quarta-feira, 29 de março de 2023

 


Eleição 2024 em pauta ( XIII )



1 - Domingo, no almoço que comemorou os 87 anos do empresário Ibrahim El-Kouri, ícone da colônia libanesa, presentes muitos políticos, entre os quais o ex-deputado Danilo de Castro, que conserva grande prestígio na região. Também o ex-prefeito Custódio Matos, de raras aparições em público, e os ex-vice-prefeitos José Natalino e João César Novais.


2 – Alguns tucanos elaboravam interessantes conjecturas sobre os problemas que se acumulam em torno do presidente Lula, e o que o futuro pode estar reservando ao vice Geraldo Alkmin.


3 – À mesa em que eram numerosos os políticos, o ex-deputado Isauro Calais, que, quando presidente da Câmara foi prefeito por algumas horas, disse que vem intensificando gestões para viabilizar sua candidatura, com o plano de voltar ao cargo por onde passou de relâmpago.


4 - João César, presidente do MDB, confirmou que o partido trabalha para retomar pernas próprias na disputa da prefeitura. Não fala sobre nomes, dos que vão se filiar nem dos possíveis cogitados para a sucessão municipal.


5 - A secretária estadual de Desenvolvimento Social, Beth Jucá, postou em rede social sobre um evento de sua pasta. Assim estava escrito:


"Estive em Itinga, no Vale do Jequitinhonha, acompanhando o governador Romeu Zema em lançamento de programa de inclusão social para a região. Experiências como essas são raras. A gente quer muito mais mulheres empreendedoras, gerando renda e chamando outras mulheres, para trabalhar, empreender e conquistar o que quiserem."


6 - Reconhecida como gestora pública em cargos municipais, como servidora de carreira, ela foi secretária municipal de Saúde, embora não fosse profissional da área. Já acontecem especulações de que seria um nome para disputar a PJF, com apoio do governador Zema.


7 – Ausência lembrada na visita do governador Zema à cidade, sexta-feira passada, quando se inaugurou a restauração do solar Vale Amado, era a prefeita Margarida, que, como deputada federal, havia pedido a realização daquela obra. Era governador Fernando Pimentel (PT), que não deu bolas para o pedido.

Observadores políticos, analisando o fato, concluíram que a ausência evitou constrangimentos para ambos, em uma conjuntura política conflituosa.


8- Na solenidade de entrega da obra, a deputada federal Ione Barbosa, outra prefeitável, quis ser fotografar com o governador Zema, num momento simbólico para JF. E, em rede social, agradeceu a realização da obra.


9 - Wilson Rezato ressurgiu naquele evento simbólico para Juiz de Fora. Posou para foto ao lado do governador, como se faz com correligionário pretendente a cargo público. Rezato sinaliza que não afastou definitivamente o projeto de candidato a prefeito. Os sinais são eloquentes.


10 – As relações cada vez mais próximas e os elogios mútuos levam alguns a admitir que estão em curso preparativos para uma aliança entre os governadores Tarcísio e Zema, com vistas a 2026. Ano que, coincidentemente, marca o centenário do famoso Café com Leite, com o revezamento na Presidência da República, que deu a Minas e São Paulo a mais sólida hegemonia política da Velha República.




Em 13 de junho de 1897 fundava-se a Associação Comercial, em prédio alugado na rua Halfeld. No ato de inauguração, Ubaldo Tavares Bastos sugeriu que a entidade criasse também um partido político, mas a sugestão não foi aceita, porque, “mais cedo ou mais tarde o partido traria discórdia entre os sócios”. Ainda assim, mesmo sem manifestações formais e oficiais, a Associação sempre procurou influir em favor de candidatos conservadores.



terça-feira, 28 de março de 2023

 


Problemas em cascata



((Wilson Cid, hoje, no "Jornal do Brasil" )) 


O que mais produziu estranheza, no turbilhão de problemas políticos que se amontoaram na semana passado, foi a disposição do presidente Lula de cavar, com as próprias unhas, novas dificuldades para si e para o governo; questões que podiam permanecer na geladeira para tempos mais calmos. Não agora. Estranho porque, em ocasiões diversas, ele demostrou certa capacidade de intuir, saber contornar o contornável, evitando imprudências ou expressões chulas, palavreado de botequim, como aquele a que se   referiu num acerto de contas com o senador Sérgio Moro, que, no tempo de juiz no Paraná, mandou-o para a cadeia.

