sábado, 9 de novembro de 2024

 A pauta é política

7 novembro 2024

PDT RESSURGE
O PDT/JF ressurge das urnas com uma bancada de dois vereadores: o veterano José Márcio Garotinho, presidente da Câmara, e o novato Carlos José de Souza - Fiote, líder comunitário. Garotinho migrou para o PDT na janela partidária que antecedeu a eleição, porque no PV corria risco de não se eleger, devido à entrada de Negro Bússola, que se elegeu. Neste ano, o partido recebeu os ex-vereadores José Soter Figueiroa e Jucélio Maria, que somaram votos na legenda. Figueiroa tornou-se primeiro suplente.
Desde 2016 o partido fundado por Brizola não elegia vereador em Juiz de Fora. Mas com um passado de glórias, bastando verificar os anais da Câmara para constatar que já teve dois vereadores presidentes da Casa, o médico Eduardo de Freitas e o advogado Isauro Calais. Em 2002, o médico Sebastião Helvécio foi eleito deputado estadual, quando era vice-prefeito de Tarcísio Delgado, em seu terceiro mandato.
O vereador Garotinho lidera articulação com 16 vereadores eleitos para concorrer a mais um mandato de presidente da Câmara. Circulam especulações de que tem planos para 2026, pretendendo se candidatar à Assembleia Legislativa. Além dos palpiteiros de plantão, que o apontam como possível candidato a prefeito em 2028.

EM FOCO
É natural que atenções especiais cerquem os passos do PSB, que, em Juiz de Fora, elegeu o vice-prefeito e o mais votado entre os vereadores. Um desempenho que projetou seu comando no município para influir, em 2025, quando o partido começa a trabalhar, para, se não forem mais longe suas pretensões, indicar o candidato a vice-governador ou somar-se ao PT na disputa de uma cadeira no Senado.
Em Minas, são 22 os prefeitos que ficarão sob o comando dos socialistas; poucos em condições de medir forças com o diretório local.

HERANÇA
A disputa pela prefeitura sempre deixa, no horizonte dos derrotados, a herança de uma candidatura a deputado federal pelo PL. O que logo se confirmará com a candidatura de Charlles Evangelista, segundo lugar na recente eleição. Continuará sendo candidato natural da direita e dos bolsonaristas. Parece disposto a encarar o novo desafio, já aparecendo, nas redes sociais, para criticar e cobrar da prefeita.
Uma indagação fica com a deputada Ione Barbosa, do Avante, que também disputou em outubro, e saiu com votação aquém do esperado. Ainda não se sabe se ela tenta continuar como deputada ou se se recolhe.

DILERMANDO
Primeiro prefeito eleito, pelo voto direto, Dilermando Martins da Costa Cruz Filho, tentou, sem apoio da Assembleia, transformar o 6 de novembro em Dia Estadual do Rádio, porque, naquela data, em 1924, exatos 100 anos atrás, a Resolução 948 autorizou em Juiz de Fora, “a quem melhor vantagem oferecesse”, instalar, no Parque Halfeld, um aparelho radiotelefônico, com alto-falante. Pioneira. A história do Rádio dava seu primeiro passo na cidade. Fica o registro em homenagem à boa intenção.
ARRANJO PARTIDÁRIO
As federações surgiram para compensar os partidos em risco de rebaixamento, devido às cláusulas de desempenho (de barreira), inseridas na reforma eleitoral. Um arranjo partidário, espécie de "gambiarra", que não atraiu muitos partidos nas composições de 2022. Estabelecia-se a obrigação de os entes federados permanecerem por quatro anos. No meio do caminho, uma eleição municipal.
Num país continental, como o nosso, interesses políticos regionais sobrepõem-se aos nacionais, acarretando resistências de adesão ao arranjo federativo; resistências das legendas maiores, despreocupadas com o risco de serem rebaixadas.
Agora, a expectativa para 2026 é de uma reavaliação das federações; e, talvez, a adesão de outras legendas a esse modelo. Caso elas permanecerem (e se ampliarem), poderá o quadro político deixar de ter a atual representação pluripartidária nas instâncias de poder, e, por consequência, surgindo um novo ( e duvidoso) cenário para a democracia brasileira.

ABSTENCIONISMO
“Devemos estudar bem o abstencionismo. Gianfranco Pasquino, que tem um ensaio sobre esse fenômeno, publicado pela Universidade Nacional de Brasília, mostra que o estudo a respeito não é obra custosa. “Pode-se dizer que os abstencionistas têm, do ponto de vista sociológico, características relativamente definidas”. Neste particular, as fortes diferenças programáticas até contribuem para diminuir o abstencionismo, um ótimo dado para que sobre ele estejam debruçados os artífices dos programas partidários, onde, em geral, promete-se o que não vai ser feito… Outra observação conclusiva de Pasquino, que se ajusta nesse monte de Ps que temos, mais de 30: “a explicação talvez mais convincente é que, onde os partidos estão mais organizados, capilarmente presentes e muito ativos, a taxa de abstencionismo mantém-se moderada”.
É ainda a esse autor que se recorre: as eleições, no Brasil, podem correr o risco de caírem num “abstencionismo crônico”. O que seria péssimo.



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