quarta-feira, 30 de agosto de 2023

 

Eleição 2024 em pauta ( XXXV)

1 – A deputada federal Ione Barbosa (Avante -MG) tem demonstrado, nas redes sociais, como conduz sua atividade parlamentar. O foco do seu trabalho abrange, entre os principais termas, defesa dos direitos da mulher, valorização dos servidores da Segurança Pública e a pauta evangélica no Legislativo.

No âmbito partidário, está empenhada no fortalecimento do Avante, inclusive seu marido, o ex-vereador Barbosa Júnior, assumiu a presidência do partido na cidade.

Já nos planos para as eleições municipais do ano que vem, segundo os bastidores, é dado como certa a candidatura de Ione à prefeitura, e, para a vereança, o filho, João Guilherme.

2 – Assunto que não tem como escapar dos discursos da campanha eleitoral do ano que vem: Juiz de Fora é indicada apenas em 81º lugar entre os municípios mais empreendedores no Brasil, embora só 35 tenham população maior ou igual. Os candidatos, certamente, terão de assumir compromisso de trabalhar para melhorar o desempenho da política de desenvolvimento, porque sem produção, não há como obter o resultado dos impostos. Sem o fruto dos impostos tudo fica difícil.

3- O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), instituiu, na semana passada, um grupo de trabalho na Casa que vai propor uma minirreforma eleitoral para as eleições municipais de 2024.

O GT, que terá 90 dias para concluir os trabalhos, será relatado pelo deputado Rubens Pereira Júnior (PT-AM) e coordenado pela deputada Dani Cunha (União-RJ).

4- Os ajustes a serem avaliados foram previamente acordados com as lideranças partidárias, mas haverá espaço, na semana que vem, para debates com especialistas, acadêmicos, juristas e representantes de partidos políticos, em audiências públicas. O primeiro convidado foi o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.

5 - O objetivo do relator é apresentar e aprovar o anteprojeto de lei até 6 de setembro, para que a Câmara e o Senado tenham, pelo menos, quatro semanas para apreciar e votar a matéria. O texto precisa ser aprovado nas duas Casas até o fim do mês que vem, para que possa valer nas eleições municipais de 2024, sem ferir o princípio da anualidade, que proíbe viradas de mesa na legislação eleitoral a menos de um ano da data do pleito

6 - Pereira Júnior, que é advogado, listou entre as possíveis mudanças a ideia de antecipar “um pouco” o registro das candidaturas, para se dar tempo à Justiça Eleitoral de julgar as inelegibilidades, autorizar a confecção de material de campanha de candidatos em coligações diferentes e permitir a afixação de cartazes em prédios e propaganda eleitoral nas redes sociais no dia da eleição. Ele quer também “tornar mais claras” regras sobre a prestação de contas na eleição, e aprimorar as federações partidárias.

Outro ponto que será tratado pelo grupo, antecipou o relator, é a contabilização das “sobras” nos votos para deputado e vereador. O mecanismo causou polêmica na eleição anterior, com questionamentos de candidatos e ex-parlamentares que se sentiram prejudicados pelo cálculo do número de cadeiras feito pela Justiça Eleitoral.

7 - O grupo de trabalho da Câmara está composto por presidentes de partidos, como Renata Abreu (Pode-SP), Luís Tibé (Avante-MG) e Baleia Rossi (MDB-SP), e também por dirigentes partidários, como Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP). A coordenadora do grupo é a deputada Dani Cunha (União-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ).]

Entre os itens passíveis de alteração são as federações partidárias, que, com prazo de duração de quatro anos, não foram de grande interesse das legendas em 2022. Pode ser que o aprimoramento que se deseja para o tema seja mais flexibilidade na duração do tempo.

8 – O Supremo Tribunal Federal quer que o Congresso providencie, até 2025, o ajuste do número de cadeiras de parlamentares, tomando-se por base os dados do novo censo populacional promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no final do ano passado. Com isso, Minas, que tem hoje 53 deputados federais, passará a contar com mais uma cadeira.

