destruidores. Se as advertências valem para todo o planeta, como pode o Brasil fechar os olhos?

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