O NOVO ANO
Sem esses exageros que prosperam no saudosismo,
essa doença que tende achar que tudo foi bom no passado, ruim no presente e
será pior no futuro, é preciso reconhecer que as expectativas em relação a 2016
são preocupantes, para não dizer sombrias. As luzes são pálidas, à mão o que
temos são pequenas lamparinas em busca de um túnel que a gente não consegue
enxergar. Há uma economia que assusta não apenas o bolso do povo, mas também os
especialistas na matéria e os prósperos, porque todos se nivelam, com maiores
ou menores sacrifícios, quando o desafio é bater de frente com a inflação, o
desemprego, a carestia, além do cenário cruel das filas dos desesperados nos
corredores dos hospitais, onde se entra para morrer sem dignidade.
O governo não tem por onde começar, se é que
sabe, se é que pode. Até porque vem dele e de seus gabinetes a mais
preocupantes entre as realidades desta passagem de ano: não há governabilidade.
Somos quase naus sem rumo num mar onde o governo já não navega em águas
costeiras, mas se debate em ondas turbulentas e distantes das crises gerais e
intermináveis. 2016, então, preocupa. O que também não significa que devamos
nos abater total e irremediavelmente.
Talvez seja o momento para trazer a este momento de
transição o que, certa vez, em dias não tão diferentes dos atuais, o ministro
Afonso Arinos escreveu a Tancredo Neves: “A hora que vivemos neste Brasil
confuso, temeroso, descrente, é austera e grave, prenhe de angústias,
incertezas e receios. É, sem dúvida, uma hora de desesperança, mas não ainda de
desespero.”
Que em 2016 tudo seja o melhor possível para os que frequentam este
blog.
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