As avenidas são como cada um de nós. Elas têm alma. Podem ser ambíguas, sinistras, delicadas, ou nobres e gentis, como dizia João do Rio. Pois a avenida de Mello Reis, que foi inaugurada na semana passada, é o retrato de seu patrono: basta olhar para se ver que ela se cerca do verde intenso das esperanças e é uma avenida que nunca deixa de subir, sempre para a frente e para o alto, o que também foi a paisagem humana e a marca indelével daquele homem, cuja biografia ficou sendo uma apaixonada declaração de amor à cidade de sua querência. A avenida de Mello Reis tem esse calor humano, e vai guardar nas suas placas o nome de quem passou pela História e para a História como capaz de arrancar de si e partilhar com toda a gente que o cercou uma imensa capacidade de amar; amar tanto, a ponto de emprestar a ela os melhores dias de sua vida.
Quando os que estão por vir por ali passarem saberão que pisam o chão de um caminho generoso que guarda o nome de quem se fez modelo de trabalho e ética. A placa com esse nome não servirá apenas para identificar uma avenida que sobe, mas que também aponte uma linha de vida, a mais alta excelência que pode caber no espírito de um empreendedor.
Mello sabia – disse-o certa vez – que o melhor que se faz no presente é construir o amanhã. E assumiu tal conduta, com a rara coragem dos administradores que abrem mão do aplauso fácil da hora para olhar o futuro.
O ex-prefeito nunca será esquecido, pois já não é mais uma pessoa, não mais apenas uma obra, uma presença. É verdadeiramente uma instituição. Como o velho Paraibuna, que passa mas fica, Mello Reis passou e ficou.
Seria mesmo
presidenta ?
Quando dona Dilma assumiu a mais alta magistratura do País veio logo a discussão sobre como seria o tratamento a ele devido: presidente ou presidenta? Muitos optaram pela forma feminina, desnecessária e pedante, que bate mal nos ouvidos. Eduardo Almeida Reis, que está entre os poucos que conhecem tudo sobre o idioma, foi o primeiro a condenar a indesejada inovação. Agora, a professora Miriam Rita Moro Mine, da Universidade do Paraná, convida a acabar com a bobagem da “presidenta”, lembando que no Português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante. Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Então, a pessoa que preside é presidente, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha.
Jogando
pesado
O vice Michel Temer, que embora presidente licenciado do PMDB, é quem comanda, deu o tom da reação do partido frente a rebeldias pontuais. Ele passou por cima de outros dirigentes e do regimento interno, e impôs Gabriel Chalita para comandar o diretório paulistano, e também deverá ser o candidato a prefeito.
Essa mesma disposição se manifesta no PMDB de Minas, que estuda a possibilidade de intervir em vários diretórios rebeldes. Quem anda mais rigoroso nesse particular é o ex-governador Newton Cardoso, que já propôs interventoria em quase uma centena de diretórios, vários da Zona da Mata, principalmente Rio Pomba.
Uma voz
no deserto
Amanhã, vereadores, jornalistas e pessoas interessadas na reforma política vão ter oportunidade de ouvir e dialogar com um dos homens que tem revelado maior conteúdo na discussão desse tema. É o jurista Dalmo Dalari, que nos anos 80 teve papel saliente na campanha pela redemocratização, e desde então trabalha pela moralização dos agentes políticos e aperfeiçoamento da legislação eleitoral. O que o difere da maioria dos estudiosos da matéria é que ele só acredita em uma reforma profunda, começando por mandar o Senado fechar as portas.
Dalari fala às 14h, na Câmara, a convite do vereador José Figueirôa, que convidou este redator a ser um dos debatedores.
Vai dar
tempo?
O prefeito Custódio Mattos já disse e repete sempre que está consciente do tempo que tem de jogar para disputar a reeleição em condições favoráveis no próximo ano. A metáfora que usa é a dos nadadores: uma braçada de mil metros começa com cem; as realizações aparecendo num crescendo. Ele insinua que os projetos que começa a executar no segundo semestre vão resgatar o apoio da opinião pública.
Um grande volume de obras influi no comportamento do eleitorado, mesmo que causem transtornos para o cotidiano da cidade. Mas os adversários de Custódio já estão jogando com outra expectativa, a de que ele não terá tempo suficiente para reverter o quadro, embora reconhecendo que sua imagem tem melhorado.
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O governador Antônio Anastasia confirmou que estará na cidade dia 8 de julho para inaugurar a avenida Deusdedith Salgado e celebrar convênio com a prefeitura para a realização de obras no Parque da Lajinha. Ele próprio fez a confirmação no sábado à tarde, quando esteve em Juiz de Fora, vindo de Ibitipoca. Anastasia ficou pouco mais de uma hora na cidade, onde participou da feijoada promovida pelo colunista César Romero. Foi para cumprir uma promessa: no ano passado, convidado, não podendo participar do evento, que coincidiu com a convenção do PSDB, garantiu que neste ano estaria presente.
Um registro que vale pelo inusitado: foi a primeira vez em que um governador não teve de enfrentar hostilidade de grevistas, embora estejam paralisados policiais e professores reivindicando melhoria salarial.
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