segunda-feira, 22 de abril de 2019

Atrás, volver!


Num governo pródigo em rever posições adotadas e palavras empenhadas, o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez precisou de três meses apenas, nada mais que isso, para se consagrar como maratonista exitoso. Ninguém o superou; e de tal forma, que nem seria possível considerar como um mérito sua disposição de rever rapidamente as decisões em que tropeçou. Fosse mais comedido, talvez alguém se lembraria de citá-lo como exemplo da virtude da humildade; a virtude que manda o homem público reconhecer que errou e penitenciar-se.

Interessante é que Vélez excedeu-se exatamente na arte em que o governo Bolsonaro vem revelando singular propensão: provocar polêmica. Foi onde o ex-ministro mostrou temperamento perfeitamente adequado a esse modelo. Mas exagerou, produzindo seguidos conflitos, que se revelam mais graves em áreas políticas sensíveis, como a Educação. Foi o que haveria de condenar o governo e a sociedade a perderem três meses sem planejamentos mínimos. E o pouco que se fez acabou afogado em crises polêmicas.

Nem se chegou a saber, com exatidão, o pensamento do presidente Bolsonaro quanto a prioridades para o setor. Espera-se que, como novo titular à frente da Pasta, cobre projetos prioritários, corajosos e exequíveis, entre os quais os desafios com que o Brasil tem esbarrado no ensino fundamental. Ou a evasão escolar e a indigência dos recursos para pesquisa e extensão.

Mesmo fora o defenestramento, que já era esperado na semana passada, o governo continua em marcha progressiva para o modelo de reconsiderar passos dados à frente. Entre eles, ao rever a decisão de não negociar cargos políticos em troca de apoio no Congresso. Ou a prometida embaixada em Jerusalém, trocada por um modesto escritório comercial. Ficou sem ser explicado qual a diferença se esse escritório continuar funcionando em Tel-Aviv, onde já está.

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