sexta-feira, 7 de outubro de 2016







Fugindo da eleição


As eleições municipais de 2016 apontaram pela negação do voto, o grau de insatisfação dos brasileiros com as instituições partidárias, com os políticos e o regime resultante da redemocratização brasileira de 1985, justo neste ano do centenário do falecido deputado Ulisses Guimarães, 'o senhor das Diretas Já!', que se comemorou ontem.

Parece chamarem à nossa realidade as conhecidas palavras proferidas por Winston Churchill (estadista britânico) na Câmara dos Comuns, em 11 de novembro de 1947: "A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história."

A aparente contradição da frase do político britânico ajuda a explicar o descontentamento dos brasileiros com o atual estado da nossa democracia, onde cerca de um terço dos eleitores não quis votar neste pleito. Onde está a razão para considerar o descontentamento? Em primeiro lugar, os eleitores concordam de forma expressiva com a afirmação de que hoje o País é mais livre, mais democrático e com certa qualidade de vida, mais do que antes. Mais ainda, quando perguntados sobre as grandes políticas públicas que são o cerne do regime democrático (SUS eficaz, alta escolaridade, salário mínimo condizente, maior segurança etc.), a maioria da população volta a cobrar com razão a imediata implementação dessas políticas.

Os brasileiros manifestaram com o seu descontentamento, no fundo, o seu anseio por mais e melhor democracia. Os brasileiros censuram até os tribunais pelo estado lamentável de uma justiça, onde os ricos não lutam pela absolvição, mas pela prescrição. Ou protestam contra o fator de os partidos parecerem estar mais atentos aos interesses corporativos do que às necessidades dos cidadãos comuns. 

Há até uma constatação de que os cidadãos não participam diretamente na vida política. É o caso para se dizer que a democracia é, também, o mais exigente de todos os regimes. Obriga a um exercício constante de cidadania, sob pena de degenerar num sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico.







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