9 - Alguns partidos, de diferentes posições ideológicas, iniciaram debate com vistas à formação de uma frente capaz de isolar candidatos bolsonaristas nas eleições para prefeito em todo o país, no ano que vem. A proposta foi lançada pelo grupo "Direitos Já".

A reunião, ocorrida em São Paulo, serviu para discussões preliminares. O objetivo é incentivar a coligação em cidades onde radicais de direita, que divulgam o ideário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenham chance de vitória.

Das 15 siglas que compõem o "Direitos Já" contra a escalada autoritária promovida pelo então presidente, 11 enviaram representantes. Participaram PT, PSB, MDB, PDT, PC do B, Rede, PV, Cidadania, PSD, PSDB e Podemos.

10 - Uma análise que tem sido feita pelos analistas da cena política local direspeito aos efeitos imediatos do aumento de quatro vagas na Câmara Municipal: a volta à disputa de vereadores que exerceram mandato no passado recente, tais como Rose França, João do Joaninho, Figueiroa, dentre outros. Estes, quando perguntados, não confirmam a pretensão, mas adiantam que avaliam a possibilidade de concorrer.

Por serem ex-vereadores e experientes em campanhas eleitorais, sabem o bastante para não alimentar ilusões quanto ao sucesso no pleito, conquistando uma vaga no Legislativo. Mas só o fato de voltarem à cena política já os estimula.

11 - Após o surgimento do fundo de financiamento eleitoral os partidos, através de seus caciques, que administram essa verba pública, o financiamento de candidatos "puxadores" de voto faz parte da negociação na hora da formação das chapas. Lembrando que outro fator importante para as legendas é completar a lista de candidatos garantindo a cota de gênero e raça.

12 – Antes mesmo de cuidar de seu próprio destino político, o veterano deputado Lafayette Andrada tem sido visto, com frequência, nos horários de propaganda eleitoral, pedindo que os eleitores filiem-se ao Republicanos. Seu apelo coincide com o momento em que muita gente desfilia-se, desencantada com os partidos. Só e Minas, mais de 100 mil.

13 – A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, esteve em BH para potencializar a candidatura do deputado federal Rogério Correia. Ele ainda disputa a preferência interna com parlamentares petistas da Assembleia Legislativa, no procedimento de escolha do partido, mas é considerado o favorito para representar a sigla. Conquistar a capital mineira é uma das prioridades do PT nacional nas eleições de 2024. O objetivo é reduzir a influência de Romeu Zema, aliado de Bolsonaro, no estado que tem o segundo maior colégio eleitoral do país.

Um dado geralmente lembrado pelos que estudam as fases em que foi mais expressiva a importância política da cidade no passado detém-se nos últimos dias do Império. Bastaria dizer que então estavam residindo aqui 10 ex-presidentes de províncias. Mas nem todos deixaram-se dominar pelo saudosismo. Aderiram logo à República, que estava chegando…

terça-feira, 29 de agosto de 2023

 


Os idos de agosto



((Wilson Cid, hoje, no "Jornal do Brasil" ))

A história é conhecida. A caminho do Senado, passando pelo cego que o advertira sobre os riscos dos idos de março, César lembrou que o mês estava no dia 29, e nada acontecera. O adivinho lembrou que ainda faltavam dois dias, e naquela mesma tarde o imperador foi assassinado. Tomara que nosso agosto, distante de março, já no fim, possa ser fechado no calendário sem maiores tragédias, embora deixando o rastro de crises latentes, que preocupam, e permitindo supor que persiste um esforço para manter a população em suspenso, obra dos que consideram que quanto mais dividido o país, melhor para os catastrofistas.

