Lições da grave crise
Com
o aprofundamento das investigações da Lava Jato e a prisão de alguns dos homens
mais poderosos deste País tornam-se frequentes os temores de que essa operação
da Polícia Federal acabe se esgotando e falindo, não pelo poder dos que já
estão presos, mas principalmente pelo poder dos que, fora das celas, encontrariam fórmulas para calar o juiz Moro
e tirar a PF de circulação. O temor faz sentido, porque são muitos os poderosos
que se sentem ameaçados; e com razão, pois sabem que têm contas a ajustar com
os tribunais. Não seria prudente desmerecer a capacidade de articulação dos
grandes bandidos, principalmente quando é certo que ainda são preciosos os
instrumentos de pressão de que dispõem.
Para
tanto, basta uma breve reflexão: a Lava Jato vem escalando os graus da
investigação e das prisões. Começou atormentando deputados sem expressão e
atravessadores de reduzida influências, subiu para senadores, ministros, depois
diretores da Petrobras, agora chega a dois ex-governadores. Nessa toada, a
operação, em ascensão, em breve chegará ao pico da pirâmide, onde se aloja o
supremo poder.
Mas,
para consolo geral, resta saber que a caça aos criminosos chegou a tal ponto,
tão solidamente aplaudida pela sociedade, com respaldo da repercussão
internacional, que um simples abrandamento da ação policial e da justiça seria
a desmoralização total das instituições, mesmo que hoje combalidas e
desprestigiadas. Não há como retrocederem o juiz Moro, o Ministério Público e o
Supremo. É preciso continuar e levar o caso até o fim, seja qual for o preço
político que se tenha de pagar. É a primeira lição.
A
segunda lição é que a sociedade brasileira precisa contar com uma estrutura
jurídica mais severa para cuidar de quem agride o bem público. A cadeia não
pode ser generosa com esses criminosos. Não faz sentido um sujeito assaltar
escandalosamente, reincidir, roubar ou ajudar a roubar milhões e milhões de
reais, e acabar com uma pena de dez anos de prisão rapidamente reduzidos para
quatro e terminar em alguns meses de tornezeleiras em mansão construída com
dinheiro de assalto aos cofres públicos.
Terceira
lição, e esta não para os criminosos, mas para o eleitor que os contempla com o
voto. É essencial aprender a votar. Tomemos como advertência o eleitor carioca,
que, apesar de representar o principal centro cultural do Brasil, ainda se
sente atraído a votar em gente como Cabral, Garotinho e coisas semelhantes.
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