domingo, 13 de novembro de 2011

Dúvidas no Ministério

Para os principais observadores políticos, quando dezembro chegar, e não falta muito, a presidente Dilma terá alinhavado as mudanças no primeiro escalão de seu governo. E não seria sem tempo, porque a expectativa de todos é que ela entre no ano novo com o Ministério reorganizado. Ela precisa disso.
Mas essa tarefa é cercada de dúvidas e vai exigir cuidados. O primeiro problema, logo aventado, é que os que foram chamados a assumir interinamente, na vaga dos ministros antecessores, estão gostando do cargo e gostariam de se efetivar.
Outra questão é a compensação aos partidos, pois eles não se mostram satisfeitos apenas em repor um dos seus; querem mais cargos, alegando que se agastaram na onda dos escândalos. E nem sempre esse postulado coincide com as intenções do governo de ampliar a base de apoio, que planeja a entrada de gente nova no poder.
A presidente ainda tem mais um desafio: os seis ministros corruptos eram gente do ex-presidente Lula, o que ela tolerou com forte dose de boa vontade. Agora, chegado o momento de convocar sua gente, ela sente que não pode errar.



Na intimidade da campanha

Nesta semana o Ministério Público e os agentes federais aprofundam as investigações em torno das atividades do Instituto Cidade, que tem tudo a ver com o programa Segundo Tempo do Ministério dos Esportes; e que tem tudo a ver com o PCdoB; que, por sua vez, promoveu uma campanha eleitoral de grandes gastos em Juiz de Fora. Nesse entrelaço, quem pode ganhar informações importantes é o Tribunal Regional Eleitoral e são os políticos, que até agora não haviam compreendido como os comunistas (sic) da cidade tiveram tanto dinheiro para gastar na campanha do ano passado, centrada na candidatura a deputado federal de Wadson Ribeiro, um dos principais assessores do ex-ministro Orlando Silva.
Dessas combinação de interesses resultou que o PCdoB teve a melhor central de campanha, ocupando um galpão que se estendia da Avenida Rio Branco à Rua Mariano Procópio. Contou com a maior mobilização de pessoal, o que acabou dando a Wadson Ribeiro 20.700 votos.
Detalhes interessantes da campanha em Juiz de Fora estão nas gavetas do deputado João Leite, que pediu as investigações.



Estradas fechada

Em ano eleitoral, certamente não ficaria bem para o governo federal e para os candidatos de sua preferência saber que uma obra da importância da BR-440 foi interrompida por causa de irregularidades detectadas pelo Tribunal de Conta da União; ainda mais quando se sabe que sua conclusão, permitindo a interligação das rodovias BR-040 e BR-267, seria parte dos discursos de campanha. É com tal preocupação que agentes políticos vão trabalhar para que o Tribunal analise logo o que pretende analisar, faça as recomendações que julgar necessárias e autorize a retomada das obras.
Pelo menos – é a intenção - que se removam os óbices relativos à questão ambiental, o que bastaria para a volta das máquinas.


Articulação regional


O que tem acontecido com os grandes projetos industriais que não se viabilizam em Juiz de Fora por falta de terrenos nas dimensões necessárias? Retiram-se para outros estados, como ocorreu com a Comil, destinada a montagem de caminhões. Precisava de cerca de 1,5 milhão de m2, não os encontrou, e foi para Lorena, no interior de São Paulo.
Quando isso se dá, ideal seria que os municípios vizinhos demonstrassem capacidade de articulação e se oferecessem para sediar esses projetos, alegando para tanto, sem tergiversar, que, além de disporem do espaço que não foi possível obter em Juiz de Fora, oferecem, aproveitando do vizinho maior, toda a estrutura de serviços sociais. Estariam nesse caso, por exemplo, Matias Barbosa e Coronel Pacheco. Mas tudo dependente de articulação.


Campanha de uso

Três anos depois de ter sido concluído, o Expominas de Juiz de Fora é tema de uma campanha promocional, que tem como objetivo ampliar sua utilização para exposições, congressos e feiras. A campanha insiste em dois pontos: é a maior área da Zona da Mata de que dispõem empresários do estado para mostrar sua produção num ponto muito próximo de Belo Horizonte e Rio. E, sobre outras excelências da cidade, informa a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais: é uma cidade, das mais importantes de Minas Gerais, que conta com estrutura hoteleira completa, bons restaurantes, trânsito fácil e baixo custo na realização de eventos e relacionamento com a cultura regional.


Tiro de misericórdia

Quando chegou o fim de semana, havia indícios de que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, encontrara um pouco de oxigênio para respirar, depois do intenso bombardeio provocado pelas denúncias de corrupção. Mas duraram pouco, e os novos indícios que surgiram podem ser o tiro de misericórdia que não passa desta semana; até porque o ministro diz que só baleado é que deixaria o cargo.
Pelas segunda vez, as denúncias contra o Ministério chegam a Minas. A primeira, envolvendo o Instituto Cidade, de Juiz de Fora. A segunda, que acaba de chegar, fala em comércio fraudulento de carteiras de Trabalho, e gentilezas de R$ 2 milhões com uma ONG do ex-deputado Carlos Pimenta.



A nossa República


A comemoração da República é no 15 de novembro, mas para Juiz de Fora, em rigor, seria no dia 16, como conta a História. No dia da proclamação a cidade nada soube, pois estava às voltas com os grandes problemas deixado por um terrível aguaceiro acompanhado de granizo, e um dos estragos foi a destruição do telégrafo. Estávamos isolados, e só no dia seguinte ficaríamos sabendo do que havia acontecido na Corte.
Mesmo com atraso, houve muita festa no dia 16, o que hoje, olhando para trás, causa espanto, pois Juiz de Fora era a “menina dos olhos” do Imperador Pedro II, que sempre a contemplou com as maiores realizações, e aqui esteve três vezes. Mais que a adesão ao novo regime, assusta a velocidade dos adesistas, promovendo festas que vararam as madrugadas, bebedeiras no Café da Imprensa (onde hoje está a Livraria Leitura), bandas, marche aux flambeaux e discursos inflamados do vereador Fonseca Hermes, de Pedro Henriques e Ernesto Braga. E até aconteceu a criação da Governadoria de Juiz de Fora, que desacatava todas as ordens do Império. Essa Governadoria, chefiada por Azarias José de Andrade, foi orientada por Fernando Lobo. A bajulação chegou à mudança imediata de nomes de ruas que lembravam Dom Pedro, como Imperatriz e Imperador.


((publicado também na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

Nenhum comentário:

Postar um comentário