( Do jeito como coloca suas diferenças com o senador, Lula produziu um bumerangue, porque acabou se tornando, diante da opinião pública, o responsável pela vida de Moro. Qualquer coisa ruim que ocorreu com o senador lhe será debitado, pois cumpriu o que prometeu solenemente).

Nessa semana de tensões seguiu-se também a tentativa presidencial de desabonar a Polícia Federal e o Ministério Público, acusados de estarem a serviço de uma “armação“ do senador, quando, na verdade, trabalhavam, em conjunto, para apurar ameaças do crime organizado contra a vida de autoridades.

Por que em véspera de uma importante viagem ao Exterior, que acabou adiada, teria ele cedido ao ímpeto da metralhadora giratória de inoportunidades verbais? Pode ser que esteja apostando na aferição do poder popular da Presidência, mas fora de hora, num momento em que tudo recomenda evitar maiores riscos. Já está diante de poderosos desafios, como, por exemplo, as visíveis trombadas internas no ministério, o esfacelamento da base parlamentar e os estilhaços de divergências entre Senado e Câmara dos Deputados. E a viagem de volta de Bolsonaro, que tem tudo para intranquilizá-la. Para coroar, a ameaça de, em abril, mês do sacrifício de Tiradentes, a reforma tributária sair do cadafalso, devolvida ao Executivo esquartejada pelos pedaços de interesses setorizados. O governo precisaria de mais solavancos?

Pois se tudo isso não fosse bastante, ainda surgiu a tentativa derrotada de impedir a ida do ministro da Justiça ao Senado para explicar as relações dele e de outros escalões do governo com setores da marginalidade. O palácio precisa atentar para suspeitas de más relações. Vargas não atentou, em 1954. Quando foi ver, o crime organizado batia à porta de seu gabinete.

No breve lapso de uma semana, escancaradas diante da nação, as dificuldades permitiram, antes de tudo, perguntar por onde andam os assessores encarregados de aconselhar a Lula o que ele deve dizer; e, mais importante, recomendar quando deve silenciar. Porque a saúde do presidente, que se reflete sobre a saúde do país inteiro, recomenda não garimpar maiores problemas, além dos que são inevitáveis por natureza.

Joias que incomodam

Como se não faltassem questões maiores para tomar o tempo do governo e dos parlamentares, entrou em pauta o novelesco destino de joias e peças de arte, quando entregues ao presidente da República ou à primeira-dama. Caso mais recente, suscitou o que fazer com um colar de dona Michelle Bolsonaro, ofertado pelo governo da Arábia Saudita. Não é a primeira vez que o assunto provoca divergências; principalmente da parte de quem não concebe que os governantes levem para casa mais do que podiam levar, quando deixam o cargo. Ocorreu também com dona Dilma, de quem foi cobrada explicação sobre 144 itens de regalos no seu segundo castrado mandato. E na última despedida da presidência, por onde passou duas vezes, Lula teve suficientes cargas para encher alguns caminhões. Para que não se diga que há indisposição contra Bolsonaro, os dois ex estão sendo cobrados.

A dúvida: o que é do presidente, o que é da Presidência? Temos uma diferença não bem definida, geralmente confiada apenas à avaliação e às vaidades de cada um sobre o que, ao despedir-se, pode levar ou deixar para trás. Como as interpretações divergem, nem sendo necessário regular as doações em lei, bastaria um protocolo para definir melhor o destino das ofertas. 

