quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

 


Eleições 2024 em pauta (LIV)


ROTA PRÓPRIA


A partir de uma avaliação do quadro eleitoral paulistano, o governador gaúcho, Eduardo Leite, tem procurado animar os tucanos para que elaborem candidaturas próprias às prefeituras; pelo menos as principais, capazes de produzir reflexos na política nacional. O apelo tem alguma repercussão, mas o PSDB de Minas, sob a liderança de Aécio Neves, ainda não se pronunciou. Há quem indague se o tucanato de Juiz de Fora teria disposição para lançar candidato a prefeito, o que achou por bem não fazer em 2020.


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


Em ano de eleições municipais, a inteligência artificial preocupa autoridades. O TSE estuda punir partidos e candidatos que façam mau uso da tecnologia. Na GloboNews (especial de domingo) Pablo Ortellado, especialista em políticas públicas e redes sociais, diz que o uso de deepfake – fabricar imagens e vídeos falsos que pareçam verdadeiros - é a principal preocupação da Justiça Eleitoral.


PRESENTE


Em festa de casamento, no final da semana passada, em Monte Castelo, o assunto em moda era a elaboração de lista de candidatos a prefeito. Conta um dos comensais, militante do Instituto Histórico, que ouviu vereador (cujo nome não revelou) recomendar que a lista já considere a candidatura do ex-prefeito Alberto Bejani como certa.


PREOCUPADO


O colunista Igor Gadelha, do jornal Metrópoles, informa que o presidente Lula confidenciou a aliados ser Belo Horizonte a capital que mais o preocupa nas eleições municipais de outubro.


Esquerda e centro-esquerda já têm, pelo menos, quatro pré-candidatos à prefeitura da capital mineira: deputados Bella Gonçalves (PSOL), Rogério Corrêa (PT), Duda Salabert (PDT) e Fuad Norman (PSD), atual prefeito.


O candidato da direita é o deputado Bruno Engler (PL), que surge nas pesquisas como líder, com o apoio do ex-presidente Bolsonaro. Donde se conclui que Lula deve articular uma composição competitiva para apoiar.


JANELA PARTIDÁRIA

Desde 2018, o TSE entende que só pode se beneficiar da janela partidária o parlamentar que esteja no fim do mandato. Significa que vereadores só podem migrar de partido na janela destinada às eleições municipais. E os deputados federais e estaduais podem migrar na janela que ocorra seis meses antes das eleições gerais.


Entretanto, acontecem casos de acordo do partido com o parlamentar, permitindo-lhe sair de sua legenda para outra, com vistas à eleição no município. Mas poderá haver contestação na Justiça.


FALTA RENOVAR”


Se vale para todo o Brasil, vale, igualmente, para Juiz de Fora. Transcrevo do “Jornal do Brasil”, de terça-feira:


As primeiras articulações que vão tratando das eleições municipais de outubro revelam, como um dos fatores de preocupação, os sinais de escassa renovação dos quadros político-partidários que serão submetidos às urnas. Percebe-se, claramente, que persistem no comando e nas decisões muitas lideranças que se fecham em si mesmas, agora com agravante da previsão de um fenômeno altamente prejudicial – a radicalização do processo, com base nos rancores que vêm da disputa presidencial de 2022. Como se tudo pudesse ser resumido nas bandeiras do lulismo e do bolsonarismo!, o que ficou bem claro com a notícia de que 63 deputados federais, dispostos a conquistar suas prefeituras, são do PT e do PL, partidos encarregados de sustentar aquelas bandeiras radicais. Assim, as pré-candidaturas vão entrando em cogitação sob velhos estigmas. Ora, se nesse painel eleitoral as tendências são a favor dos radicais e da radicalização, é evidente que os espaços reagem a projetos inovadores, não apenas para homens e mulheres, mas fechados também para ideias e propostas sem vícios”.


