terça-feira, 30 de outubro de 2018

Nossa maior tragédia

Em 1918 a nossa cidade viveu a maior tragedia de sua história. Naquele outubro ela estava contando o preço sinistro da vida assanhem da gripe espanhola por Juiz de Fora, matando 556 pessoas, sem contar com as muitas vítimas que tombaram na zona rural, onde a pressa para o sepultamento descontrolou a comunicação dos óbitos. Mas é certo que a gripe eliminou 6% da população. Foram 400 milhões de infectados no mundo, sendo 300 mil no Brasil, onde a vítima ilustre foi o presidente Rodrigues Alves.

Os sintomas anunciavam a fatalidade. As pessoas acordavam febris, inapetentes, o mal-estar distribuído pelo corpo, sobrevinham os vômitos. E começavam a morrer aos poucos. Os médicos e práticos pouco puderam fazer num mundo sem antibióticos. 


Nunca se chegou a uma conclusão definitiva sobre as origens daquela pandemia, também conhecida como pneumônica, que ganhou o apelido de espanhola porque foi naquela região europeia que fez o maior número de vítimas. Em Juiz de Fora também ficou um mistério: por que a febre matava mais na Rua Paula Lima que em qualquer outro lugar na cidade?


A Câmara foi preparada com salas para recolher os doentes que não podiam ficar em casa, onde já eram numerosos os infectados.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Religião


Há quem veja sectarismo em Bolsonaro ao rezar com evangélicos, em ação de graças, tão logo se confirmou sua vitória na corrida para a Presidência da República. Tinha que ser mesmo com os evangélicos, porque foi deles que recebeu apoio explícito durante a campanha. Outros segmentos cristãos torceram veladamente, mas preferiram adotar que a Igreja não tem partido. Os evangélicos, diferentemente, têm partido, abraçam as candidaturas indicadas por seus pastores; têm fé no que vem de cima.
   A manifestação de fé é um sagrado direito que todos têm de acatar e respeitar. É uma liberdade que não permite discussão, ainda que para muitos a fé de muitos tem se prestado aos interesses de poucos. Para se reagir a isso, não à liberdade de fé mas sua instrumentalização  política, só se ela avançar para a criação de um estado com sintomas de teocracia,  o fim do estado laico, porque nesse caso o governo estaria rasgando a Constituição em um de seus dispositivos básicos.
  A religião, na contramão de sua explicação original -  religar -  no fundo divide, quando descamba para a intolerância, que gera terror. Afora isso, que cada um reze segundo sua cartilha.

Ao túmulo

  Para o deputado Marcus Pestana, que participou, com o redator destas notas, de um debate na Rádio Globo sobre a política no pós-lulismo, o tsunami que varreu o Brasil pode estar sinalizando para o fim da V República.  Fossem vivos, estariam frustrados Tancredo Neves, Ulysses, Covas, entre outros que tanto sonharam com ela. O deputado,que é secretário nacional o PSDB, acredita que as urnas decretaram a falência total dos grandes partidos. A política e os partidos têm de ser repensados.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O futuro de JF

A menos que fatos novos interrompam o curso das previsões, o futuro político da cidade está se delineando: o PSL vai logo pretender se organizar à sombra do presidente Bolsonaro; o Partido dos Trabalhadores, depois de sacudir a poeira de uma campanha em que foi acusado de, com seus tropeços, construir o caminho da direita rumo às urnas, também tentará reorganizar suas bases, já então contando com os naturais desgastes do novo governo. São duas forças político-partidárias que logo se delinearão. 
Uma terceira via certamente surgirá, esta sob a liderança do prefeito Antônio Almas, que terá de cuidar, com rapidez, da montagem de uma nova força, que, ao que tudo indica, insistirá na aliança PSDB-MDB. Neste momento, nada sinaliza que possam caminhar isolados. 
Esses projetos são o caminho natural para a disputa da prefeitura dentro de dois anos. Para os tucanos, certamente a coisa seria mais fácil se Anastasia voltasse ao governo de Minas.