Em rigor, o que se presenteia é à Presidência da República, sendo seu titular encarregado de receber e guardar. Exceção se faria para os casos em que o amigo ou visitante oferece, por exemplo, uma coleção de gravatas, de uso pessoal. A Presidência não sai por aí engravatada. Fora disso, o que chega ao palácio é para ali permanecer. Ou tomar parte num acervo público. Fernando Henrique foi zeloso nesse particular, enriquecendo a Fundação que leva seu nome com peças que chegaram às suas mãos nos dois mandatos que exerceu.

As generosidades do rei da Arábia servem para uma avaliação. Há anos, presenteou Lula com uma espada de ouro enriquecida com pedras preciosas, para o acervo da República; até porque não se concebe admitir que o presidente saia por aí dando espadadas contra os inimigos. No caso de dona Michelle, uma peça sem os símbolos da dinastia Saud, sem referência a valores nacionais e oficiais, parece que a ela devia pertencer.

Mas esse e todos os casos anteriores merecem melhores esclarecimentos. Para não resultar em ofensa e constrangimento aos povos e autoridades que presenteiam com gentilezas. Neste mês, com a discussão acalorada que se travou sobre devolução de presentes, o rei da Arábia tem toda razão de se sentir desprestigiado.

quarta-feira, 22 de março de 2023

 



Eleições 2024 em pauta (XXII)



1- Na quinta-feira passada, reunido com amigos e antigos colaboradores ( o que faz habitualmente nesse dia), na Casa de Memórias que tem seu nome, o ex-prefeito Tarcísio Delgado disse que é total sua disposição de participar ativamente da campanha eleitoral do próximo ano. Coincidentemente, na mesma noite, a TV Câmara reapresentava antiga entrevista com ele, quando dizia a mesma coisa: nunca deixar de exercer a política, mesmo quando não se é candidato.

Não se fala em nomes para a prefeitura, além de meras especulações, como também apenas se especula sobre o papel dos partidos; mas Tarcísio mantém vínculos com expressivas figuras do MDB, sem que faltem convites para que se reinscreva.

2- ( A família Delgado é a mais longeva na política de Juiz de Fora. Começou há 57 anos, quando Tarcísio se elegeu para a vereança, que hoje é exercida por Maurício, seu sobrinho).

3 - Três vezes prefeito, ele reconhece que os tempos são outros, se comparados com aqueles em que esteve no cargo. Nesse sentido, acha que a próxima campanha para a prefeitura tem de ampliar o debate sobre a vocação econômica e social do município. Com o detalhe do gigantesco crescimento da mendicância, a tragédia social e o envolvimento de crianças na miséria das ruas.


4 - O MDB  espera melhorar o desempenho eleitoral em 2024, com vistas a resultados expressivos nas eleições legislativas de 2026. O partido também trabalha para o surgimento de uma nova geração que possa participar, com competitividade, da disputa de governos estaduais.


Em JF, segundo uma fonte, a expectativa dos emedebistas seria a filiação de Tarcísio, Júlio e do vereador Maurício Delgado. Esperam com isto voltar ao protagonismo da política local.


5 - O ex-deputado Edmar Moreira, morto na semana passada, aos 83 anos, dizia que seu único arrependimento, em três décadas de dedicação à política, foi não ter priorizado, nos primeiros passos da vida pública, um projeto definitivo para disputar a prefeitura. O Legislativo nunca o atraiu.


6 - É tempo de apenas olhar e esperar, para ver as coisas acontecerem, diz o vereador José Márcio Garotinho, presidente da Câmara, a propósito do ano eleitoral que se avizinha. Ele entende que, por hora, tudo que se diz sobre eleição é mera conjectura.


7 - O ex-presidente Bolsonaro retorna ao Brasil, e fará motociatas pelo Nordeste do país, conforme se noticia nas redes sociais. O PL está elaborando um plano para que o ex-chefe do Executivo viaje pelo ao lado da ex-primeira-dama, Michelle, e fortalecer o partido de olho nas eleições municipais de 2024.


