Transcrevo Editorial do
Jornal do Brasil, edição do dia 14
O que dizem as pesquisas?
Não há muito o que cobrar e esperar das pesquisas
sobre a sucessão presidencial, quando começam a ser divulgadas; nada além de
uma certa função pendular sobre possibilidades, que, por hora, nada têm a ver
com a concretude. O que elas pretendem é mostrar o balanço do posicionamento
das peças dispostas para um jogo que, neste momento, se restringe aos gabinetes
e aos bastidores que decidem. Por hora, os possíveis candidatos chegam ou saem,
ou entram apenas para se cacifarem nas composições. Nem se poderia considerar
iniciada a corrida à cadeira em que hoje se assenta o presidente Temer. Mesmo
porque, após conhecidos os esquemas políticos que os cercam, e melhor avaliadas
as competências eleitorais de cada qual, é que vai entrar a fase seguinte do
processo, isto é, a filtragem, com a execução fulminante dos que demonstrarão
fôlego insuficiente para disparar. Por fim, virá a ordem de partir, a ser dada pelas
convenções partidárias. Tudo isso elencado para confirmar que as pesquisas,
neste momento, têm escassa competência profética.
Mas elas ocupam um espaço, cuja importância
jamais haveria de ser negada. Quando se trata de política, vão revelando capacitações
e excitam preferências. Considerados alguns detalhes e diferenças, são como o
lançamento de um produto de consumo no mercado. O que elas estão anunciando ao
”mercado” eleitoral são personalidades que se dizem capazes de corresponder aos
sentimentos e anseios da população. Um exercício que, nos últimos tempos,
conseguiu aperfeiçoar-se sensivelmente. E este é um detalhe que não deve ser
ignorado.
Aperfeiçoadas, com apoio de estratégicas
psicológicas, são raros os erros gritantes, quando revelam possibilidades e
dificuldades dos candidatos no confronto com as urnas. É o que faz crescer seu
prestígio ao se deflagrar a disputa; e quem tem parte no cenário não abre mão
de considerá-las. Em 2018 não será diferente, quando chegar o momento
conveniente.
Ressalve-se, porém, que nem por isso conseguem
escapar de contestações, muito frequentes da parte dos concorrentes que não
levantam voo e padecem em posições inferiores. Como também não faltam os que
sugerem sua eliminação nos anos eleitorais, enquanto outros, mais
condescendentes, acham que só deviam ter sua divulgação autorizada nos dez ou
quinze dias que antecedem a votação. Para esses, a limitação evitaria que as
tendências influenciassem os votos dos indecisos e daqueles que esperam as
planilhas dos pesquisadores, porque “não gostam de votar em quem vai perder”,
tendendo a optar por quem se apresenta melhor colocado nas supostas
preferências. Na Universidade de Minas Gerais, há alguns anos, realizou-se um
estudo a respeito desse tipo de eleitor, para concluir que ele tem todo o
direito de deixar-se influenciar... No caso nacional, um inconveniente a
considerar é que, quando a pesquisa aponta um franco favorito, é para ele que
correm os financiamentos, e então começa a se tornar refém de
interesses.
A legislação eleitoral brasileira nunca se
sensibilizou diante dos argumentos favoráveis à limitação de prazos para a
revelação de pesquisas, muito menos para impedi-las na véspera do pleito.
Pensam de forma diversa juízes de outros países, ao adotarem sua exclusão, ante
a necessidade de ao eleitor ser garantido tempo de sossego para refletir, antes
de decidir o voto.
Como disse um dia um POLÍTICO MINEIRO:
ResponderExcluir"Política é como uma nuvem. Agora tem uma forma e num instante seguinte, quando voltamos a olhar, já mudou de forma"
Então o que vemos agora são meras especulações...