Cotas cruéis
Maldade que os partidos precisam corrigir, e sempre há
tempo para isso, é a que praticam quando chega a hora de construir as chapas de
candidatos a vereador. Caçando mulheres para cumprir a cota de 30% que se
reserva legalmente para elas, mas esbarrando no grande desinteresse que
manifestam as que poderiam ter melhor desempenho nas urnas, partem em busca de
pessoas humildes, as que ocupam pequenas e modestas atividades, muitas –
coitadas – para serem minimamente conhecidas atrelam ao nome a referência do
bairro onde moram, do botequim que frequentam. As mirinhas do tiãozinho,
as dolores da estação, as joanas da cocada cedem às ilusões e acabam condenadas
a votações medíocres.
A primeira maldade é essa humilhação. A segunda é despertar
nas candidatas, invariavelmente pobres, o sonho de chegar a um lugar onde
possam ganhar muito dinheiro.
Melhor seria os partidos deixem vagas na cota, mesmo sem
poder preenchê-las com homens.
Para refletir
Considerando-se que Michel Temer foi eleito vice-presidente
em chapa liderada por Dilma;
Considerando-se que todos os votos que teve foram votos
dados a Dilma e ao PT;
Considerando-se que na ruptura provocada pelo impeachment
da presidente ele perdeu os votos que também eram dela,
Considerando-se que na formação de seu novo governo Temer
certamente não poderia arregimentar ministros e assessores nos quadros
petistas,
conclui-se que o governo Temer é quase todo formado por
gente que não votou nele...
(mera divagação para as conversas com o amigo Marcelo
Frank)
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