8 - -Segundo a última pesquisa IPEC, no início deste mês, 57% aprovam o jeito de o presidente Lula governar o país. Aos poucos o presidente vai tentando ampliar o apoio popular. A militância petista tem a expectativa de que a boa avaliação presidencial se reflita nas eleições municipais.



É interessante a evolução do processo eleitoral que, mesmo ainda hoje exigindo aperfeiçoamentos, não se pode negar que tenha se tornado cada vez menos elitizado. Observe-se que em 1846, quatro anos antes de Juiz de Fora ganhar autonomia, uma das exigências impostas ao eleitor é que devia ter renda anual mínima de 200 mil réis; mesmo assim eram impedidos de votar mulheres, escravos e praças do Exército e da polícia. Em 1881 mantinha-se outra dolorosa exclusão: só podiam votar os que soubessem ler e escrever, e disso dessem prova junto ao tabelião.



terça-feira, 21 de março de 2023

 

Basta cumprir as leis




((Wilson Cid, hoje, no "Jornal do Brasil" ) 



No Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, que as Nações Unidas recomendam seja hoje lembrado, vale considerar que no Brasil as ofensas aos irmãos de peles diferentes esbarram em dispositivos legais já suficientes para conter aquela enfermidade social, além do que determina o espírito da própria Constituição. Leis complementares e reguladoras vieram depois, enriquecendo o que foi preocupação dos constituintes. Portanto, o que precisamos agora é de uma única lei: a que manda que se cumpram as leis…

Não se pode perder de vista que o racismo, nas suas formas ostensiva ou dissimulada, deve ser combatido a partir da compreensão das bases da ancestralidade. Portanto, cuidemos de incutir na formação dos meninos e dos jovens a mentalidade da igualdade das raças. É preciso que as novas gerações venham saradas de antigos preconceitos; estes ainda agravados, quando, discriminando, conferem tratamento diferenciado aos negros bem sucedidos, se conquistam expressão nos esportes, nas artes, na cultura. Pelé não padecia de constrangimentos; pelo contrário, foi o rei negro que o Brasil inteiro amou.

Há leis suficientes para conter um mal que persiste em nossos dias, bastando que sejam cumpridas, dispensando restantes 11 projetos e quatro PECs ainda em tramitação para cuidar da mesma coisa, com o risco de ampliarem a confusão do que já vem confuso de longa data.

(Preciso também atentar para que as boas intenções não resultem conflituosas. A Constituição de 88, artigo 5º, inciso XLII, definiu o crime como inafiançável e imprescritível, permitindo ao legislador incursionar no Direito Penal. Com isso, a injúria cometida contra um cidadão negro tornou-se mais grave que dar um tiro nele.)

A base vulnerável

O presidente – já deve ter percebido – terá de se desdobrar em esforços para ganhar tranquilidade e segurança mínimas, quando se trata de manter a base parlamentar, sempre insegura, quando isso lhe convém. É o que se sente agora, na tentativa de impedir a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a aprofundar responsabilidades – visíveis ou ainda camufladas - nos graves acontecimentos de 8 de janeiro. Para restringir os fatos aos já conhecidos, o gabinete presidencial vê-se obrigado a ampliar gentilezas e celebrar acordos, depois que 191 deputados e 35 senadores apuseram a assinatura ao requerimento da investigação, estimulados pela desconfiança que prospera diante do comportamento do governo de explicar a ojeriza assumida frente àquela CPI, que, numa interpretação diversa, até contribuiria para confirmar suspeitas de comprometimento da oposição bolsonarista. Por que não apurar para esclarecer o que permanece duvidoso?.

Quando o novo presidente assumiu, eram, na ponta do lápis, 235 deputados agasalhados no Centrão, onde não se pode negar talento para romper desacordos e conflitos parlamentares. Pois já é impossível apostar na unidade inquestionável desse bloco, apesar do compromisso de assegurar sustentação ao Executivo. Porque, não obstante os acertos, que têm custado caro, há certas questões, como essa estranha resistência à apuração de um crime que os governistas e seus apoiadores garantem não terem cometido ou facilitado.

