Ainda que distantes as eleições, sem que se saiba exatamente quem vai disputá-las, nada impede que se elejam, desde já, alguns dos mais importantes temas para figurar na campanha dos candidatos, principalmente os que têm os olhos voltados para a prefeitura. A cidade vive uma quadra de desafios, e um deles é conferir prioridade a programas que contemplem a qualidade de vida da população. Quanto a isso, é preciso que os partidos e as entidades que cuidam do interesse público exijam dos candidatos projetos claros e compromissos solenes. Quem deseja chegar à prefeitura tem obrigação de tratar disso com seriedade, sem discursos vazios e palavrório inútil. (É bom desmentir o velho chanceler Otto von Bismarck, para quem as mentiras enganadoras são comuns durante campanha eleitoral e depois de uma pescaria...)
É preciso que venham ao debate os caminhos para se retomar a qualidade de vida, que veio se perdendo nos últimos tempos, a não ser a chegada da assistência médica aos bairros. O cotidiano atesta que é preciso fazer algo mais, por exemplo, em relação às filas de ônibus, como na Getúlio Vargas, onde em determinadas horas os usuários são como vítimas de guerra em fuga desesperada. Ou, em outras ruas e avenidas, onde as calçadas já são insuficientes e os pedestres vão para o asfalto disputar espaço com os carros. Isto, para não se falar dos corredores de hospitais, das cozinhas das lanchonetes onde a fiscalização não passa, da mendicância que substitui o trabalho e a assistência.
Na atual administração constata-se acentuado avanço na implantação de indústrias na Zona Norte. A produção industrial, necessária e desejável, traz riquezas, mas também cobra respostas e resultados, para não se tornar fator de esgotamento dos serviços urbanos.
Rei morto
O secretário de Regularização Fundiária, Manoel Costa, afastado do cargo depois que a Polícia Federal identificou graves irregularidades no setor, está no centro das responsabilidades, e procura se defender como pode. Ainda agora, lembra um dado que lhe parece importante, em nome de pretensa inocência: diz que era membro da equipe de Itamar Franco, o que pode ser referência, mas não suficiente para absolvição de véspera.
Como está morto, Itamar não pode socorrê-lo, ainda que merecesse.
As alianças
O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, tem sido citado como eficiente produtor de alianças em seu projeto de reeleição. Já conta com sete legendas para a sua campanha. Mas nessa coleção, mesmo sem julgamento de méritos ou a força dos partidos envolvidos, em Juiz de Fora o prefeito Custódio Mattos, que também vai tentar um novo mandato, faz mais que Lacerda, pois já pode listar uns dez que vão apoiá-lo.
As alianças nem sempre têm papel decisivo na vitória, mas tornam-se danosas quando estão com o adversário.
Outros voos
Começa uma semana que promete intensa migração entre os partidos que vão entrar na campanha eleitoral de 2012. O prazo para filiação dos candidatos termina no dia 7, e quem pretende mudar de sigla já não pode esperar muito mais.
No fim de semana, entre outras filiações, o ex-presidente do PSB, José Carlos de Paula, ingressou no Partido dos Trabalhadores, como parte do poder de atração do ex-vereador Juraci Scheffer, que já estava estava entre os petistas.
Surrealismo
Nada que possa escandalizar a quem acompanha as articulações partidárias para a construção das chapas de candidatos a vereador: os partidos renegam os pretendentes com poder de voto já testado, mas preferem os mais fracos, com votação mediana e despretensiosa, capazes de ajudar a eleger alguns favoritos, e que não vão além desse papel auxiliar. É um esquema cruel, mas comumente praticado.
Ainda agora, é sabido que grandes partidos têm recusado a filiação de Vanderlei Tomaz, não por ser pobre de votos, mas por ser bom de voto. Na última eleição ele teve 3.500. Pode parecer estranho, mas candidato forte não interessa.
Pelo dedo
Há quem não acredite que seja possível, mas o TSE quer chegar a maio do próximo ano com 10 milhões de eleitores brasileiros identificados biometricamente, tornando para eles dispensável o título e, em consequência, criando-se mais um obstáculo para a fraude. Essa segunda intenção se confirma com o objetivo do Tribunal de priorizar a modernização do sistema a partir de pequenos colégios eleitorais, que são os mais susceptíveis a fraude.
Para que se admita a biometria é preciso recadastrar todos os eleitores. Em Minas vão ser chamados os de Itaquara, Itapeva e Montezuma.
(( publicado também na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))
Boa noite,
ResponderExcluirAcompanho seu blog com muito gosto em ter acesso aos principais insight da política em nossa cidade, diariamente. Acompanhando seu trabalho desde o extinto tablóide do Omar..
Gostaria, no entanto, de um e-mail seu para que eu possa estar em contato direto com você, é possível?
meu e-mail é sukyss@gmail.com , aguardo contato.
Grata.