Clima de expectativa

Do editorial desta sexta-feira do “Jornal do Brasil” extraio o trecho abaixo, que tem tudo a ver com o momento:

Nesta sexta-feira, com todas as cartas jogadas, aos contendores parece nada mais caber, se não esperar improváveis fatos novos e sensacionais, para ajudar ou prejudicar. É a expectativa contra o cronômetro imperturbável”. 

Afora o aguardo do pouco provável, ideal seria que neste fim de semana os ânimos se recolhessem, os discursos fossem mais tolerantes; se possível corteses. Que se ponha fim às fake news, com os estragos que já causaram. Tudo para emoldurar a alta responsabilidade dos eleitores, pois soou a hora em que devem se dedicar à avaliação desapaixonada dos currículos e dos programas dos dois candidatos; os dois que, tendo rompido o teste do primeiro turno, estão agora expostos à sentença final a ser prolatada pelo eleitor, o único juiz da hora”.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Choro e ranger

   Nesta tarde, ao presidir festa de entrega de “kits” esportivos à entidades de bairros, o prefeito  Antônio Almas, referindo-se ao Dia do Médico, profissão dele, comparou as dinâmicas da prefeitura a um corpo com câncer grave. Diagnóstico a exigir cirurgia profunda, sem escapar do extremo quimioterápico, “para salvar o paciente”.

   Almas lembrou que muitos dos que ali o ouviam, entre eles funcionários, naquele momento o aplaudiam, mas pode ser que estejam protestando dentro de um ou dois meses. Sinal de demissões e, talvez, fusão de secretarias.


Antecedente 

  Certamente que os números das pesquisas aborrecem os ninhos do tucanato. Depois da fragorosa derrota na disputa da Presidência da República, em Minas nada favoráveis a Anastasia, distante de Zema, que cresce. Mas sem desesperar. Veja-se o recente desastre de Dilma, sempre  em primeiro lugar nas pesquisas, e acabou em minguado quarto lugar.  


Indiciado 

  A Polícia Federal indiciou o presidente Michel Temer (MDB)no inquérito que investiga pagamento de propinas em troca de favorecimento de empresas que atuam no porto de Santos. O Ministério Público decide se denuncia ou não o presidente. O emedebista já foi alvo de duas acusações formais em seu mandato, barradas pelo Congresso. Agora não há tempo hábil para tramitação de uma terceira denúncia na Câmara dos Deputados.
  Temer deverá concluir melancolicamente o mandato. Teme pelo seu futuro sem foro privilegiado. Mas, conseguirá terminar seu mandato, a despeito do fracassado movimento "Fora Temer".


Em avaliação 

 A proposta de Bolsonaro encerrar sua campanha em Juiz de Fora, como contraponto à tentativa de homicídio de que foi vítima aqui, dia 6 de setembro, tem opiniões favoráveis e contrárias entre os integrantes do grupo político que pensa com ele.  Mas  a tendência é não vir.   


Mágoa cearense 

   Ex-governador do Ceará e senador eleito Cid Gomes (PDT), ao discursar  no inicio desta semana para militantes da campanha de Fernando Haddad (PT) disse que o PT tinha que “pedir desculpas” porque “tinha feito muita besteira”. E disse, sem' mea culpa', o partido perderá a eleição presidencial. Ontem,  Cid afirmou estar ao lado do petista, mas insistiu na necessidade de uma “profunda autocrítica” pelos petistas.
   O destempero dos irmão Gomes já é sobejamente conhecido por todos. Cid e Ciro são parecidos na verboragia. Parece que o episódio foi devidamente calculado. Ciro Gomes e o PDT se posicionam contra Bolsonaro, mas não apoiam claramente Haddad. Ciro foi passear na Europa com sua esposa, e deixou o irmão mostrar o tamanho da mágoa com os petistas.


