segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Hora do aperto




Para endurecer ainda mais o jogo com os atuais e futuros servidores grevistas em Minas o governador Antônio Anastasia tem a seu favor um recado que vem de Brasília: até que se dissipem as nuvens que estão se formado no horizonte da economia mundial, os gastos têm que se restringir ao estritamente necessário. Novos fatores que onerem as folha têm de ser mantidos à parte. Até quando, ninguém sabe. O governo quer ver como evoluem os riscos de recessão, que, se vier, terá os sinais da globalização, isto é, vai se espalhar pelo mundo.



Vagas confusas

O Tribunal Superior Eleitoral não poderá deixar apenas por conta das câmaras do interior e da interpretação da Lei de Organização Municipal a fixação do número de cadeiras de vereadores a partir de janeiro de 2013. É necessário que àquela Lei o Tribunal ofereça orientação básica, que sirva de norte para sua aplicação.
Veja-se o que se dá em Juiz de Fora: as cadeiras, que hoje são para 19 vereadores, podiam subir até 25. Depois foram calculadas em 23 e agora caíram para 21. Não só aqui. Em vários municípios o que se vê é uma dança de números e cadeiras, algumas vezes ao arrepio da sensatez.




Velhos inimigos

As relações da polícia com o jogo do bicho sempre se caraterizaram por uma incerteza: as diligências ocorrem de vez em quando, passam anos esquecidas, para voltar ao sabor dos chefes do momento. E por uma certeza: são presos apenas os apontadores das apostas, quase sempre aposentados ganhando um reforço salarial. A ação policial nunca vai além do pequenos peixes. Não se sabe da prisão de banqueiros, embora com nome e endereço conhecidos.
No último fim de semana várias bancas foram fechadas, espantando dezenas de apontadores, que em Juiz de Fora são mais de 1.200.



Força dispersa

O senador Aécio Neves também anda preocupado com a ausência de Minas nos postos de altas decisões da República. Refere-se, certamente, à inércia dos partidos e dos políticos que estão na base do governo, já que ele, como opositor, não teria mesmo como postular indicações. Pouco antes, outro senador, Clésio Andrade, formulara a mesma queixa. Minas não acontece em Brasília.
Mas a questão não deve ser vista apenas sob o aspecto shakesperiano, o ser ou não ser governo, ter ou não ter cargos. Antes, é preciso que todas as forças políticas se unam, como sugere Aécio.
O desejo de ver mineiros mandando em Brasília não dispensa, contudo, certos cuidados e avaliação em relação a conveniências. Ainda agora, circula que a ex-deputada Maria Elvira está entre pessoas sondadas para ocupar o Ministério do Turismo. Devia ser advertida pelos amigos de que não lhe faria bem esse cargo. Primeiro, porque é uma pasta repleta de suspeitas de irregularidades. Depois, não há verbas para avançar com projetos mínimos.


Não custa lembrar 92

Fernando Collor foi uma exceção, ao se eleger para a presidência da República desconsiderando os partidos políticos e só contando com o apoio popular. Mas, ainda assim, passados dois anos, precisou dos partidos e do Congresso. Não teve nem um nem outros, e sofreu o impeachment.
Por que se traz isso à memória? Porque a presidente Dilma também vem relegando a segundo plano os partidos, que sustentam o Ministério e seu governo no Congresso; e esse é um caminho que pode levar a dificuldades. Se não a dificuldades, ao menos a situações esquisitas, como se viu na semana passada: a própria bancada de Dilma obstruindo a tramitação dos projetos de interesse do governo. O fogo alastrando dentro de casa.
O fato de as pessoas de bem sentirem asco diante do despudorado jogo de interesses que rege as relações entre os poderes não impede que ele prospere e hoje esteja institucionalizado. O espírito público morreu no Congresso, servindo apenas para discursos e formalidades.
A presidente, assim como Collor, ataca os marajás do momento, mas precisa se preparar para a desforra, que vem a cavalo nos partidos.



Ontem como hoje

A filósofa Ayn Rand fugia da Revolução Russa, quando desembarcou nos Estados Unidos, lá pelos anos 20, e viveu tempo suficiente para desistir da capacidade dos governos de melhorar a vida das gentes. Corre na internet sua mensagem desacorçoada, que serviu no passado como serve, sem qualquer retoque para esta segunda-feira:

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
 
 
 
 (( publicado também na edição de hoje do TER NOTÍCIAS ))

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