A crise do PSDB
O PSDB vive mais uma
crise dentre outras da sua história nos quase 30 anos de fundação (junho
de 1988). Inesperadamente o senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do
partido, retoma a direção partidária e afasta o senador Tasso Jereissati (CE),
que ocupava interinamente a presidência. Tudo dentro das normas. A
justificativa do senador mineiro é a busca do equilíbrio na disputa pela
direção do partido agora em dezembro. Há quem acredite que Aécio age para beneficiar
seus aliados políticos, de forma que vençam as eleições internas. Tasso virou
candidato a presidente do partido, e adversário de Aécio.
Aécio ressurge das
cinzas à qual foi reduzido com as denúncias do empresário Wesley Batista (JBS)
em maio. Ele é o principal articulador do presidente Temer na Câmara
dos Deputados, conseguindo impedir que prosperassem as duas denúncias do
Ministério Público Federal contra o chefe do poder Wxecutivo. Em retribuição
Michel Temer socorre o senador aliado no Senado Federal, impedindo que ele
perdesse o mandato parlamentar. A harmonia entre Temer e Aécio tem sido
benéfica para ambos.
Aparentemente
a sigla PSDB está se desgastando. Entretanto, esse episódio poderá ser
‘uma freada de arrumação' para o partido se auto-organizar com o objetivo da
retomada da Presidência da República em 2018. Pelo menos é este o projeto do
governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que parece estar em melhores condições de
disputar o cargo, caso consiga convencer nas articulações políticas da sua
viabilidade no espectro político de centro-direita. Atualmente o quadro está
nebuloso pois o tucanos paulistas estão em conflito no próprio ninho. Com o
passar do tempo vão se acomodar, e cada um vai ocupar seu espaço próprio.
Às
vezes a crônica política dá uma dimensão aos fatos maior do que eles são na
realidade. Relembremos a história de outras siglas partidárias de grande porte
que são o PMDB e o PT. Quantas crises internas eles tiveram, e ainda têm. Os
conflitos são derivados da disputa do poder intramuros por tendências
ideológicas ou por lideranças regionais. A história do PSDB demonstra a
existência da permanente tensão entre tucanos mineiros e paulistas, e as demais
regiões do país gravitavam em torno disto, até que ocorreram as eleições de
2014. Aécio Neves como candidato a presidente demonstrou sua capacidade
eleitoral de forma inequívoca, superando a votação dos candidatos tucanos que
foram derrotados nas eleições anteriores. Com isto ele teve o reconhecimento e
o respeito da militância tucana.
O
senador mineiro retoma o protagonismo político no partido e no cenário político
atual, e é o principal aliado do presidente Temer. Não podemos duvidar da
capacidade de superação política do político mineiro (sem entrar no mérito das
denúncias que lhe foram feitas). Até o momento Aécio e Temer têm vencido as
batalhas políticas que enfrentaram, e demonstraram suas habilidades.
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