TEMPO DE GREVE
Os movimentos
grevistas tomaram conta da vida nacional. Alastraram-se por setores diversos,
mas preponderam no serviço público federal, sendo que nesse campo há casos em
que as paralisações já passam de um mês. Interessante é que o governo se dispõe
a conviver com o problema como se problema não existe, cabendo neste ponto uma
explicação que pode ser aceita sem maior dificuldade de raciocínio. É que a
greve, ainda que em setores essenciais, acaba prestando um serviço indireto ao
orçamento da administração, pois o custeio para sua manutenção cai a níveis compensadores.
Reduzem-se os custos com energia, horas extras, viagens, diárias, material de
expediente e manutenção. Tome-se como exemplo o caso da Universidade Federal de
Juiz de Fora, onde, pelo que se sabe, estão suspensas ou prejudicadas as
atividades de 53 cursos, curriculares ou não. Que bela economia.
Outro
ponto a considerar, para se entender a cordial convivência do governo com seus
grevistas é que também ele está paralisado. Cruzaram-se todos os braços
oficiais, no aguardo de uma saída para a grave crise que ele criou, e dela a presidente
e os ministros ainda não sabem como sair.
Outro
detalhe escapa à sensibilidade dos líderes das greves. Eles não se dão conta de
que há um momento certo, estratégico, a hora fatal para interromper o protesto,
por mais justificáveis que sejam suas causas e mesmo que pouco ou nada tenham
obtido. Porque quando a paralisação alonga-se imprudentemente torna-se difícil
manter a oxigenação desejável do protesto nas ruas. Os argumentos e artifícios vão
ficando cada vez mais pobres.
Ainda
mais – convenhamos - que a qualidade dos serviços prestados à população
degradou-se de tal forma, que, quando suspenso o atendimento, ocorrem algumas
dificuldades, mas o povo continua vivendo quando as repartições e gabinetes estão
fechados.
INSACIÁVEIS
É comum
o espanto de pessoas do povo quando se trata de avaliar o volume fabuloso do
dinheiro roubado à Petrobras em nome dos
faturamentos criminosos, as gorjetas, o “por fora”, o tráfico de influência e a
corrupção nas licitações. Se se rouba, crime que sempre existiu, por que agora
se rouba desmedidamente? Por que desviar R$ 150 milhões? se uma décima parte
disso já permitiria uma vida nababesca a um executivo.
O avassalador
avanço dos assaltantes que vem sendo revelado pelo Lava-Jato também foi a
perplexidade da homilia do redentorista Brás, 86 anos, ao celebrar missa
tridentina domingo no Instituto Santo Tomás de Aquino.
Essa
gente que roubou na Petrobras, lembrou, fez da empresa uma espécie de cisterna,
de onde quanto mais se tira água mais se quer tirar.