Um agosto de preocupações. Em nome de questões que são importantes, mas podiam dispensar conflitos, tem-se permitido que à justa defesa de minorias ou excluídos se incorpore um clima de beligerância, renovado dia a dia. Negros e brancos, índios e urbanos, aprofundamento das regionalizações, agronegócio contra postulantes de terras, e estes contra os poderosos, gêneros beligerantes, sanitários públicos comuns, igualdades onde a natureza fez desiguais, lulistas e bolsonaristas em guerra permanente. A nação desconfiando do Supremo Tribunal, que, por sua vez, assume poderes que não lhe cabem. Novela em torno de suspeito relógio de luxo, cuja utilidade se resume em contar nossas horas de atraso. Coisas que não temos sabido discutir sem o conteúdo de contrariedades insanáveis. Não há nação, pelo menos entre as que conhecemos, que tenha conseguido prosperar vivendo em climas desse tipo. E o que ainda está por acontecer?

A recomendação dos idos de agosto é que precisamos respirar, para que tudo se discuta sem maiores atropelos, divergências civilizadamente tratadas entre o que pensam e propõem caminhos da esquerda, do centro e da direita. Discurso ideológico é importante, desde que as tendências, os partidos e os governantes removam a intenção de se mutilarem ou se destruírem mutuamente.

Agosto já ficaria bem, se acenasse com dias menos tensos. Antevéspera de um setembro para o Brasil resfolegar e remover dos olhares políticos o vermelho do ódio, sentimento que, se nunca fez bem às pessoas, muito menos à nação e aos que têm a responsabilidade de conduzi-la. É para se temer o futuro, quando, olhando para nós mesmos, a casa comum da nacionalidade anda separada, conflituosa, como nestes dias que estamos vivendo.

De que então carecemos para se viver numa casa minimamente em ordem? Certamente dispensamos heróis façanhudos, esses que botam pra quebrar, prendem e esfolam. Precisamos de um pacificador. Aquele a quem os brasileiros possam confiar a aspiração de paz, mas sem vieses ditatoriais que levem ao garroteamento das divergências indispensáveis, porque são elas que filtram e fazem avançar os interesses nacionais.

O promotor ideal dessa paz seria o velho Supremo Tribunal, com suas figuras circunspectas, acima de vaidades e tendências políticas, guardiães do bem maior da Constituição, que é o bem do povo. Mas os ministros ali assentados não parecem animados diante desse dever, preferindo prestigiar a receita de um dos pares, o mais ressaltado, que por conta própria denuncia, investiga, julga e condena, da mesma forma como, com facilidade, sai de suas trincheiras e avança sobre deveres e atribuições que escapam da alçada do tribunal.

Então, ao presidente Lula – tornando-se menos presidente e mais estadista - caberia levantar a bandeira da pacificação nacional. Nada mais adequado para fechar com brilho seu terceiro mandato, e entrar para a História como alguém que, superando-se, soube superar o maior dos desafios. De olho no futuro, aplainando divergências políticas e eleitorais, mas chamando a sociedade para ajudá-lo no projeto de paz, porque sem ela não haverá prosperidade.

Contudo, para tanto, é preciso guardar o diploma de presidente e assumir o papel de estadista. A hora é essa. Quando setembro vier.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

 



Eleição 24 em pauta (XXXIV)



1 - O número de vereadores à Câmara Municipal aumenta de 19 para 23, a partir da próxima legislatura, com votação em outubro de 2024 e mandato entre janeiro de 2025 e dezembro de 2028. Resultado de emenda à Lei Orgânica do Município, em dezembro passado. Alguns se assustam com a notícia. Os comentários geralmente são desairosos em relação ao aumento quantitativo de cadeiras.

Mas a nova composição tem argumentos favoráveis. Para Marta Mendes da Rocha, pesquisadora da política local e professora da UFJF, a mudança pode trazer mais representatividade.  

A gente sabe que aumentar pode ser bom, do ponto de vista da representação de minorias, pois abre espaço para grupos que não estão representados, como mulheres, negros, minorias étnicas etc. Agora, não existe garantia de que esses resultados vão se efetivar”, sentenciou a pesquisadora. 


2 - Considerando o aspecto eleitoral, ela ressalta que o aumento é alvissareiro para os atuais vereadores e a quem deseja ingressar na Câmara. “O número de votos para eleger um vereador vai diminuir, o que pode ser vantagem para os atuais vereadores, porque em geral têm vantagens em relação ao desafiante. Têm trabalho para mostrar, recursos e mais visibilidade. Mas, de certa maneira, pode significar barreira menor para a entrada de novos representantes, vindos de grupos que não controlam tantos recursos. A barreira de entrada diminui e pode ter consequência [positiva] para a composição do Legislativo”, finalizou.


