Contra
os políticos
Não há protestos de rua. Então, alguns dirão que os
protestos de 2015 e de 2016 tinham por objetivo único tirar Dilma do poder, mas
isso é pouco. Outros dirão que os movimentos dos manifestantes vestidos de
verde e amarelo estão de ressaca cívica. Parece que o sentimento é de
decepção, e há um desalento enorme diante de uma probabilidade de
prosseguimento do que temos hoje.
Com a vitória do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados
pelo arquivamento do pedido de autorização do Ministério Público Federal para
que fosse investigado, deixa um sentimento estranho no ar. Parece que a direita
e a esquerda não têm mais interesse na queda de Temer. Muitos consideram que
seja melhor deixar que as eleições de 2018 resolvam a situação. Embora no
discurso a esquerda diga ao contrário. Temer está realizando algumas reformas
que os próprios petistas, quando no governo, teriam feito.
Quais as conseqüências dessa retenção de insatisfação? Pode virar
protesto em 2018. O ódio e a raiva vão perdurar até a eleição? Ou haverá algum
conflito antes disso? Nossa história registra muita desconfiança em relação ao
Congresso Nacional e aos políticos em geral. Essa desconfiança tende a piorar,
até mesmo em relação ao eventual ocupante da presidência da República.
No curto prazo o eleitor mantém na memória esse registro de como
os deputados votaram nesse 2 de agosto, mas nada garante um futuro voto de
castigo a eles. O que pode acontecer é essa frustração se expressar na próxima
eleição presidencial de alguém com um discurso populista, como o deputado
federal Jair Bolsonaro e outros, que diz que os políticos não
prestam. Vai crescer o discurso contra os políticos no ambiente eleitoral.
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