A suspeita de detalhes inconvenientes mais graves pode mostrar ao governo que em política o apoio é sempre condicional, vulnerável, segundo os fatos e os imprevistos.

Rachados ao meio

Março nunca foi dos meses mais fáceis para qualquer governo, porque enfrenta as naturais dificuldades do começo de ano, além do recém-iniciado período legislativo e o exercício de malabarismo com o orçamento, que sempre nasce defasado. Não haveria de ser diferente agora, com o detalhe particularmente desafiador: a nação parece dividida, tensa e conflitante em quase todos os setores, como se forças poderosas se juntassem e se aliassem para produzir cisões generalizadas.

Não são apenas os problemas, em si mesmos, a preocupar. Acima deles, constata-se que não surge, nem se sabe de onde devia surgir, um líder que se dedique, com competência, à missão de tratar e curar a nação dessa doença que se alastra, perigosamente prosperante. O Brasil é hoje um corpo dividido, como se sente em campos diversos e atividades múltiplas, um verdadeiro redemoinho, sem que dele nem se excluem os grupos que integram o próprio governo. Há ministros se atropelando entre o técnico e o social, divergentes quanto a prioridades e critérios, como ainda agora dá para falar a disposição do ministro da Justiça de criar linha direta de diálogo com o crime do tráfico. Uma interessante inovação, porque criminosos não tem responsabilidades com a lei e com a autoridade, o que os exime de fazer acordos com a Justiça. Além do mais, até mesmo as facções estão em conflito e disputa, como demonstram as graves desordens orquestradas em todo o Rio Grande do Norte.

Somos, hoje, uma nação rachada ao meio, e assim viemos da eleição presidencial de outubro do ano passado, e já então à espera de alguém que a socorra e seja capaz de salvá-la de perigos maiores. Espalhou-se um clima de divisões radicalizadas, até mesmo nas diversas linhas do pensamento religioso, não só na Igreja Católica, porque também os evangélicos  dividem-se quando suas bancadas legislativas são chamadas a definir apoio ou oposição ao governo. Não há pastor capaz de apascentar o redil parlamentar, porque os interesses ali são ferozes. Deus e o diabo nas terras do sol, onde até as responsabilidades no campo da segurança interna colocam as Forças Armadas em entendimento diverso, além da discussão, nunca rendida, se se confere aos militares o direito de terem participação na política.

Observe-se, em acréscimo, que mesmo as discussões mais oportunas cedem facilmente aos temperos da divergência, antes das proposições. Na discussão dos direitos e respeitos aos gêneros e às raças nota-se certa intenção de separar, antes de aproximar e unir. Homens e mulheres, brancos e negros, como se devessem caminhar separados numa História que é comum a todos.

Os conflitos ganharam espaço, e não se pode defini-los como tarefa a ser confiada ao presidente da República. Queira ou não, ele não tem muito como desempenhar papel agregador, pois figura no centro do imenso jogo dos interesses em litígio, que causam separações, divergências e rancores. Porque a Presidência, em meio às reivindicações, ao mesmo tempo em que dá atendimento a alguns, desatende a outras. Portanto, longe de pacificar completamente.

Superar tantas e tão complicadas divisões talvez coubesse ao Congresso. Mas pela palavra e pelas ações de quem? Não há quem possa responder.


quarta-feira, 15 de março de 2023

 

1- A deputada Ione Barbosa, em seu primeiro mandato, considerada possível candidata à PJF em 2024, já vê surgirem notícias desairosas ao seu perfil político, quando se noticia que o marido e o filho foram empregados em gabinetes de deputados estaduais aliados. Seria uma espécie de nepotismo cruzado, caso se verifique que no gabinete dela, em Brasília, estejam lotados assessores de deputados estaduais aliados. A notícia, desgastante do ponto de vista político, segundo alguns observadores pode ser o início de um processo de desconstrução da imagem da futura candidata. Considerada tal hipótese, é necessário observar os próximos episódios, para se avaliar a movimentação das forças políticas locais.

