quinta-feira, 3 de novembro de 2016






A nova gestão


Após breve descanso, depois de ter pedido uns cinco quilos para os compromissos de campanha, o prefeito Bruno Siqueira começa a mexer as peças políticas para a formação do primeiro e segundo escalões da administração. É certo que haverá remoções, mas não tantas como se imaginava. Ele já insinuou que a maioria dos secretários permanecerá, num processo de escolha de titulares agora facilitada, porque os adversários no primeiro turno não lhe deram apoio na segunda rodada nem lhe transferiram votos; portanto, nada a reivindicar nem a atender. O que não o impede de fazer consultas.

Mas os desafios que o resultado das urnas impôs aos prefeito vão além da escolha de nomes. Ele também é chamado a intensificar e aprofundar contatos políticos em Brasília e Belo Horizonte, em busca de apoio financeiro para seu plano de obras, já sabendo que terá pela frente o argumento de que os cofres federais e estaduais padecem de indigências. Não há dinheiro, muitos dirão. Mas em relação ao governo federal , Bruno poderá apor, contra-argumentando, que ambas, Juiz de Fora e Brasília, estão confiadas ao PMDB, e essa natureza partidária pode servir para alguma coisa. Aliás, não deixa de ser oportuno lembrar que o fato de ser candidato do PMDB contribuiu para cassar alguns votos de Bruno, como se sentiu na campanha, porque seu partido, depois de ter sido pedra contra o PT, agora faz o papel da vidraça...)  




JF na Proclamação (I)
 

Não falta com a verdade quem identificar desânimo nas políticas de ensino, seja nos colégios ou nas instituições superiores, quando se trata de aprofundar o conhecimento da mocidade sobre a gênese da República, o que ela representou ou pretendia representar para a sociedade brasileira, bem como os conflitos que a antecederam ou a ela sucederam. Poder-se-ia dizer, ainda sem risco de ofender a realidade histórica, que para muitos a República nada mais foi que o fim de um imperador e o início da era dos presidentes. Entendemos que há muito mais que uma sucessão de regimes. Mas os últimos anos foram contribuindo, à medida em que passavam, para revelar nuances, detalhes documentais e subterfúgios que impõem aos historiadores novas reflexões sobre os pioneiros republicanos na cidade.


O embarque apressado da Família Imperial e o golpe no Campo da Aclamação não esgotaram em si mesmos as repercussões dos dois graves episódios. Talvez apenas como fato de difícil contestação temos a personalidade de estadista de Dom Pedro II, um perfil que, lamentavelmente, não teria imitadores, muito menos similares entre os governantes que o sucederam; uns mais outros menos, mas nenhum com a grandeza pessoal do Imperador, que tinha entre suas responsabilidades o exercício do Poder Moderador e a preservação de valores maiores da nacionalidade. Na República nem uma coisa nem outra: o presidente nada modera, porque é ele próprio resultado de conflitos eleitorais e, quando muito, representa valores e interesses de seguimentos, ainda que majoritários.





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