Afora a certeza, não menos nefasta, de que o próximo eleitorado estará reduzido ao papel de teste para o grande embate de 2026. Os interesses dos municípios e suas populações, que deveriam ocupar pauta prioritária neste ano, nada mais que condenados a um papel experimental, transitório”.


TARIFA ZERO


Coordenador do Observatório da Mobilidade Urbana de Salvador, Daniel Caribé, explica como a gratuidade no transporte coletivo urbano passou de sonho distante dos movimentos sociais a pauta acolhida pelo empresariado de transportes, e por governos de direita.


A tarifa zero nos transportes públicos não é mais utopia. Hoje, temos 90 cidades com gratuidade universal nos sistemas de ônibus, além das que adotam o passe-livre em algumas linhas ou horários, ou que ampliaram drasticamente o público beneficiado pelas gratuidades nos transportes. De forma inédita, o sonho de movimentos sociais anticapitalistas encontrou abrigo em gestões da direita e até no empresariado dos transportes. Agora, o tema tem tudo para tomar as eleições de 2024”, afirma Caribé.

Segundo o coordenador baiano, as experiências começaram a aumentar após a pandemia. Houve queda do número de passageiros, somada à migração dos usuários para os serviços de aplicativos ou veículos próprios, e os sistemas de transporte coletivo começaram a ruir, tanto nas pequenas e médias cidades como em algumas capitais. E são os motivos econômicos que tendem a prevalecer.



TARIFA ZERO ( II)


No caso de Juiz de Fora, a administração da prefeita Margarida Salomão já adota a gratuidade das passagens de ônibus em domingos e feriados, desde o final do ano passado, após um movimento dos vereadores, que encaminharam proposta nesse sentido. Por decisão do Executivo, a tarifa no valor de R$ 3,75 está mantida desde 2021 graças ao subsídio dos cofres municipais.

Críticos de plantão, quando comentam o tema, afirmam que pode chegar a hora de o município não suportar o custo financeiro desse subsídio, e a gratuidade precisará ser revista. O que aconteceria no mandato da futura administração, que se iniciará em 2025. Acredita-se que, por esse motivo, o tema estará presente nos debates da campanha eleitoral.



POLARIZAÇÃO


No primeiro dia de 2024 o jornalista Thomas Traumann publicou artigo na revista semanal Veja, com o título “Dez pontos para ficar atento em 2024”. Aqui vamos destacar o ponto referente à polarização municipal.

 “As eleições para prefeito são, geralmente, um debate sobre preço de passagens de ônibus, valor do IPTU e filas nas matrículas das escolas municipais; mas há indicadores de que serão diferentes em 2024. Tanto Lula da Silva como Jair Bolsonaro estão ativamente interferindo nas escolhas de candidatos para tornar a disputa uma prévia de 2026.” (...)

“Isso pode antecipar para 2024 o clima extremista entre eleitores de Lula e antipetistas, o que deveria ficar para 2026, e terá efeito no Congresso, radicalizando as posições dos deputados e dificultando a criação de consensos.”


POLARIZAÇÃO (II)

Em Juiz de Fora, nas rodas de conversa sobre política, o assunto, quando ventilado, traz opiniões diversas sobre o debate das campanhas municipais. Uns acreditam que nos municípios de porte médio a grande, nas capitais e em alguns casos localizados, a polarização eleitoral da eleição presidencial poderá prevalecer sobre assuntos típicos da cidade. Já nos pequenos municípios, que são a maioria dentre os 5.570 municípios do país, a pauta se concentrará, como de costume, nos assuntos locais.




Centro das principais articulações político-militares, das quais resultaria a Revolução de 30, as apreensões em Juiz de Fora anteciparam-se, pois em maio, na residência de Batista de Oliveira, ocorreram reuniões do alto comando do Partido Republicano Mineiro, em franca hostilidade ao governo central de Washington Luiz. O assassinato de João Pessoa, em julho, levou a Polícia Militar da cidade a entrar em prontidão, e a imprensa já sob censura. Mas o principal confronto entre a PM e as forças leais do governo federal só ocorreu em Grama.



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