2 - Ione é, potencialmente, forte candidata à prefeitura, pois, em curta trajetória eleitoral, foi em 2020 a terceira colocada na disputa municipal (quase chegou ao segundo turno), e em 2022 elegeu-se deputada federal, em primeira eleição. Caso queira investir no novo projeto, em breve estará estruturando um grupo capaz de buscar alianças à direita, outro grupo a formular uma proposta de gestão municipal. E contratar uma assessoria especializada no marketing eleitoral.

 

3 – A desistência de Wilson Rezato (segundo mas votado em 2020) e da deputada estadual Sheila Oliveira (quarta mais votada) amplia possibilidades para a candidatura de Ione. Mas vai depender de duas questões prioritárias. Uma, de natureza partidária, pois o Avante precisa dar todo apoio a essa candidatura. Outra será conquistar o apoio de Wilson Rezato e Sheila Oliveira.

 

 

4 – O senador Carlos Viana, que se elegeu apoiado pelos 54.066 votos que obteve em Juiz de Fora, deve assumir, hoje à tarde, a liderança da bancada evangélica, que tem a pretensão de estender sua influência junto aos deputados irmãos de fé.

 

5- Um dado a merecer maiores estudos vem de recente matéria publicada pelo jornal “Estado de Minas”, para mostrar que estamos suficientemente maduros para debater a introdução do voto distrital. Diz o jornal mineiro que, dos 77 deputados que chegaram à Assembleia, 57 elegeram-se com os votos de uma única região. Quanto à Câmara dos Deputados, o quadro é pouco diferente: 24 da bancada mineira também tiveram votação altamente concentrada.

 

6 - Entramos em um ano de definições partidárias, pois haverá, dentro de doze meses, aquela famosa"janela" para vereadores escolherem novas siglas. Alguns mudarão, com o interesse voltado para a eleição do novo prefeito.

 

7 - Disputando a reeleição, a prefeita Margarida (PT), parecendo hoje imbatível, é possível que venha de cima (de Brasília) a ordem para os partidos que estão no governo federal entrem em aliança. Assim, partidos mais de esquerda, tais como PSB, PDT, REDE e PV provavelmente estarão coligados.

Os partidos à direita teriam um ano para escolher nome competitivo, capaz de levar a eleição municipal para o segundo turno.

 

8 - Março traz oportunidade para os movimentos em defesa dos direitos femininos darem visibilidade às pautas principais do segmento, a partir das manifestações do DiaInternacional da Mulher, em 8 passado. Elas, embora sejam maioria da população (e do eleitorado) ainda não ocupam, quantitativamente, os cargos políticos. E para concorrerem às vagas da vereança nas eleições de 2024 precisam ser anunciadas com antecedência pelos partidos. O mesmo quanto às candidatas àprefeitura ou vice.

 

9 - Não se deve deixar para a última hora, quando se colocam nomes somente para compor a chapa, conforme prescreve a lei. Em Juiz de Fora, na eleição passada, houve um avanço histórico na participação feminina, ao se elegerem a primeira prefeita e quatro vereadoras. Em 2024 serão 23 vagas no Legislativo municipal; e a expectativa é que mais mulheres ocupem espaços de poder no município, pois a atual prefeita procurou montar um secretariado com participação equitativa, no tocante à questão de gênero.

 

10 - Reunidoseunidos na terça-feira, os representantes das legendas PDT, PSB e Solidariedade definiram um cronograma para a formação da federação nas eleições municipais de 2024 e as nacionais de 2026 ( federação tem prazo de quatro anos). Há divergências para serem resolvidas em torno dos pré-candidatos já colocados nas eleições municipais, em cidades estratégicas. As possibilidades de acontecerem as federações esbarram em projetos paroquiais, que podem inviabilizar interesses nacionais.

 

A federação partidária é uma gambiarra recém-criada para tentar substituir a indecorosa coligação para eleições proporcionais (deputados e vereadores).

