terça-feira, 12 de maio de 2015


OS DOIS POLOS


Certo dia perguntaram ao então senador Aloísio Mercadante a razão de seu partido, o PT, não praticar o que havia prometido em campanhas eleitorais; quer dizer, desconhecer as muitas propostas generosamente levantadas nos comícios. Respondeu ele que a explicação é simples, e efetivamente o é: a história levou o PT a abrir mão de suas convicções para adotar as responsabilidades de governo.

Estamos diante de dois polos éticos que na política se repetem e se chocam: o pensamento, isto é, a convicção, e a responsabilidade, como já havia analisado num discurso de conteúdo filosófico outro senador, Artur da Távora. Távora, por sua vez, inspirava-se em reflexões de Max Weber, que havia deixado importante contribuição para o pensamento político no século passado.

Vale dizer: em campanha eleitoral o que se expõe é o ideal absoluto, mas ele quase sempre é inatingível no choque com a realidade. Exemplo mais recente e cruel é o caso da tarifa de energia elétrica, que a presidente Dilma prometeu em sua campanha reduzir em 11%; quatro meses depois o aumento real já passa dos 30%!

Provavelmente todos os remédios amargos que esse governo tem prescrito e os que ainda haverá de receitar seriam adotados, mesmo com doses mais suportáveis, por quem quer que a sucedesse, considerando-se que na hora do naufrágio os comandantes em pouco diferem. E não é de hoje. Joaquim Nabuco, que assistiu ao entardecer da monarquia, garantiu que nada é mais parecido com um liberal do que um conservador quando no poder.

Não é de hoje que se recomenda ao eleitor redobrar cuidados e desconfianças com o que se ouve dos candidatos. Ora, sem maiores cerimônias o presidente De Gaulle confessava que a responsabilidade pelas promessas eleitorais não é de quem as faz, mas de quem as ouve... E antes dele, bem antes dele, desanimado com as coisas que via, Alfonse Karr lamentava que em política quanto mais ela muda mais ela é a mesma coisa.


UMA CUNHA  


Coube ao deputado Lafayette Andrada apimentar a convenção municipal do PSDB no sábado, quando tentou impugnar o processo eleitoral, por considerá-lo vicioso. Criou-se um clima de tensão que nem dispensou a presença de força policial. Ele e seu grupo não tiveram como conter a facção contrária, liderada pelo presidente da Câmara, vereador Rodrigo Mattos, mas é preciso reconhecer que Lafayette conseguiu seu intento: ele instalou uma cunha no diretório e ganhou a liderança de um segmento tucano num diretório até agora vivendo um ambiente de remanso e de pouca disposição.

Convenções quentes como essa a cidade não via desde a década de 70, quando digladiavam os grupos de Sílvio Abreu e Tarcísio Delgado.


SUCESSÃO MUNICIPAL


Garantem fontes ligadas às atividades de bastidores da Assembleia Legislativa que o deputado Antônio Jorge não desistiu de seu projeto de disputar a prefeitura. Houve quem dissesse que ele teria novos e diferentes planos.

O deputado é do PPS, e em breve poderá ser animado com a possibilidade de estender ao campo municipal a esperava aliança nacional de seu partido com o PSB.


DE VOLTA


Após um longo e rigoroso tratamento de saúde, que o manteve afastado durante quase dois anos, está retornando às atividades o ex-deputado Agostinho Valente. Não na política, para a qual parece não ter planos imediatos. Seria um retorno à advocacia.


MAR ABERTO



As coisas na política nacional andam de tal forma complicadas, agravadas com a sucessão de novas denúncias de corrupção nas esferas oficiais; é tamanho o desencanto com o governo, onde sua principal base de sustentação parlamentar se fracciona sob o ímpeto da luta por favores imediatos; quando Lula, o criador, e Dilma, a criatura, içam velas para diferentes ventos, a conclusão que se chega é que a presidente já não navega mais em águas costeiras. Vem se debatendo com perigosas tempestades do alto mar.

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