Há 90 anos
O 19 de junho é uma data importante nos arquivos da Aliança Liberal e da Revolução de 30, que, como se sabe, foram dois acontecimentos que tiveram Juiz de Fora entre seus principais cenários. Nenhum dos episódios do fim da Velha República foi ignorado pelas expressões políticas locais; não raro tiveram papel saliente nos idos da grande conspiração.
Naquele dia, no apartamento 809 do Hotel Glória, Rio de Janeiro, José Bonifácio, João Neves da Fontoura e Francisco Campos traçaram e assinaram um acordo decisivo, que selaria o último capítulo do governo Washington Luiz. Tratava o documento do que se convencionou chamar de “ação conjunta no processo sucessório” já dentro do cenário da Revolução: se fosse proposto e acordado um nome de Minas para a Presidência da República, o Rio Grande do Sul o apoiaria; não fosse assim, os mineiros dariam apoio a um nome gaúcho. “Fica firmado entre os dois estados o compromisso de agirem em solidariedade e completa identificação”, como registra Paulo Roberto Medina em seu livro “A Política em Minas”, publicado em fins do ano passado.
Nessa histórica reunião de três, dois eram de Minas: Bonifácio, um dos líderes civis de 30, e Campos, secretário de Interior do Estado. Mesmo sendo espertos e expertos, não tiveram como manter a candidatura de Antônio Carlos, solução até então tida como a ideal. Começava naquela noite a jornada do ditador Getúlio Vargas.
Aquele apartamento, onde residia João Neves da Fontoura, agoniza no que foi o Glória, construído sob inspiração de projeto neoclássico do arquiteto francês Joseph Gire, inaugurado em agosto de 1922, e que passou os últimos anos esperando que se cumprisse a promessa de Eike Batista de restaurá-lo “com o charme dos anos 20”.
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