 

Caso se viabilizem este ano, com vistas às próximas eleições, será uma surpresa.

 

 

Em maio de 1930, na casa do presidente Antônio Carlos, na rua do Espírito Santo, reuniram-se homens de grande expressão política, como Artur Bernardes, Wenceslau Braz, Afonso Pena Júnior, entre outros. Estavam protestando, em nome do Partido Republicano Mineiro, pois não aceitavam o resultado da eleição para presidente da República. Fraude! Selava-se ali a Aliança Liberal, que desembocaria na Revolução de Outubro. Nessa reunião, pela primeira vez, aventou-se o nome do gaúcho Getúlio Vargas para presidir um futuro governo provisório.

 

 

 

terça-feira, 14 de março de 2023

 


Encruzilhada no campo



((Wilson Cid, hoje, no "Jornal do Brasil"))


É quase abismal a diferença nas experiências vividas pelo PT, quando a avaliação se faz em relação aos projetos de reforma agrária. Nas suas três primeiras passagens pela Presidência da República foram quase 500 invasões de terra, que acabaram acomodadas ou, se reprimidas, operaram-se com ações pouco agressivas. O volume das ocupações decresceu nos anos seguintes, reduzidas para nove no governo Bolsonaro. Hoje, o avanço dos sem-terra sobre a propriedade privada vai empurrando o governo para a desconfortável pendência entre ocupações e agronegócio, este, já transformado num vértice da economia, não pode ser desconsiderado, pois responde por 25% da produção nacional. Não se desconhece o potencial da organização política, econômica e estratégica do agro, longe de ser apenas um amontoado de fazendeiros. Na sua quase totalidade identificado com a direita, contra o governo.

Apesar de alguns casos de retomada das propriedades invadidas, permanece um clima de tensão na maioria dos estados produtivos, como revelam os governadores de Mato Grosso e Minas, ameaçando reação armada em defesa da propriedade privada. Longe, portanto, de o quadro atual ser definido como resultado de “casos isolados”, de acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário. Há muitos sinais de iminente confronto, exatamente o que o Brasil menos precisa neste momento.

É um quadro que leva a duas constatações. Salvo melhores juízos, a primeira é, como se disse, o governo petista chamado a enfrentar, no campo e nas ansiedades, um cenário bem diferente das anteriores experiências. A segunda conclusão é que, posta a realidade dos nossos dias, a reforma agrária precisa ser pensada com um ânimo até agora pouco perceptível. Reforma, bem entendida, sem o comodismo de contentar-se com a distribuição de glebas, confiadas a famílias carentes de recursos para produção mínima, não apenas de subsistência, mas com alguma condição de participar do mercado.

Fala-se nos espaços desocupados, mas é oportuno lembrar que eles também existem, abundantemente, como propriedade da União, o que exclui do governo o direito de apenas castigar os demais improdutivos. Ou, não sendo seu desejo preservar terras, promova suficientes desapropriações para alojamentos, como se fez, 58 anos atrás, na desapropriação do completo usineiro de Caxangá. Se a reforma não prosperou, culpe-se não a terra, mas seu mau aproveitamento.

É longa a peleja em torno do destino social das terras. Muito antes, 1788, José de Arrouche de Toledo já engenhava solução na capitania de São Paulo.”O poder público deve tomar as terras não aproveitadas para a criação de gado e da agricultura”. Hoje, passados 235 anos, as coisas não são tão simples assim, mas servem para mostrar que a reforma sempre foi um desafio.

Reféns do palanque

Semana passada, o Republicanos abriu a temporada de propaganda política, assumindo inserções em rádio e TV, e, com isso, juntamente com os demais partidos organizados, abre-se uma longa jornada de divulgação, que se estenderá até 2024. Poucos dias antes, circulava a primeira pesquisa sobre as tendências dos paulistanos em relação à prefeitura, o que, com tamanha antecedência, nenhum valor tem. E os partidos, com as urnas ainda tão distantes, têm pouco a mostrar, além das promessas de sempre, com programas repetitivos de coisas que certamente não realizarão.