3 – O empresário Valério Ribeiro, que atua nas áreas de advocacia, incorporação e negócios, assinou a ficha de filiação ao Novo, partido do governador Romeu Zema. Vários setores empresariais têm insistido para que ele analise a possibilidade de disputar a prefeitura em 2024.



4 - O portal de notícias da Câmara informa que, num esforço conjunto, 18 vereadores assinaram projeto de lei que quer instituir “gratuidade no transporte coletivo urbano, aos domingos e feriados”. A iniciativa foi lida em plenário no dia 18.


As redes sociais do vereador Zé Márcio Garotinho, presidente  do Legislativo, tratam do assunto com destaque, como se a gratuidade já estivesse garantida. Até porque dificilmente a prefeita vetaria a iniciativa. Entretanto, há que se medir o impacto financeiro da medida, pois a tarifa do transporte coletivo é subsidiada pelos cofres municipais, que a mantêm congelada já faz tempo.



5 - Em Minas, os partidos estão em baixa, se de tomar por base o volume de filiados. Há casos em que as desfiliações chegam a 20%. O PDT foi o que mais perdeu filiados. Na verdade, de 30 legendas apenas seis engordaram. PSDB, PTB e MDB também empobreceram nos seus quadros de filiação. Nos últimos três anos, 100 mil deixaram a militância.



6 - Vereadores começam a esboçar sinais de preocupação com a proximidade de 2024, quando ocorrerão as eleições municipais. Surgem manifestações de descontentamento com a administração municipal, algumas de forma velada, na conversa com lideranças comunitárias; outras externam críticas via redes sociais.


Embora a Câmara vá ganhar mais quatro vagas, o estresse pela proximidade do pleito forma um clima tenso na relação do vereador com secretários municipais, principalmente quando figurem como pré -candidatos; ou se sabe que apoiarão nomes prediletos da prefeita.


7 – Vereador Juraci Scheffer convidando para a solenidade de inauguração da nova sede da Associação dos Poderes Legislativos da Zona da Mata e Vertentes, cujo objetivo é somar forças das câmaras municipais das regiões e trabalhar para as populações mineiras que representam. Juraci é o presidente da entidade, e não esconde seu entusiasmo em relação aos bons resultados da Associação. A sede está na avenida Rio Branco, 2143.


8- O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, diz em sua rede social: "O Brasil precisa de uma legislação que regule a produção de conteúdo de Inteligência Artificial. Ano que vem teremos eleições municipais e o eleitorado precisa ser protegido com uma legislação rigorosa que impeça manipulações, que impeça crimes."


Então, o deputado, com o poder que tem, poderá, celeremente, encaminhar o tema em tempo hábil desde já, pois estamos praticamente a um ano das eleições.


9 – Numa roda de conversa, em final de tarde, na Casa de Memórias Tarcísio Delgado, no bairro Granbery, o ex-deputado Júlio Delgado foi convidado a participar, com outros convidados, da análise da conjuntura política local, com foco na próxima eleição para prefeito. Ele é pré-candidato à prefeitura. No ano passado, candidato pelo PV, que faz parte da Federação partidária PT, PV e Pc do B, não logrou êxito na tentativa de reeleição à Câmara Federal, onde exerceu vários mandatos. Hoje, está na assessoria do presidente do Senado.


Caso queira mesmo ser candidato, deverá procurar outro partido, pois o PV, devido à federação partidária, deve apoiar o candidato do PT. Nos bastidores, comenta-se que a opção seria o MDB.




