quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

PMDB faz dupla ameaça

Os ressentimentos políticos, que no passado se manifestavam cuidadosa e discretamente, agora o PMDB faz às claras. Em Minas, descontente por não ver alguns dos seus convidados para o primeiro e segundo escalões da presidente Dilma, o partido anuncia que está retirando seu apoio, decisão que pode ser confirmada antes mesmo da tentativa de pacificação que se espera do vice eleito, Michel Temer.
Feita a primeira ameaça, veio a segunda: os peeemedebistas podem correr para o governador Antônio Anastasia. É um embaraço, porque em Minas o governador já tem as muitas postulações dos aliados, não sobrando espaços para adesões pós-eleitorais. Ainda mais, sabendo-se que o PMDB não é de se contentar com pouco.

Hélio Costa
Sobre as relações do partido com o futuro governo há um caso particular, o senador Hélio Costa, que disputou o governo de Minas, trabalhou para sustentar um palanque único para Dilma, mas sua lealdade a esse projeto não teve a correspondência do PT. O partido de Lula não entrou na campanha de Hélio. O PT mineiro ficou lhe devendo um reparo e Dilma um desagravo.


Senador deve ter suplente?

A discussão é bem antiga, mas faz 15 anos que surgiu no Congresso o primeiro projeto que pretendeu, e ainda pretende, extinguir o senador suplente, figura perfeitamente dispensável em se tratando de eleição majoritária. Em rigor, na substituição ou sucessão do titular quem deve ser convocado é o segundo na escala dos mais votados.
Como o critério contempla a suplência, dá-se que, na maioria das vezes, o suplente é um desconhecido que ascende ao Senado sem ser dono de votos. Nesses últimos anos, 40 deles exerceram o cargo, alguns em caráter definitivo.
Ontem, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) protestou contra a demora do Congresso em corrigir discrepância tão evidente.


(in memoriam)

Mello Reis no Congresso

Muitas pessoas manifestaram interesse em conhecer o discurso que o deputado Vítor Penido acaba de pronunciar no grande expediente da Câmara, em memória do ex-prefeito Mello Reis, que faleceu no mês passado. O deputado leu com emoção e, ao final, foi muito aplaudido. Nem todos puderam ouvi-lo pela TV Câmara, que transmitiu ao vivo. Para os que se interessam, é o seguinte o texto do discurso:


Senhor Presidente,
Senhores Deputados


Venho a esta tribuna para comunicar à Casa que em Minas, particularmente em Juiz de Fora, estamos vivendo um momento sombrio, de profunda tristeza, com a morte do eminente homem público Francisco Antônio de Mello Reis, operoso e revolucionário prefeito daquela cidade da Zona da Mata, depois secretário de Estado no Governo Hélio Garcia, e, nesta Casa, deputado e Constituinte em 1988. Pretendo registrar apenas alguns dos muitos e inestimáveis serviços que ele prestou a nós, mineiros, mas certamente poderia me alongar na citação dos trabalhos que promoveu ao longo de meio século dedicado ao seu povo. Em Brasília, ele também esteve como operoso colaborador da Novacap, nos tempos em que ela mais precisou de homens daquela têmpera para se consolidar.
Na Câmara dos Deputados, haverão de se lembrar muitos dos veteranos pares que nos honram com sua atenção nesta tarde, Mello Reis deixou lições de sobriedade nas palavras e na sabedoria que inspirava seus votos em Comissões Permanentes. Mostrou-se adversário dos radicalismos, que nunca fizeram parte de sua índole mineira. Diga-se, em nome da justiça: Ele foi neste plenário, como em todos os lugares por onde passou, a imagem irretocável da temperança, da fidalguia e da total dedicação às causas que lhe pareceram justas e do interesse do povo.

Este registro - devo dizer – se é necessário para os anais da Câmara, vale igualmente como intérprete de nossas sentidas condolências aos juiz-foranos, em particular à senhora Vera Lúcia Mello Reis, a esposa dedicada, amorável, solidária e corajosa, que jamais lhe negou o carinho e a dedicação nos grandes momentos e no transe da enfermidade, que, por fim, acaba de abater seu ilustre esposo.

Senhor Presidente,
Senhores Deputados.

