Carnaval e política
Fernando Henrique Cardoso tem feito
declarações de apoio a uma eventual candidatura de Luciano Huck à presidência
da República. Ontem, ele afirmou à Folha de S.Paulo que o apresentador de TV
tem “o estilo do PSDB”. Com esse comportamento o presidente de honra dos
tucanos desonra o governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do partido. Alckmin, que oficialmente é o plano A dos
tucanos para a eleição presidencial, tenta minimizar a situação adversa: “Não
me sinto sabotado”, disse o governador.
O apresentador, jamais acusado de ser
uma figura simpática, teria até o início de abril para se filiar a um partido
político, se quiser concorrer ao Palácio do Planalto em outubro. Huck já havia anunciado a
desistência da campanha, em novembro do ano passado. Agora poderá retomar o
projeto de candidato, estimulado por FHC.
A experiência histórica mostra que desde a
reintrodução das eleições diretas para presidente,em 1989, foram eleitos quatro
pessoas para o cargo (Collor, FHC, Lula
e Dilma), e somente dois políticos terminaram o mandato. As habilidades para
lidar com o Congresso Nacional são pré-requisitos necessários para os eleitos
governarem. Seria bom relembrar isto aos postulantes ao maior cargo político do
País.
O lançamento de candidatos 'outsiders' (fora
da política) pode significar uma carnavalização da política com ruins
consequências para o Brasil. Ocorre a banalização daquilo que é sério, a
profanação do rito democrático, e a inversão dos valores estabelecidos. Parece
uma ironia grotesca de FHC com a conjuntura política brasileira. Logo você, Fernando?
Risco
de acidentes
O advogado José Maria de Souza Ramos,
que foi um dos organizadores da Associação dos Municípios do Vale do Paraibuna,
elaborou amplo estudo sobre acidentes de
trânsito. Há dias, falou sobre o tema durante palestra no Rotary Club, para
concluir que clubes de serviço e entidades comunitárias devem se mobilizar numa
ampla campanha de conscientização dos motoristas.
Os dados referentes baseiam-se,
em particular, nas estatísticas obtidas na Zona da Mata. Mas a verdade é que
aqui, como em qualquer outra parte, as tragédias e os prejuízos materiais
resultam de imprudências e veículos não apropriados. Poucos motoristas sabem,
segundo José Maria, que os pneumáticos
sem a devida calibragem concorrem para muitos acidentes nas rodovias.
Outra causa comum de acidentes,
de acordo com dados levantados, continua sendo, principalmente na zona urbana,
o descuido em relação à distância quanto ao veículo anterior. Daí resultam 95% dos
acidentes.
O autor da exposição conclui
que melhor, e antes de tudo, é a observância dos 80 quilômetros por hora. É
meio caminho para evitar um acidente.
Fim
de linha
Relator da reforma da Previdência Social na
Câmara do Deputados, Arthur Maia (PPS-BA) apresentou, na quarta-feira, um novo
texto sobre as mudanças das aposentadorias. A votação em plenário, que era para
ocorrer dia 19, foi adiada para o fim do mês. A constatação é de que presidente
Michel Temer não tem os 308 votos necessários para a aprovação. Dificilmente
haverá a aprovação dessa proposta de emenda constitucional ainda neste ano.
Parece que a equipe econômica já não conta
mais com a aprovação da reforma. Diante de tal cenário, o governo deve focar em
outros pontos de sua agenda, como a privatização da Eletrobras e a reforma
tributária. É para manter o discurso reformista do Governo Temer, evitando-se o
surgimento de um clima sombrio de final de governo de modo antecipado.
A iminência das eleições e a falta de um forte
candidato governista a presidente também dificultam a aprovação de agenda
alternativa à reforma da Previdência. A campanha eleitoral subtrai de deputados
e senadores a vontade política de votar medidas que possam desagradar aos
eleitores.
O que se vislumbra em Brasília é um fim
melancólico do governo, que foi iniciado em 2015 com Dilma Rousseff, e em
conclusão por Michel Temer. Para corroborar com essa situação de paralisia na
agenda de reformas temos no calendário (no meio do ano) a Copa do Mundo, com a
seleção brasileira gerando expectativa de boa performance no torneio, desviando
o foco das atenções dos brasileiros.