Os apelos à abstenção eleitoral, como forma de resistir a forças políticas, são coisa antiga. Pelo menos em Juiz de Fora, onde, em janeiro de 1906, o Centro das Classes Operárias, em formação, pospôs que os eleitores se abstivessem da escolha de deputados federais e senador. Seria uma forma de protesto contra a indiferença dos políticos da cidade frente à miséria das vítimas da enchente do Paraibuna naquele mês. Houve reação do Partido Republicano, denunciando a campanha como “indiferentismo criminoso pelos negócios públicos, raça decadente sem fé e sem ideal”.



terça-feira, 22 de agosto de 2023

 


Ministério incompleto


((Wilson Cid, hoje, no "Jornal do Brasil" )


Ao completar o oitavo mês de governo, é possível que o presidente Lula não tenha como identificar qual o problema que, entre muitos, mais preocupa e compromete o sono; mas, confessando ou não, certo que verdadeiramente o atormenta é a visível insegurança do ministério, que padece da singular instabilidade de não estar completo, e, não obstante, submeter-se a constantes acenos de minirreforma. São mudanças que se antecipam a uma obra política por concluir. Pois incompleto, inseguro e permanentemente susceptível de novidades, o primeiro escalão teve parcela considerável no quadro das dificuldades do primeiro semestre e, sem cerimônia, estendidas para os meses seguintes, como é visível.

Começa pela particularidade de reformar algo incompleto. A explicação não comporta segredos, pois os grandes cargos do governo federal têm de estar à mostra e sob oferta de ocasião, porque sem o destino deles não há como consolidar negociações para os votos parlamentares. Sujeito a essa realidade, o presidente não tem alternativa. Talvez não durma bem, porque no dia seguinte tem de conversar com o poderoso Arthur Lira, regente da votação das matérias que estão ligadas à sorte do governo. Não se brinca com ele, porque, com a batuta para facilitar ou dificultar as coisas de sua orquestra fiel, sobrepõe-se um detalhe nem sempre percebido nesse representante alagoano: ele está sendo forçado a falar grosso e exigir muito, para mostrar a força do Legislativo, que vive o momento delicado em que Lula e o Supremo Tribunal Federal, dois poderes de tal forma aliados e bem entendidos, conseguem conter a expressão do parlamento. Lira é a voz do terceiro poder asfixiado, que precisa gritar.

( Para amenizar esse cenário tripartite defeituoso, o governo satisfaz as condições impostas pela Câmara. Paciência. E insinuar, como fez recentemente o ministro Haddad, que os problemas estão na insaciabilidade dos deputados. Ou xingar, como fazia Jânio Quadros, que via no Congresso um clube de ociosos, em permanente dissidência ideológica; e onde o próprio Lula, quando deputado, identificava ali a soleira de trezentos picaretas...)

Quando se aproximava o fim de semana as expectativas em Brasília indicavam que estaria próximo - questão de horas – o desfecho dos entendimentos com o Centrão para confiar novos cargos ao PP e ao Republicanos, o que acabou resultando impossível, por causa de uma expedição do presidente à África, o que de certa forma coincidiu interesses de Lula e Lira, ambos empenhados num jogo da perseverança e resistência. Jogo entre quem quer mais do que o outro pretende dar. Enquanto isso, a corda estica.

Os ministros da atualidade, salvo alguns completamente desajeitados, têm se esforçado para mostrar que planejam ou promovem, mas sob o espectro das composições parlamentares, sujeitos à degola. Como também há os que vivem regime de divisão de atribuições decretadas por simpatias pessoais, como o ministro das Relações Exteriores, confinado no gabinete, enquanto o presidente dá ao diplomata amigo Celso Amorim a missão de ir a Havana estreitar os laços com Cuba, e conversar com delegação de democratas americanos. Por que não atribuição ao discreto chanceler?

Em suma. O governo corre o risco de completar seu primeiro ano plantado num escalão inseguro, incompleto, permanentemente refém do painel luminoso onde aparecem os votos dos deputados. O que certamente não faz bem à saúde presidencial.