Mas, por que despertar o assunto, que a muitos possa parecer desimportante? Porque, ao menos, serve para revelar que, com eleições de dois em dois anos, o Brasil não consegue descer do palanque, mergulhado em permanentes campanhas, com todas as motivações que não cessam, pois se realizam em períodos tão curtos.

O governo federal, com apenas três meses, pode confirmar. Se ainda enfrenta conflitos por causa do apetite dos que o apoiaram e querem recompensas, observa-se que muitos dos 450 cargos a preencher no segundo e terceiro escalões estão à espera de acertos de novos pretendentes e dos partidos, todos de olho na eleição dos prefeitos, ano que vem. Vê-se que, nem bem saídos de uma eleição, os interesses do país já mergulham na disputa seguinte, e o governo Lula condenado ao papel de trampolim político.

Não há quem ignore os problemas causados por eleições que se acumulam umas sobre as outras, com a inconveniência mais grave de uma pretender, na seguinte, reparar fracassos da anterior.

As gavetas do Senado e da Câmara dos Deputados são fartas de projetos que propõem a unificação das datas, de forma que, num único dia, possam ser votados os candidatos a presidente da República, governador, prefeito, senador, deputado e vereador. Antigos e novos projetos recomendam eleições de quatro anos, contrariando o argumento pueril de que, quanto mais se vota mais se aprende. Convenhamos, não é o que nossa realidade tem revelado.

Outras razões podem ser lembradas para justificar a retomada das discussões de iniciativas em torno dessa matéria. Não só de agora. Uma que merece atenção veio do senador Roberto Muniz ( PP-BA), faz sete anos, ao considerar que mais uma grande virtude da unificação seria a coincidência dos orçamentos nos níveis de executivo municipal, estadual e federal, o que resultaria numa dinâmica altamente proveitosa. Um detalhe que, por si só, justifica interesse no trato dessa questão.

quinta-feira, 9 de março de 2023



 

Eleições 24 em pauta (X)


1 - PSB e PDT, ao nível nacional, fazem, nesta semana, novas rodadas de conversas e articulações para formar uma federação, pensando nas eleições municipais do próximo ano e nas gerais de 2026. Caso a federação se concretize, na cidade o PDT será beneficiado. Ele não tem representação na Câmara Municipal, enquanto que o PSB tem dois vereadores. Com a aliança política poderão os pedetistas se animar na revitalização da legenda no município.


2 – O PL administra 328 prefeituras, muitas deles em municípios de médio porte. Em breve, segundo seus dirigentes, começa a ser elaborada uma ambiciosa estratégia, cuja meta é eleger 1.000 prefeitos. Não surpreenderá se o plano contemplar Juiz de Fora, de tradição petista mas que deu a Bolsonaro, em disputa com Lula, 141.600 votos.


3 - Em 13 de junho de 2008 (dia do padroeiro Santo Antônio) a Câmara de Juiz de Fora, após ouvir Comissão Parlamentar de Inquérito, decidiu pedir a cassação do prefeito Alberto Bejani. Ele, porém, antecipou-se à decisão, anunciando a renúncia em 16 de junho.

Agora, seu filho, vereador Bejaninho, anuncia que o pai deseja ser candidato a prefeito em 2024.

Parece que os Bejani querem criar notícias para reviver um tempo nada favorável para um político.

Lembrarão os veículos de imprensa que o ex-prefeito teve de renunciar ao mandato por ser acusado de corrupção.

Um observador da política local sentenciou: "o ex-prefeito só quer mesmo é a reeleição do filho vereador."


4 - Paulo Brant, vice-governador de Minas durante o primeiro mandato de Romeu Zema, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que mudou o comando da direção estadual, sendo agora presidido pelo ex-deputado federal Mário Assad Júnior.

Devem ser essas mudanças, em médio prazo, com vistas às eleiç