Campanha pobre
Nem mesmo os mais otimistas seriam capazes de apostar todas
as fichas no cumprimento do calendário eleitoral do próximo ano. Há fortes
suspeitas de que a coincidência de interesses, a começar pelo esquema político
do governo federal, leva a uma quase unanimidade em favor da prorrogação dos
mandatos dos atuais prefeitos e vereadores.
É o que se dará se o País não conseguir sair da crise em que
se encontra; crise que coloca em xeque a governabilidade. De fato, com graves
problemas políticos, econômicos e institucionais que vão se acumulando, o
alinhamento dos muitos interesses pode resultar no adiamento, em nome dessa
falácia que é a coincidência de todos os mandatos em 2018.
Observe-se, a propósito, que se as previsões desde agora
apontam para uma campanha eleitoral cara no próximo ano, mais ainda se
considerarmos que a operação Lava Jato vai assustar e deixar temerosas as
empreiteiras, que são generosas financiadoras de candidaturas.
Um pouco melhor
Homem preocupado com a evolução da violência urbana,
principalmente em relação à gênese desse fenômeno, o juiz José Armando da
Silveira considerou, ao instalar as sessões do Tribunal do Júri deste ano, que
o dado positivo em relação a Juiz de Fora é que está sob controle um problema
que vinha preocupando: a guerra entre as gangues de bairros. Um êxito que ele
atribui à ação das polícias civil e militar.
Na sessão inaugural, no salão de conferências da Universo,
onde o júri conta com uma pauta de 80 processos de crimes contra a vida, o juiz
tem o tráfico de drogas como o mais grave agente da violência.
Cinto apertado
O principal recado da crise financeira é que não haverá
solução sem um amplo programa de controle de despesas, ainda que não saibamos
se Brasília tem ânimo suficiente para cortar na carne as gorduras do
esbanjamento, as propinas e os gastos excessivos com a mordomia oficial.
A ordem é não gastar, e isto faz sentido para os estados e
municípios. Em Juiz de Fora, o prefeito Bruno Siqueira fez distribuir em todos
os órgãos da Administração um receituário de economia, o que inclui diárias
para viagens só quando absolutamente necessárias. Breakfast nem pensar.
X do problema
Os tempos não andam bons para que o governo se debruce sobre
os grandes problemas urbanos, cujas soluções são indefinidamente adiadas. Um
deles é o congestionamento provocado pelo tráfego, situação da qual Juiz de
Fora não escapa; pelo contrário, sente que se agrava cada dia mais.
Não é sabido se os assessores da presidente já chamaram sua
atenção para o fato de que boa parte das dificuldades que sufocam ruas e
avenidas está na facilidade com que hoje se compra um carro. Infinitas
prestações oferecidas a quem não pode honrá-las depois de poucos meses de
prazer.
Nível ministerial
Por falar em assessores, conhecidos os últimos tropeços dos
ministros que cercam a presidente Dilma nas questões políticas, há quem possa
lembrar uma frase atribuída ao presidente Getúlio Vargas: “Metade do Ministério
é incapaz; a outra metade é capaz de tudo”...
País surrealista
Ao decidir devolver ao Palácio do Planalto a Medida
Provisória que pretendia alterar regras na tributação sobre empresas, o presidente
do Senado, Renan Calheiros, foi alvo dos maiores elogios por parte de seus
pares. Patriota, corajoso, defensor da autonomia do Legislativo, abraçado e
festejado, não se economizou exaltação. Não foi outro o cenário que se abriu
diante de quem acompanhou a sessão pela TV Senado dedicada à festa cívica.
Só que, na verdade, Renan estava apenas praticando uma
resposta e um desafio ao governo, pois já sabia que seu nome vinha na lista dos
políticos envolvidos no escândalo do Lava Jato.
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