Reforma de ricos e pobres

A reforma tributária, cuja importância e urgência não há negar, terá um dia decisivo no 29 que se aproxima, quando todos os governadores serão chamados pelo Senado a se manifestarem sobre a matéria, cada qual com diferentes aspirações dos estados que representam. É sabido que, ao lado de muitas questões que os unem, há também velhas divergências, as mesmas que, hoje como sempre, separam as unidades ricas e as pobres. Se os entendimentos são diversos e detalhes que muito conflitam os estados com a União, caberá ao Congresso, a partir de então, trabalhar por um consenso, o que significa conseguir que cada lado faça alguma concessão: o governo federal contenha um pouco seu projeto de arrecadar muito e distribua melhor; e os governadores chamados a entender que o bolo tributário não pode desconhecer que alguns são mais pobres e outros mais ricos. Não é fácil, mas não se divisa outra solução, em nome de um mínimo de convivência – já não se diz de harmonia – no corpo federativo.

O presidente do Senado, autor da proposta dessa reunião de fim de mês, joga seu prestígio na argumentação, mas deve saber que nisso também vai testar a capacidade de sensibilizar o governo que lhe é simpático, e tentar conter um pouco as ânsias do Erário.

Interessante observar que não apenas nessa reforma, os desafios vão se acumulando para pôr à prova a Federação, que geralmente tem se comprazido em dar nome oficial à República, às estampas e aos brasões. E pouco mais que isso. Mas toda vez que se fala em medidas estruturais, qualquer reforma, as bases da vida nacional haverão de reclamar o sentimento federativo. Já se falou muito nisso, assunto calejado, mas nunca o suficiente para preocupar os poderes. Não diferentemente agora, quando entra em pauta a revisão das bases de cobrança e distribuição das rendas.

Mexeu no bolso, fica difícil falar em patriotismo.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

 


Eleição 2024 em pauta (XXXIII)

G1 - Zona da Mata noticia que o Hospital Universitário receberá R$ 180 milhões para conclusão das obras na unidade de saúde do Bairro Dom Bosco, recurso proveniente do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A informação foi divulgada na terça-feira pela UFJF e prefeitura, durante entrevista coletiva da prefeita Margarida e o reitor Marcus David. Todos sorridentes na apresentação da boa-nova para Juiz de Fora e região, mas também pensando no impacto disso nos projetos políticos do grupo da prefeita, que tem duas eleições pela frente em 2024: a eleição para a reitoria e sua candidatura à reeleição na PJF.

2- Nos bastidores aumentam as apostas de que o reitor David, que está concluindo mandato na universidade, tem possibilidade de ser o vice de Margarida na chapa do projeto de reeleição.

3 – Muita discussão - e como sempre inconclusa – sobre a discrepância entre o número de eleitores do município, quando comparado com o volume da população. No segundo turno da eleição passada, eram 418 mil para votar, enquanto o IBGE custa a nos tirar dos pouco mais de 540 mil habitantes. É antigo o contraste. Pode ser que tenha muita gente” votando” do outro lado da vida…

4 - Foisancionada pela prefeita alei originária de projeto de lei complementar (PLC) de autoria do vereador Maurício Delgado (União) permitindo a expedição de alvará de localização e funcionamento e/ou sanitário (mesmo que não haja escritura, mas outro documento comprobatório do uso do imóvel) para o desenvolvimento de atividades econômicas na área rural de Juiz de Fora.

A lei começa a valer no dia 10 de novembro. O comércio local será beneficiado em Torreões, Humaitá de Minas, Monte Verde, Rosário, Penido, Valadares, Sarandira, Caeté, Toledo, Pirapitinga, Angolinha e Pires.

São mecanismos criados para que empresários, comerciantes e prestadores de serviços possam gerar novos empregos e renda, além de obterem a regularidade perante os órgãos públicos e a possibilidade de participar de licitações.

O vereador Maurício Delgado pretenderia, na eleição de 2024 disputar a prefeitura, segundo se ouve nos bastidores, mas sabe também da mesma pretensão do primo Júlio Delgado. Com dois pré-candidatos a prefeito, a família Delgado precisará, primeiramente, construir o consenso em família.

