sexta-feira, 18 de novembro de 2016






Lições da grave crise 


Com o aprofundamento das investigações da Lava Jato e a prisão de alguns dos homens mais poderosos deste País tornam-se frequentes os temores de que essa operação da Polícia Federal acabe se esgotando e falindo, não pelo poder dos que já estão presos, mas principalmente pelo poder dos que, fora das celas,  encontrariam fórmulas para calar o juiz Moro e tirar a PF de circulação. O temor faz sentido, porque são muitos os poderosos que se sentem ameaçados; e com razão, pois sabem que têm contas a ajustar com os tribunais. Não seria prudente desmerecer a capacidade de articulação dos grandes bandidos, principalmente quando é certo que ainda são preciosos os instrumentos de pressão de que dispõem.

Para tanto, basta uma breve reflexão: a Lava Jato vem escalando os graus da investigação e das prisões. Começou atormentando deputados sem expressão e atravessadores de reduzida influências, subiu para senadores, ministros, depois diretores da Petrobras, agora chega a dois ex-governadores. Nessa toada, a operação, em ascensão, em breve chegará ao pico da pirâmide, onde se aloja o supremo poder.

Mas, para consolo geral, resta saber que a caça aos criminosos chegou a tal ponto, tão solidamente aplaudida pela sociedade, com respaldo da repercussão internacional, que um simples abrandamento da ação policial e da justiça seria a desmoralização total das instituições, mesmo que hoje combalidas e desprestigiadas. Não há como retrocederem o juiz Moro, o Ministério Público e o Supremo. É preciso continuar e levar o caso até o fim, seja qual for o preço político que se tenha de pagar. É a primeira lição.

A segunda lição é que a sociedade brasileira precisa contar com uma estrutura jurídica mais severa para cuidar de quem agride o bem público. A cadeia não pode ser generosa com esses criminosos. Não faz sentido um sujeito assaltar escandalosamente, reincidir, roubar ou ajudar a roubar milhões e milhões de reais, e acabar com uma pena de dez anos de prisão rapidamente reduzidos para quatro e terminar em alguns meses de tornezeleiras em mansão construída com dinheiro de assalto aos cofres públicos.

Terceira lição, e esta não para os criminosos, mas para o eleitor que os contempla com o voto. É essencial aprender a votar. Tomemos como advertência o eleitor carioca, que, apesar de representar o principal centro cultural do Brasil, ainda se sente atraído a votar em gente como Cabral, Garotinho e coisas semelhantes.







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