segunda-feira, 11 de julho de 2016






É preciso refletir


Quando se lê jornal ou se assiste a um noticiário de televisão o cidadão da atualidade é empurrado para uma avalancha de fatos internacionais que o preocupam, ainda que raramente tenham a ver com o quintal de sua casa. A violência institucionalizou-se, agravada com dois fenômenos: a onda de terrorismo e o conteúdo de intolerância religiosa, sob a qual vai se escondendo um preocupante conflito de civilizações. No Brasil temos problemas demais, o que explica o fato de nosso relativo desinteresse pela crise histórica do resto do mundo. Mas ela existe e, ainda que indiretamente, poderá chegar às nossas fronteiras. Pode ser até que já esteja à nossa espreita, pois no cálculo de nossas autoridades temos nas imediações meia centena de lobos solitários. São esses lobos-homens que planejam atos terroristas, a ciência sinistra em que são exímios.

Samuel Huntington, autor de “The Clash of Civilization”, que todos deviam ler, faz um criterioso estudo sobre a realidade dos nossos tempos desde os grandes conflitos, que se seguiram à Paz de Westphalia. Os desentendimentos evoluíram dos príncipes, as guerras dos reis, as guerras  dos povos, a ideológica de 1917, o nazismo de um lado, a liberal-democracia do outro. Já em nossos dias, a guerra fria. O desafio civilizatório é que está em cena.    

Agora, como também anotou Roberto Campos em um ensaio a respeito, o conflito potencial que emerge é o conflito das civilizações entre Ocidente e Oriente, já sem relevância considerar primeiro, segundo ou terceiro mundo. Huntington recomenda que se pense em distanciamento da cultura. Entende que nossos netos já conhecerão apenas umas sete ou oito civilizações bem definidas, intolerantes entre si. O noticiário destes últimos anos requer o aprofundamento da reflexão sobre elas: a civilização ocidental, a confuciana, a japonesa, a islâmica, a hindu, a eslava ortodoxa, a latino-americana  e possivelmente a africana. Sem isso não vamos entender o que realmente está se passando por trás do mundo confuso em que vivemos.  


Lançamento


A decisão do prefeito Bruno Siqueira de lançar sua campanha de reeleição, o que ocorrerá no próximo sábado, põe fim a algumas especulações que persistiam sobre a possibilidade de ele desinteressar-se por um segundo mandato. Bruno aceitou a luta. A apresentação da campanha se fará em quadra de escola de samba, a Turunas do Riachuelo, com efeitos políticos e sociais para mostrar que a disposição é entrar para ganhar.

Nessa mesma ocasião o prefeito deve fazer a apresentação dos partidos que vão compor a base da aliança que o apoiará.


Ligeireza


A marca da campanha eleitoral de 2016 será o desafio que se impõe aos candidatos de enfrentar o reduzido tempo para chegar aos eleitores. Terão de exercitar a rapidez nas decisões, objetividade nas ações  e um eficiente poder de convencimento. Nas eleições anteriores tudo isso era necessário, mas os candidatos jogavam com o tempo a seu favor. 


Memória  (XVII)


Na eleição de 1934, que antecedeu o golpe do Estado Novo, admitiu-se, pela primeira e última vez, na legislação brasileira a participação do chamado candidato avulso à presidência da República. Pela via dessa liberalidade o candidato poderia registrar oficialmente seu nome para disputar, sem que para isso dependesse de um partido ou dos votos de convencionais. Claro, isso afetou prejudicialmente o caciquismo partidário, o que explica o fato de a ideia não ter prosperado.


Pouco antes de morrer,em julho de 2011, o senador Itamar Franco, que não escondia suas restrições ao poder ditatorial dos partidos, confessou que pretendia reapresentar o projeto do candidato avulso à presidência da República, o que talvez levasse ao Congresso já em meados de seu inconcluso terceiro mandato de senador. Mas ele não desconhecia que, como há 80 anos, a  proposta esbarraria em grande resistência dos partidos, pois as razões do óbice e dos interesses permanecem e ainda mais vigorosas.





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