Eleição 2024 em pauta ( LXI )
PECULIARIDADES
Quem conhece bem a política da cidade lembra que, em termos de eleição para prefeitura, ocorrem algumas peculiaridades. Um curioso cita o período da Nova República ( a partir de 1985 ): com o processo de redemocratização do país várias forças política foram emergindo país afora.
Juiz de Fora já tinha Tarcísio Delgado como prefeito desde 1983, pelo MDB, partido que obteve ampla vitória nas eleições de 1982. Ele teve o primeiro mandato de seis anos ( gestão "Todos Juntos" ), e não elegeu sucessor nas eleições de 88. Tarcisio apoiou a chapa do MDB, sendo Murílio Híngel para prefeito, e Margarida Salomão para vice, ambos ex-secretários municipais de sua gestão. Outro concorrente à época foi Custódio Mattos (PSDB), também ex-secretário municipal da mesma gestão. Com o racha do grupo tarcisista a vitória foi do radialista Alberto Bejani, novato na política local.
PECULIARIDADES (II)
Tarcísio e seus antigos secretários governaram o município por maior parte do tempo desde 1983; nesse período, de aproximadamente quatro décadas, ele se elegeu para três mandatos, Custódio se elegeu para dois, e Margarida se elegeu para um mandato. Com outras origens políticas, Bejani e Bruno Siqueira se elegeram para dois mandatos cada um. Outro dado interessante: o eleitor juiz-forano gosta de reeleger prefeito. Considerando tal premissa, a prefeita Margarida tem o favoritismo para a eleição de outubro.
( Na verdade, a tendência para a repetição já vinha dos anos 50, quando Olavo Costa e Adhemar Andrade sucederam-se por 16 anos ).
Outro aspecto, analisado pelo atento analista, é a repetição das profissões de vice-prefeitos eleitos no citado período. Em sua maioria médicos, atuantes na política, mas que não conseguiram se tornar prefeitos. A maioria dos vices (médicos de profissão) também foram majoritariamente vereadores: João Carlos Arantes, Ivam de Castro, Eduardo de Freitas, Antônio Almas. O médico Sebastião Helvécio foi várias vezes deputado estadual, e também vice-prefeito. Já o médico João César Novais sempre foi dirigente partidário no MDB, e também vice-prefeito.
VICE MÉDICO
Assunto que os interessados têm procurado deixar longe do noticiário, sem poder negar o fundamento: a sucessão municipal de Juiz de Fora é objeto de conversas no gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; ele cada dia mais candidato a governador de Minas. Tem sido conversado, com simpatia, a possibilidade de o vereador Antônio Aguiar tornar-se vice na chapa da prefeita Margarida.
Seria manter a tradição de um médico na vice.
POLARIZAÇÃO
A deputada estadual Sheila Oliveira e o ex-deputado federal Charlles Evangelista registram, nas redes sociais, a presença deles no ato político ocorrido na Avenida Paulista, em São Paulo, domingo passado, onde o protagonista do evento foi o ex-presidente Bolsonaro.
Charlles é pré-candidato a prefeito pelo PL, o mesmo do ex-presidente. Ele e a deputada aparecem em fotos e vídeos vestidos em verde e amarelo, em meio à multidão bolsonarista.
Evangelista faz questão de mostrar que é seguidor do ex-presidente, e fará uma campanha eleitoral com o viés da polarização com o PT.
JANELA PARTIDÁRIA
Vereadores que serão candidatos neste ano têm prazo de 7 de março a 5 de abril para mudar de partido. A escolha de nova sigla não afeta mandatos do ponto de vista legal. O prazo, conhecido como janela partidária, é esperado com ansiedade na Câmara.
As negociações das legendas com os vereadores dispostos a concorrer por novo partido, segundo se ouve dizer, envolvem propostas variadas, podendo até surgir garantias de financiamento da campanha eleitoral.
No caso de JF, conforme notícias de bastidores, espera-se a mudança de partido em torno de 80% pelos atuais 19 membros do Legislativo Municipal
ALIANÇA POLÍTICA
O Partido Social Democrático de Minas Gerais (PSD-MG) anunciou, na segunda-feira, a pré-candidatura de Fuad Noman para disputar a prefeitura de Belo Horizonte. Fuad é prefeito hoje, devido a renúncia de Alexandre Kalil, em 2022, para ser candidato a governador, com o apoio do PT mineiro. Kalil, embora derrotado em primeiro turno pelo governador Zema, teve boa votação.
Especula-se nos meios políticos da capital que o senador Rodrigo Pacheco tem interesse numa aliança com o PT/MG, nas eleições municipais e na de 2026.
E BH está na pauta das conversações. O PT tem com pré-candidato a prefeito o deputado federal Rogério Correia. Mas o presidente Lula quer um acordo com o PSD desde já, e sinaliza a possibilidade de apoiar Pacheco para governador.
IMPEACHMENT
O pedido de impeachment do presidente Lula havia reunido 134 assinaturas de deputados até o início da tarde do 21. Entre as assinaturas está a da deputada federal Ione Barbosa (Avante), com base eleitoral em Juiz de Fora.
Através de sua assessoria, ela divulgou que esteve reunida com parlamentares da Frente Evangélica, e decidiu assinar o pedido de impeachment do presidente pelas declarações contra Israel, feitas durante viagem à Etiópia.
Para a deputada, Lula atacou de forma direta o povo judeu, quando comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto..
"A fala do presidente é algo que deve ser condenado. O mínimo que se espera é uma retratação urgente. Aqui na Câmara dos Deputados, estamos fazendo a nossa parte".
Apesar da mobilização, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dizem que são nulas as chances de ele encaminhar o pedido de impeachment. Cabe ao presidente da Câmara aceitar ou não a denúncia e abrir o processo.
Passam-se s 94 anos. Em 1930 a cidade estava motivada com a chegada do primeiro dia de março, quando seriam realizadas eleições para presidente e vice-presidente da República, um senador e deputados federais. Naquele dia aviões do governo sobrevoaram a zona central, espalhando panfletos, convidando a população a votar em Júlio Prestes para presidente, esperança que nunca se concretizaria, porque Júlio só foi indicado depois que se sacrificou a candidatura de Antônio Carlos, que era da cidade. Disputava com Getúlio Vargas. As urnas de Juiz de Fora deram o recado: Getúlio, 3.198 votos; Júlio Prestes, 696.