domingo, 11 de outubro de 2015




A FALÁCIA ESTÁ EM JOGO 



A história se repete. Toda vez que o governo está em apuros com a indigência financeira; quando já escasseiam as fontes de recursos, vem a ideia de reabertura dos cassinos, na vã esperança de que a febre das roletas lhe dê, pela via dos impostos, o dinheiro que os economistas oficiais não sabem mais de onde tirar. O governo devia esquecer de vez essa falsa expectativa, e tem razões de sobra para tanto, bastando lembrar o exemplo de casa: os sorteios diários dos jogos administrados pela Caixa Econômica representam o maior cassino eletrônico do mundo; e o Brasil e os brasileiros em nada melhoraram com isso.

Inúmeras são as falácias que cercam os argumentos dos defensores dos jogos de azar. Dizem que os cassinos abrem oportunidades de emprego. Para quem? Garçons e artistas? Mas eles já têm seu mercado de trabalho nos restaurantes, bares e casas de shows em todo o território nacional. Na verdade, ao contrário, acontece de se perderem muitos empregos, pois há empresários jogadores que destroem fortunas sobre o pano verde. E pagam o desvario fechando as portas de suas empresas.

Pior ainda quando se espera que os cassinos aumentem as fontes de impostos. Todos sabemos que a roleta e o dado sempre foram amigos generosos dos sonegadores. E para eles até lavam dinheiro do crime.

Em “O Jogador”, Dostoievsk, fala da vertigem do ganho e da febre da perda, para concluir que em relação a esses nada se pode invocar a seu favor e não ser o favor do desfavor dos deuses. Portanto, para um País afundado como o nosso, que põe na rua l.000 desempregados por dia, com os cofres vazios, é brincadeira de mau gosto esperar solução na jogatina permitida.

(A alergia de Rui Barbosa pelo jogo de azar ainda vale para nossos dias: “Permanente como as grandes endemias que devastam a Humanidade, furtivo como o crime, o jogo zomba da decência. Alcança o requinte de suas seduções as alturas mais aristocráticas da inteligência, da riqueza e da autoridade).



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