Risco do caos
Problemas
sociais acumulados e os temores no campo das instituições estão a
exigir,hoje mais do que nunca, a produção de uma reforma política corajosa,
tarefa que cabe, em primeiro lugar, ao Congresso Nacional; mas ajudaria muito
se contasse com a força do presidente Michel Temer. Nos últimos dias ouvem-se,
nesse sentido, vozes sensatas de gente realmente preocupada. Na noite de
segunda-feira, entrevistado na TV Câmara, o deputado tucano Marcus Pestana foi
além. Ele previu nossa entrada num clima político caótico se nos próximos meses
não se fizer essa reforma, a mais prometida e nunca realizada. Pestana vai
além, e acha que a situação pode se tornar insustentável já dentro de seis
meses.
Um
dos itens da reforma, que precisa ser cumprido integralmente, doa em quem
doer,é a cláusula de barreira, sem a prometida contemporização da chamada
federação de partidos, porque com essa válvula de escape continuarão, com outro
rótulo, as mesmas distorções, entre ela o acesso aos fundos partidários e os
conchavos hoje patrocinados pela eleição proporcional que autoriza o escândalo
de eleger quem o eleitor não quer.
Esse
grave defeito leva a constatar que hoje a Câmara dos Deputados abriga 27
partidos. Muitos deles estão lá apenas porque pegaram carona em alianças
construídas em cima de interesses nada ortodoxos.
A
barreira tem de ser rigorosa e sem condescendências. Como na Alemanha: partido
que não atingir 5% não tem voz, nem voto, nem cadeira no parlamento.
Efeito cascata
Essa
grave insegurança pública que atingiu o Espírito Santo, produzindo um clima de
guerra civil e execuções em série, precisa servir de advertência aos governos
federal e estaduais, não apenas por causa fato localizado, mas também por expor
que o Brasil sinaliza para um estado nacional do crime instituído. O País está
sob um banho de sangue, que começou com as tragédias no sistema penitenciário
do Norte, passam pelo Rio e São Paulo, saltaram para o Rio Grande e Santa
Catarina, e agora desembarcam no estado capixaba. Efeito cascata, que prospera
graças ao desaparelhamento das polícias, os escassos contingentes e a corrupção
que deles tomou conta.
Forçado
a tomar providência, o governo federal lança mão das tropas militares, que não
podem e nem devem ficar longamente à disposição das crises urbanas, até porque
não são treinadas para tal missão.
Há
alguns caminhos, já muitas vezes discutidos, mas sem jamais perderem oportunidade.
Um deles é um severo controle da carceragem, que em quase todo o País tornou-se
conivente ou associada ao crime. Não menos discutido seria o controle de nossas
vastas fronteiras, permanentemente abertas ao tráfico de armas e drogas. Mas,
acima de tudo, precisamos de leis mais severas e menos tolerantes com o crime e
seus agentes. É preciso acabar com a festa da impunidade, que no dia seguinte
ao crime liberta o bandido para que ele continue na rua matando e roubando.
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