5 - O deputado Lafayette Andrada é o relator do projeto que aceita legalmente e regulamenta a profissão de lobby, que passa a ser definida como “representação de interesses“, eliminando-se uma atividade muitas vezes exercita ocultamente. Para que se tenha ideia de como é antigo o assunto, basta lembrar que já se falava nisso quando Lafayette foi vereador em Juiz de Fora.

6 - Destaca o Jornal Folha de São Paulo que os líderes partidários no Congresso e os dirigentes partidários querem que o fundo eleitoral seja aumentado.

Relembrando a campanha de 2022 (eleições gerais), foram usados quase R$ 5 bilhões de dinheiro público para financiar despesas de candidatos à presidência da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual

Para 2024, os líderes envolvidos na discussão do Orçamento argumentam que o valor do fundo eleitoral precisa aumentar, pois o quantitativo de vagas e de candidatos será ainda maior.

7 - Os defensores da majoração do valor do fundo eleitoral lembram que em 2020, última eleição municipal, foram disputados 58.208 cargos de vereador, além dos postos de prefeito e vice-prefeito em 5.568 municípios. Com o fim das coligações em eleições proporcionais (no caso de vereadores), a campanha precisaria de mais financiamento. Segundo eles, em 2020, devido às restrições da pandemia, os gastos foram limitados.

Conclui-se. Os parlamentares não estão preocupados com o desgaste junto à opinião pública. E mais: oargumento de que o financiamento público igualaria os concorrentes na eleição não vingou; pelo contrário, concentrou mais recursos nas mãos dos dirigentes partidários, que geralmente são parlamentares. Não se evitou a existência de caixa dois, mesmo com proibição legal. Por consequência, fica cada vez mais consolidada a presença de políticos veteranos comandando o parlamento, e, por conseguinte, o país.

9 - Notícia de ontem é que, vencendo dificuldades, os partidos de esquerda de Belo Horizonte caminham para indicar candidato único à prefeitura, embora ainda sem um nome consensual. Pelo andar da carruagem, e pelo que se ouve, essa unidade pode ser, em Juiz de Fora, diferentemente, o principal desafio para a direita…

10 – Uma reflexão sobre o desempenho eleitoral. Alguns pretendentes à prefeitura, conforme notícias das redes sociais, participaram do processo eleitoral do ano passado, concorrendo ao cargo de deputado federal. Ao pesquisar o noticiário da época (G1 Zona da Mata), verifica-se o seguinte desempenho: 1- Ione Barbosa, 44.084 votos (15,33%); 2 - Sargento Mello, 13.598 votos (4,73%); 3 - Júlio Delgado, 9.899 votos (3,44%); 4 - Charlles Evangelista, 9.139 votos (3,18%). E registrados votos brancos 7,15%, e nulos 6,32%.

Antes que algum leitor estranhe, é importante frisar que as eleições gerais são diferentes das municipais. As conjunturas são diversas e os tempos são outros. Não há total identidade entre os dois processos. Entretanto, os dados mencionados sobre o desempenho dos candidatos junto ao eleitorado revelam sua capacidade de inserção naquela ocasião. O resultado eleitoral recente é indicador a ser considerado no cálculo eleitoral do candidato, do partido e dos concorrentes para as eleições de 2024.

11 – Ontem, centenário de nascimento do genial Millôr Fernandes, vale lembram muitas coisas sábias que ele andou dizendo pela vida afora. Por exemplo: o poder é sempre da direita. Vença quem vencer a eleição, quem manda são os homens da direita,

Sempre, quando se aproximam as eleições, observadores políticos gostam de formular uma observação de prudência. É o cuidado na avaliação dos candidatos a vice, na maioria das vezes escolhidos com base nos interesses do momento e das conveniências partidárias. Vale para as chapas de candidatos a prefeito, governador e presidente da República. Vejamos no cenário nacional, de 1889 a 1930, tornaram-se presidentes os vices Floriano Peixoto, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Wenceslau Braz e Delfim Moreira. Depois de 30, Nereu Ramos, Café Filho, João Goulart, José Sarney. Itamar Franco e Michel Temer. O vice é sempre uma esperança de plantão.