quinta-feira, 31 de agosto de 2017






Os números do IBGE


Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ainda que meramente no campo da estimativa, deram a Juiz de Fora 560 mil habitantes. O IBGE, diga-se de passagem, sempre foi, para as lideranças locais, uma espécie de algoz, acusado de subestimar o volume da gente que vive aqui, problema que, 40 anos passados, chegou a inspirar o deputado João Navarro a criar uma CPI na Assembleia Legislativa, porque naquela época já consternava saber que não passávamos de 300 mil. Não faltava, como não falta hoje, a voz dos que garantiam nunca terem sido pesquisados pelos agentes do Instituto. Portanto, censo furado...  Fato é que as queixas e suspeitas acabaram dormindo nas gavetas. O Instituto sempre se valeu de argumentos técnicos que contrariam o bairrismo apaixonado.

Vale considerar que para os centros urbanos com o perfil de Juiz de Fora o que pode e deve pesar é o conhecimento da realidade projetada pela população flutuante, que no caso local facilmente nos levaria a algo em torno de 800 mil moradores e circulantes eventuais. Esses eventuais são os que vêm todo dia estudam, frequentam hospitais, clínicas, shoppings e retornam às suas cidades de origem. Entre eles até mesmo os milhares que aqui trabalham e só voltam ao emprego no dia seguinte. Todos utilizando os equipamentos urbanos deterioráveis.  

Quando um centro urbano é reconhecido como polo referencial, como Juiz de Fora o é em relação a boa parte da Mata e das Vertentes, seus poderes políticos ganham força e capacidade de pressão para postular tratamento diferenciado na partilha dos recursos tributados. A começar pelo Fundo de Participação dos Municípios, esse velho padrasto dos prefeitos.

A percepção do problema não está na pauta das novidades. Governos passados admitiram a necessidade de encará-lo com coragem, mas não lograram avançar e prosperar. Foi o que aconteceu no governo Geisel, quando se falou nas cidades-dique (e a nossa entre elas); aquelas que mereciam ser contempladas com recursos para a realização de obras e serviços que correspondessem à região circunvizinha em torno das que são  capazes de centralizar e atrair.  Quanto a Juiz de Fora, mesmo logo esquecida por Brasília como “dique”, a imposição das necessidades acabou de regionalizar alguns serviços, como na Saúde, permitindo que para cá corram populações que não dispõem de atendimento suficiente ou adequado onde moram.

Portanto, melhor não é produzir contestações infrutíferas sobre as qualidades do IBGE; melhor é lutar para que os censos não levem em conta apenas os que aqui moram mas também os que aqui passam  uma boa parte de sua vida. 







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