Cheque branco 

   O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) já havia admitido não ir a debates por uma questão estratégica. Disse que não aceita debater com um “poste”, numa referência ao fato de Lula ter indicado Fernando Haddad (PT), para presidente da República. Alguns especialistas dizem que a ausência de debates seria algo ainda não visto em segundos turnos até então.
   Esse ato do presidenciável do PSL demonstra  excesso de confiança na sua eleição em 28 de outubro. Significa pouco caso com a audiência. E a preferência pelas propostas vagas que pretende implementar caso seja eleito. Fica a impressão que os eleitores estão dando um cheque em branco para o futuro presidente, caso ele seja eleito.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Sigla Nova


O PSL, que surgiu do quase total desconhecimento para assumir a novidade Jair Bolsonaro, mostra-se disposto a estender raízes pelos grandes centros do país. Em Juiz de Fora, de onde saem dois deputados eleitos pela sigla, já estão sendo realizadas consultas com esse propósito.


Gratidão

O ex-prefeito Bruno Siqueira voltou a alimenta seu blog, para agradecer os votos que a cidade lhe deu, na disputa de uma cadeira na Assembleia Legislativa. Por enquanto, trata apenas da gratidão, sem falar de novos planos políticos.


Sem entender

O candidato a governador Romeu Zema, que surpreendeu nas urnas, partindo na frente para o segundo turno, cria certa perplexidade ao desconsiderar a classe política, ao mesmo tempo em que promete endurecer com o funcionalismo. Esse sempre foi um jeito de perder votos.


Ciladas

Trecho oportuno do editorial do ”Jornal do Brasil”, edição do do dia 13 passado:
Cuidado recomendável, ante o risco das ciladas, comuns em tempo eleitoral, é o tipo de candidato que costuma se aproveitar das ondas de popularidade fabricada, e nelas, se muitos gostam de surfar, surfam principalmente os aventureiros. O primeiro turno eleitoral não escapou disso. Sob permanente validade, é neste ponto que tem sido mostrado, não apenas ao eleitor individual, mas aos colégios eleitorais em sua totalidade, o perigo de se tornarem meros coadjuvantes de projetos suspeitos, que procuram atingir, muitas vezes, a religiosidade, um patrimônio da pessoa, quase sempre sensível e generosa na credulidade”.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Voto Nulo



Ao participar de um debate promovido pela CBN, o juiz Mauro Pitelli chamou a atenção dos eleitores que ainda alimentam desejo de anular o voto: a anulação, qualquer que seja o volume dos votos válidos, não leva ao risco de a eleição ser anulada. O voto nulo, quando muito, só ajuda a eleger o menos votado.

Os Bispos

Adélio Bispo ganhou triste notoriedade ao agredir, com facada, o candidato a presidente Jair Bolsonaro, que nem por isso deixou de liderar as pesquisas. Melhor sorte teve que o ministro Machado Bitencourt, que em 1897 entrou na frente para proteger Prudente de Morais, e levou a facada fatal que era endereçada ao presidente por outro Bispo, Marcelino. 


Deu no JB


Extraio do editorial de ontem do “Jornal do Brasil” o trecho seguinte, pela oportunidade que enseja:

O fenômeno é um velho conhecido do processo eleitoral. À medida em que as urnas vão se ajeitando em seus lugares, como se acenassem e convidassem, os índices do abstencionismo caem, cedem espaço para as preferências e definições, mesmo que tal não se opere nas proporções desejadas. Ideal é que fosse mínima a ausência dos eleitores, pois, como é sabido, quanto mais expressiva a participação maior autenticidade haverá de se conferir aos mandados seguintes. Vistos os pleitos que se feriram nas últimas décadas, as abstenções e os votos nulos ficaram, em média, abaixo de trinta por cento. Uma proporcionalidade ainda expressiva e indesejável; mas previsões recentes mostravam-se bem piores, verdadeiramente sinistras, quando a campanha dos candidatos dava os primeiros passos. Há indícios de que, na pior das hipóteses, ficaremos na média habitual, a ostentar um desafio ainda a ser enfrentado.”