Os números do IBGE
Os números do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, ainda que meramente no campo da estimativa, deram a
Juiz de Fora 560 mil habitantes. O IBGE, diga-se de passagem, sempre foi, para
as lideranças locais, uma espécie de algoz, acusado de subestimar o volume da
gente que vive aqui, problema que, 40 anos passados, chegou a inspirar o
deputado João Navarro a criar uma CPI na Assembleia Legislativa, porque naquela
época já consternava saber que não passávamos de 300 mil. Não faltava, como não
falta hoje, a voz dos que garantiam nunca terem sido pesquisados pelos agentes
do Instituto. Portanto, censo furado... Fato é que as queixas e suspeitas
acabaram dormindo nas gavetas. O Instituto sempre se valeu de argumentos
técnicos que contrariam o bairrismo apaixonado.
Vale considerar que para os
centros urbanos com o perfil de Juiz de Fora o que pode e deve pesar é o
conhecimento da realidade projetada pela população flutuante, que no caso local
facilmente nos levaria a algo em torno de 800 mil moradores e circulantes
eventuais. Esses eventuais são os que vêm todo dia estudam, frequentam
hospitais, clínicas, shoppings e retornam às suas cidades de origem. Entre eles
até mesmo os milhares que aqui trabalham e só voltam ao emprego no dia
seguinte. Todos utilizando os equipamentos urbanos deterioráveis.
Quando um centro urbano é
reconhecido como polo referencial, como Juiz de Fora o é em relação a boa parte
da Mata e das Vertentes, seus poderes políticos ganham força e capacidade de
pressão para postular tratamento diferenciado na partilha dos recursos
tributados. A começar pelo Fundo de Participação dos Municípios, esse velho
padrasto dos prefeitos.
A percepção do problema não
está na pauta das novidades. Governos passados admitiram a necessidade de
encará-lo com coragem, mas não lograram avançar e prosperar. Foi o que
aconteceu no governo Geisel, quando se falou nas cidades-dique (e a nossa entre
elas); aquelas que mereciam ser contempladas com recursos para a realização de
obras e serviços que correspondessem à região circunvizinha em torno das que
são capazes de centralizar e atrair. Quanto a Juiz de Fora, mesmo
logo esquecida por Brasília como “dique”, a imposição das necessidades
acabou de regionalizar alguns serviços, como na Saúde, permitindo que para cá
corram populações que não dispõem de atendimento suficiente ou adequado onde
moram.
Portanto, melhor não é produzir
contestações infrutíferas sobre as qualidades do IBGE; melhor é lutar para que
os censos não levem em conta apenas os que aqui moram mas também os que aqui
passam uma boa parte de sua vida.
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