Para dialogar
Esta é
uma semana em que o prefeito Bruno Siqueira, retornando de sua viagem
ao exterior, deve iniciar a avaliação do quadro político que se formou a
partir das eleições; e, com os dados que obtiver, traçar os rumos dos
dois anos que restam à sua gestão.
No
estado, ele conta com a interlocução do vice-governador eleito, Antônio
Andrade, com quem sempre teve boas relações. Ao mesmo tempo, dispõe de números
que podem ajudá-lo a ter trânsito em Brasília, recorrendo ao quadro de votação
de domingo passado: dos 500 mil votos que deram preferência a Dilma em Minas
15% foram de Juiz de Fora. É uma contribuição expressiva.
Ainda com
base nos ajustes, especula-se que algumas secretarias poderão ter novos nomes
proximamente.
Sem plebiscito
Durou
pouco, nada além de algumas horas, o ânimo da presidente Dilma para a
convocação de um plebiscito, no qual os brasileiros seriam chamados a definir o
conteúdo da reforma política. Desistiu, pelo menos por algum tempo, porque os
resultados das urnas não foram suficientes para que encarasse uma empresa desse
vulto. De fato, ela não pode desconsiderar que passa a governar um País rachado
ao meio; portanto, vulnerável a polêmicas mais acaloradas.
Mas,
antes mesmo, é preciso continuar reagindo a essa proposta, venha quando vier,
porque não se pode admitir que matéria dessa importância, tão complexa,
o governo queira definir com os votos do vasto curral eleitoral que criou com o
Bolsa Família, cujos beneficiários,ficou agora comprovado, votam sob cabresto.
Já se
disse repetidas vezes, a esse propósito, que a reforma política é natural
atribuição do Congresso Nacional, onde tramita há quase 20 anos. Foi estudada e
discutida à exaustão. Sugerir agora um plebiscito é criar regras depois do
jogo começado; a dar ao governo, de novo, as urnas nordestinas que
controla com um programa assistencial primário.
Não é pra esquecer
Os
ressentimentos e as frustrações dos derrotados, ao lado das alegrias dos
vitoriosos, todos sem saber exatamente qual o futuro deste País, não autorizam
que fique relegada a segundo plano a realidade que a eleição presidencial acaba
de traçar: o Brasil está rachado ao meio, tendo como divisória com um pequeno
naco sustentado em tênue favoritismo da presidente Dilma a indicar que de fato
moramos em países diferentes. O Nordeste nada tem a ver com o Sul, e a
recíproca é verdadeira. A pátria de Aécio não é a pátria de dona Dilma. Seus
eleitores são diferentes, têm outra visão da nacionalidade, contrastam no julgamento
das coisas temporais.
O que nos
deve unir, ausentes outras razões significativas, é apenas a certeza de
que estamos divididos e distantes. E se falamos um mesmo idioma,
reconheçamos que ele é insuficiente para a compreensão da nacionalidade.
Há um Brasil da Bahia pra cima e outro
Brasil da Bahia pra baixo.
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