Agosto e desgosto
Temer
age para impedir a denúncia criminal contra ele, em análise no plenário da
Câmara dos Deputados, a partir de quarta-feira. Tem uma lista de 80 deputados
indecisos (inclusive alguns do PMDB) para os quais pretende ligar, a fim de que
votem a seu favor. Ele
se empenha pessoalmente na tarefa de conquistar votos, enquanto agosto não
chega.
Agosto
é o mês do ‘desgosto’, diz a crença popular. Mas nossa história registra a
tragédia em que o presidente Getúlio Vargas suicidou-se em 24 de agosto de 1954
com um tiro no peito no Palácio do Catete, sede do Poder Executivo até 1960.
Não que seja um mau agouro, mas é um antecedente histórico que marca o mês de
agosto, para não se falar da traumática renúncia de Jânio Quadros. Não se
espera tais atos extremos do atual presidente.
Posse na Cultura
O
presidente Temer deu posse, ontem, a Sérgio Sá Leitão, que assume o cargo de
Ministro da Cultura, sendo o quarto ocupante da área cultura no atual governo.
Aliás, no início do governo Temer essa área andou rebaixada a uma secretaria
subordinada ao Ministério da Educação.
O ministro empossado é um técnico com experiência na
área. Foi chefe de gabinete do ministro Gilberto Gil (governo Lula), secretário
de Cultura no município do Rio de Janeiro (prefeito Eduardo Paes) e atualmente
diretor da Ancine (Agência Nacional do Cinema) do Ministério da Cultura.
Parece que a experiência cultural mais afeita ao novo ministro é o cinema.
Os desafios são enormes. O setor cultural público
historicamente conta com orçamentos modestos, e o MinC terá cortes neste ano e
corre o risco de não ter dinheiro para pagar as contas. A lei de incentivo à
cultura (Lei Rouanet) carece de atualizações. Uma parcela da classe
artística (vinculada ao PT) rejeita o governo Temer, e já hostilizou os
antecessores na pasta fazendo atos públicos de repúdio em eventos relativos ao
Ministério, o que exigirá do novo titular habilidades políticas no trato com
este segmento. Então, haverá tarefas difíceis para Sá Leitão.
Política regional
O prefeito Bruno Siqueira mantém forte o ritmo da sua
administração neste segundo mandato. Mesmo com a crise econômica, recursos
públicos limitados e demandas crescentes chegando ao chefe do executivo, este
tem conseguido manter o equilíbrio fiscal, realizando obras e serviços
essenciais na cidade.
Nas adversidades da conjuntura política nacional Bruno
se firma a cada dia como líder não só da cidade, mas também de uma
região. A Mata tem em Juiz de Fora a referência nas áreas do comércio, de
serviços educacionais, de saúde, de cultura e de entretenimento. E o prefeito
com as inovações introduzidas na governança municipal torna-se empreendedor
público capaz de estimular os demais gestores municipais circunvizinhos a
superar desafios locais com inventividade, aproveitando as potencialidades de
cada município.
Agora
ele integra uma das vice-presidências da FNP (Frente Nacional de Prefeitos),
uma articulação de prefeitos que tem sido influente no encaminhamento dos
principais anseios do municipalismo brasileiro na luta por um novo pacto
federativo. Com isto credencia-se a ocupar posição de maior destaque na
representação política regional.
Velhas lições
Há lições, no recente ou em tempos passados, para
mostrar que as melhores civilizações foram aquelas que, desafiadas pelo
destino, tiveram de chegar ao fundo do poço, e só a partir de então começam a
sua reconstrução. O fundo do poço tem uma virtude: abaixo dele nada mais é
possível, não se pode descer mais. Pode ser que tal ocorra com este
Brasil sangrado. Se formos ao fundo, depois das longas tempestades dos
desgovernos, da corrupção e das ambições desmedidas, talvez possamos alçar voo.