PARTIDOS FICTÍCIOS
As últimas horas vêm sendo tomadas por
informações sobre encontros e consultas entre lideranças partidárias a
propósito das próximas eleições municipais. Um fato confirmado, mesmo
considerado que as urnas estão distantes. No último fim de semana, com tal
objetivo, veio à cidade o secretário de Governo da prefeitura de Belo
Horizonte, Vitor Valverde, antigo secretário na Administração Custódio Mattos,
e que desde o ano passado vem galgando na capital posições que o inserem como
voz e voto nessas reuniões.
É preciso, contudo, que se considere o fato de a
referência aos partidos não quer dizer que estão entrando no jogo as ideias e
suas propostas programáticas, algumas delas antigas de meio século. Quando se
fala em partido, diante da realidade atual da cidade e do Brasil inteiro, a
questão em tela é o tempo em rádio e televisão de que vão dispor durante a
campanha de prefeito. E quem decide e determina são os dirigentes.
Os projetos de campanha visam a soma dos
segundos e minutos que a representação parlamentar vai destinar a cada uma das
legendas, onde as executivas estaduais e municipais cuidam do assunto a peso de
ouro e de prestígio.
Considerando-se que os partidos se submetem a
esse papel ideologicamente pobre, embora rico em influência política junto aos
eleitos; sabendo-se que descuidam de suas bases e só se lembram dos filiados
quando é preciso convocá-los ao voto em convenção, o que se dá é que as
decisões no ano eleitoral continuam vindo de cima para baixo. Invariavelmente.
Poucas pessoas decidem e são elas que determinam se haverá ou não apoio a
determinado postulante. Depois que decidem, o partido entra figurativamente com
suas letrinhas. Isto posto, constata-se facilmente que certos dirigentes, que
na verdade são muitos, passam a vida negociando os minutos de propaganda
gratuita que de dois em dois anos o TRE determina para seus partidos, e só para
isso vivem e sobrevivem.
Um segundo em TV quanto valerá em campanha
eleitoral no próximo ano? Certamente muito mais que a inserção comercial em
qualquer telejornal de grande prestígio.
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