Ainda a lição
Diante
da tentação dos políticos em esquecer logo as verdadeiras lições deixadas pelas
urnas do domingo passado, é preciso cobrar dos partidos a avaliação séria
e objetiva do que os eleitores disseram ou quiseram mostrar com o voto ou com
sua ausência. Não é possível que se ignore a triste revelação: mais de uma
quarta parte do eleitorado não tomou conhecimento do voto; ou dele lançou
mão apenas para registrá-lo como nulo ou deixá-lo em branco. O que isto quer
dizer? Nada mais nada menos que o grave descontentamento com os políticos, com
a oligarquia que construíram e com os métodos por eles empregados para
exercer o poder.
O
eleitor, grande parte dele, cansou-se de desempenhar o papel de trampolim para
o enriquecimento fácil e rápido de quem quer colocar a política a serviço
de interesses pessoais. Ora, na boa política não há espaço para interesses
pessoais. Cada eleição que passa, o descontentamento se acentua. Não há mais
como esconder o sol com a peneira.
Objetivamente,
o que melhor se espera das lideranças é a adoção do parlamentarismo, que pode
não ser a varinha mágica que acaba com todas mazelas,mas tem tudo para melhorar
bem os hábitos do lidar com a política. E que seja uma solução didaticamente
explicada à sociedade, que ainda mantém certa fé nos grandes chefes, nos
presidentes e nos reis. Antes de tudo, o Gabinete não pode ser um
remédio para as dores e os defeitos do presidencialismo; que não seja
instrumento de revanchismo, como ocorreu em 1963, e deu no que deu.
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