A
FALÁCIA ESTÁ EM JOGO
A história se repete. Toda vez que o governo
está em apuros com a indigência financeira; quando já escasseiam as fontes de
recursos, vem a ideia de reabertura dos cassinos, na vã esperança de que a
febre das roletas lhe dê, pela via dos impostos, o dinheiro que os economistas
oficiais não sabem mais de onde tirar. O governo devia esquecer de vez essa falsa
expectativa, e tem razões de sobra para tanto, bastando lembrar o exemplo de
casa: os sorteios diários dos jogos administrados pela Caixa Econômica
representam o maior cassino eletrônico do mundo; e o Brasil e os brasileiros em
nada melhoraram com isso.
Inúmeras são as falácias que cercam os argumentos
dos defensores dos jogos de azar. Dizem que os cassinos abrem oportunidades de
emprego. Para quem? Garçons e artistas? Mas eles já têm seu mercado de trabalho
nos restaurantes, bares e casas de shows em todo o território nacional. Na
verdade, ao contrário, acontece de se perderem muitos empregos, pois há
empresários jogadores que destroem fortunas sobre o pano verde. E pagam o
desvario fechando as portas de suas empresas.
Pior ainda quando se espera que os cassinos
aumentem as fontes de impostos. Todos sabemos que a roleta e o dado sempre
foram amigos generosos dos sonegadores. E para eles até lavam dinheiro do
crime.
Em “O Jogador”, Dostoievsk, fala da vertigem do
ganho e da febre da perda, para concluir que em relação a esses nada se pode
invocar a seu favor e não ser o favor do desfavor dos deuses. Portanto, para um
País afundado como o nosso, que põe na rua l.000 desempregados por dia, com os
cofres vazios, é brincadeira de mau gosto esperar solução na jogatina
permitida.
(A alergia de Rui Barbosa pelo jogo de azar
ainda vale para nossos dias: “Permanente como as grandes endemias que devastam
a Humanidade, furtivo como o crime, o jogo zomba da decência. Alcança o
requinte de suas seduções as alturas mais aristocráticas da inteligência, da riqueza
e da autoridade).
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