Francisco Antônio de Mello Reis, no seus 73 anos de vida, foi uma das mais importantes figuras da História recente de Juiz de Fora. Com militância política que já vai emcontrá-lo, nos anos 60, na Faculdadde de Filosofia, presidiu o diretório acadêmico, e cedo se imporia pela discussão partidária e pelo conhecimento dos problemas da cidade. Tornou-se referência para os polemistas, principalmente quando entrou nas campanhas eleitorais, disputando pela Arena, partido que então apoiava o regime militar. Por esse partido estigmatizado pela oposição, foi vereador e depois prefeito, fenômeno naquela época conseguido apenas em duas grandes cidades: Juiz de Fora e Campinas. Na acirrada disputa pela prefeitura, em 1977, Mello Reis prometia o que haveria de cumprir: um novo tempo de desenvolvimento econômico. Nesse particular, a campanha que encetou pelas ruas e bairros da cidade que tanto amou obteve a simpatia até do presidente Ernesto Geisel, que não era afeito a manifestações dessa natureza.
A quem se der à missão de estudar a história administrativa daquele muncípio nas três últimas décadas logo identificará, como ponto saliente, sua passagem pela prefeitura, que durou seis anos, por força da prorrogação dos mandatos. Essa passagem caracterizou-se pelo conhecimento detalhado dos problemas da época, que, se tinham a dimensão dos investimentos na indústria pesada, não ignoravam os problemas do dia a dia de um bairro distante. Mas ele era, sobretudo, o homem arrojado, como demonstrou no aval que assumiu, em nome do município, no valor de 250 milhões de dólares, para viabilizar a implantação da Siderúrgica Mendes Júnior, hoje Arcelor-Mitral. Lance dessa dimensão reeditaria, mais tarde, como secretário de Indústria de Minas, ao conseguir conversão de dívidas consolidadas do Estado para obras de infraestrutura que permitiram a implantação da montadora Mercedes Benz, hoje um dos principais instrumentos de desenvolvimento econômico da região.
É indispensável incluir neste registro o fato incontestável de que em Juiz de Fora, antes e depois de Mello Reeis, nunca se ousou tanto nos setores viário e de transporte coletivo.
Foi o homem que gostava de pensar longe. É o que explica esse fenômeno que se observa na cidade: hoje, mais do que ontem, seus munícipes o admiram e reverenciam sua memória; amanhã e sempre, mais do que hoje, haverão de lhe devotar o mesmo amor que ele dedicou à cidade durante toda a vida operosa e virtuosa.
Vou encerrar, Senhor Presidente, não sem antes reafirmar que este registro fúnebre um dever doloroso que acabo de cumprir, como mineiro e como admirador desse notável mineiro. Morreu Mello Reis. Minas ficou mais pobre.


Notas

1 – Há queixas dos usuários: dos quatros elevadores do Pam Marechal três estão com problemas e desativados. O prédio é sede de vários consultórios médicos da Previdência. As dificuldades maiores ficam por conta dos portadores de deficiências físicas.

2 – No Parque Halfeld, operários da prefeitura começaram a trabalhar na correção das onduções da calçada, provocadas pelas raízes das árvores que estufam. Por que pararam?
São incontáveis os casos de pedestres que tropeçaram nessas ondulações e saíram feridos.

3 - A decoração iluminada do Theatro Central, inaugurada com show de Beatles Forever e um espetáculo pirotécnico, tornou-se possível com o apoio do presidente da Cemig, Djalma Morais, como acentuou o professor José Alberto Pinho Neves, que comanda a cultura na Universidade Federal.

4 - As agências de turismo fecham o ano revelando que a preferência por Buenos Aires não apenas superou as viagens para outras capitais do Exterior, mas também para os grandes centros do País. Até Salvador perdeu desta vez para os argentinos.


Um comentário:

  1. Caro Wilson
    As falas do deputado federal Vítor Penido fazem justiça ao ex-prefeito Mello Reis. Infelizmente, sua própria cidade não. Juiz de Fora ainda lhe deve reconhecimento proporcional à sua obra. Não tivesse a política local se amesquinhado tanto, tal reconhecimento teria sido feito há muito tempo.

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