terça-feira, 11 de outubro de 2016






O fundamental


A pauta das discussões políticas revela preferência para o desastre eleitoral do PT, a vitória do presidente Temer na votação do teto dos gastos, o futuro sombrio das alianças que o PMDB e o PSDB andaram construindo por esse Brasil afora, mas ainda não sinalizou para um exame profundo do fenômeno que as urnas trouxeram no começo do mês: o desinteresse dos eleitores em participar do processo. É acontecimento que faz saltar, de imediato, o descontentamento da sociedade frente à classe política, com agravante de ser um abstencionismo que evoluiu e se agravou em todo o País; não apenas em determinados pontos, porque se esse fosse o caso os derrotados – que foram todos os atuantes na classe política - ainda se poderia argumentar com fatores isolados. Mas a verdade é que o descontentamento varreu os estados de norte a sul.

Como desconhecer um fato que é, a um só tempo, protesto e advertência? Porque, a continuar a marcha da ausência eleitoral, poderemos correr o risco de em 2018 as urnas não terem como expressar o primado da representatividade. Nesse particular, aliás, já se conclui que, temeroso com o futuro, o Congresso continuará repudiando, em sua maioria, a adoção do voto facultativo. Fosse este adotado, sem que a classe política se submeta a uma severa autocrítica, o Brasil passaria a ser governado por minorias ínfimas.



O herdeiro 

Tão logo deixe de se preocupar exclusivamente com o banimento de Dilma Rousseff e sepultar o impossível “Fora, Temer”, o Partido dos Trabalhadores cairá no limbo das realidades, e terá de colocar sobre a mesa seu plano de ressurreição, a começar pela eleição de novo líder, alguém que seja capaz de arrumar a casa, superar o passado e reorganizar as linhas programáticas. Novo tempo, sem se deter apenas em lamentar o leite derramado.

A primeira dificuldade que se opõe a esse projeto inevitável é escolher o líder, o condutor da reforma. Quem? O acúmulo de desgastes que Lula e Dilma construíram desautoriza, por veleidade, pensar em retirá-los das cinzas. O presidente Falcão se indispôs excessivamente com alas internas. A solução, não há outra, é buscar um nome no plenário do Congresso.







Nenhum comentário:

Postar um comentário