LOUCURA PERIGOSA
Assustados
com as atitudes de Donald Trump nos primeiros 100 dias de sua gestão como
presidente dos Estados Unidos, embora ele nada faça que não tenha sido
prometido na campanha eleitoral, um grupo de psiquiatras americanos está publicando
artigo com base científica em que o condenam, alegando que já revela
temperamento perigoso para os interesses do país. De um momento para outro,
afirmam, ainda que desautorizados pela entidade médica a que se filiam, que
Trump mostra, pela via de atitudes inadequadas, que lhe faltam as condições
para gerir os interesses do Executivo. Lembram que é dever profissional
de médicos advertir a nação e o mundo, e por isso não dão importância ao
argumento de alguns de que o presidente apenas está jogando para a sua plateia,
em breve cairá no campo da realidade. Ou, então, pode ser que promete o pior
das coisas para depois amenizar os efeitos do que realmente pretende
cumprir. Pode ser.
Mas o que preocupa
é que nos sinais desses primeiros dias Trump não se despe de um sintoma
denunciador. É o temperamento do governante que acha que pode mudar o mundo com
a rapidez de suas ansiedades pessoais; certa intolerância com os diferentes;
restrições abusivas às raças, aos credos e também ao gênero. Muitas vezes odeia
as mulheres, simulando interesse sexual em relação a elas.
Seja como for, o
presidente americano se vê em apuros com a comunidade internacional e com a
Justiça de seu próprio país. Mais que o bastante para quem está
começando.
Há um grande
temor em relação aos estadistas que beiram a loucura. Não é de hoje. Luiz II,
da Boêmia, passou para a História como “O Louco”, epíteto do qual não escaparam
Dona Maria, de Portugal, e Joana, da Espanha. Pautavam-se pela
imprevisibilidade de seu temperamento.
Ninguém mais louco
que Adolph Hitler (1889-1945). E foi com sua loucura que arrastou o mundo para
a tragédia da Segunda Guerra, de nada tendo adiantado Washington contratar, em
1943, o psiquiatra Walter Lange para traçar o perfil psicótico do diretor
alemão. Estava tudo confirmado no laudo.
Nesse e em
muitos outros casos o grande risco está no momento que o estadista destemperado
sente o fracasso atormentar seus planos. Steve Pieczenik, assessor para
assuntos internacionais de quatro presidentes americanos, diz que o perigo
maior é que esses fracassados se tornam clinicamente deprimidos; e aí são
capazes de tudo. Não se reconhecem como loucos, mas acham que são loucos todos
os são adversários. Não é diferente o modo como Trump tem visto a
imprensa, os juízes, os muçulmanos.
O Brasil já passou
pelo risco da imprevisibilidade dos presidentes, de temperamentos
descontrolados? Certamente que sim. Na década de 60 do século passado Jânio
Quadros não venceu a paranóia de ver-se dono de todos os poderes. Renunciou.
Antes, Getúlio, analisado sob a ótica das patologias, era um ciclotímico, e o
perigo estava na alternância de seus bons e maus humores. Suicidou-se. Collor,
psicologicamente definido como perverso, demonstrava estar acima de tudo e das
regras. Impedido.
Esses defeitos, que
ainda hoje se espalham pelos gabinetes presidenciais do mundo, podem se tornar
mais graves e incontroláveis quando os dirigentes não suportam as contestações
e seus poderes pessoais. Olho em Trump.
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