Eleição 2024 em pauta (LXVI)
FESTA NO MDB
Na manhã de terça-feira, o MDB fez festa, em sua sede, para reaver a filiação do ex-prefeito Tarcísio Delgado, que, aos 87 anos, carrega robusta biografia política: o mais longo mandato na prefeitura, várias vezes deputado estadual e federal, entre outras muitas atividades na vida pública. Cerca de 400 pessoas foram abraçá-lo, e saber que o partido tem pré-candidato à prefeitura: o filho dele, Júlio, ex-deputado. Entre os presentes, Marlon Siqueira, único emedebista na Câmara, e, especialmente homenageado, o empresário Wilson Rezato, que, em 2020, disputou a prefeitura, e teve 118 mil votos. Tudo para ser cortejado por qualquer partido.
O presidente estadual emedebista, Newton Cardoso Júnior, veio de Belo Horizonte para prestigiar o acontecimento. Disse ele que o partido tem uma larga história, e nela Juiz de Fora é um cenário privilegiado.
RECESSO BRANCO
Há um acordo para que deputados possam voltar às suas bases eleitorais nas últimas horas da denominada “janela partidária”. O que significa que a Câmara não terá votações neste final de semana.
Prevê-se que os trabalhos legislativos voltem ao normal na próxima semana. O recesso branco foi negociado entre líderes partidários, em atenção aos parlamentares voltados para as eleições municipais.
Relembrando que a “janela” permite que vereadores troquem de legendas; mas nada além deste fim de semana.
É comum, nesta época, o deslocamento de deputados para seus municípios, tentando, com sua presença, influenciar nas negociações para definir nomes que vão concorrer às prefeituras e câmaras municipais em outubro.
PESQUISAS
As pesquisas de opinião no período eleitoral (ou antes) são instrumento científico de levantamento de dados, que podem instruir análises políticas. Mas sempre trazem controvérsias, pois os resultados, se agradam a alguns, desagradam a outros.
Pelo calendário do TSE, desde início de janeiro as pesquisas, para serem divulgadas, precisam estar devidamente registradas junto à Justiça Eleitoral da circunscrição em que forem realizadas.
Em Juiz de Fora, quando a conversa é eleição municipal, sempre surgem notícias sobre resultado de pesquisa revelando intenção de votos para candidatos à prefeitura. Mas são consideradas tendenciosas, exatamente por não serem registradas.
Analista político frequente no calçadão da rua Halfeld, relatou, dias atrás, pesquisas para a prefeitura, que soube, mas não tinha como assegurar a veracidade.
Para um analista, irônico: um terço dos eleitores vota no PT, o outro um terço não vota no PT, uma parcela vota "branco ou nulo" (10%). E outra parcela significativa não comparece (20%). Conclui, dizendo que a eleição de 2024 será decidida no segundo turno.
PROTESTO GERAL
Servidores municipais em greve, militantes de partidos, de direita e de esquerda, decidiram fechar a Semana Santa com manifestação pública, no Calçadão e no Parque Halfeld, alinhando, num protesto único, o presidente Lula, ministros do Supremo Tribunal e a prefeita Margarida Salomão. A tônica dos discursos era a convicção de que os poderes se uniram num projeto sinistro para destruir o povo.
Os manifestantes optaram por criar bonecos grotescos para ridicularizar suas vítimas, principalmente a prefeita. As redes sociais não deixaram por menos,
O NOVO
A CNN Brasil trouxe reportagem sobre o partido Novo, que tem como sua maior expressão o governador de Minas, Romeu Zema, reeleito em 2022.
As próximas eleições são tratadas como passo fundamental para, na disputa de 2026, atingir resultados de partido de porte médio. Em outras palavras: superar a cláusula de desempenho.
Em março, a sigla atingiu a marca de 50 mil filiados, conforme dados do TSE. A meta era chegar a esse patamar em agosto, de acordo com o presidente nacional, Eduardo Ribeiro. “Somos, hoje, o partido com maior saldo de filiações do país. Havíamos programado disputar eleições em cerca de 300 municípios, mas a ideia é chegar próximo das 500 cidades”, disse ele.
O Novo quer mais protagonismo como partido de direita e oposição à esquerda. Para essa meta, ambiciosa, hoje aceita o financiamento partidário, que tem a parcela majoritária de recursos de fundo público.
Na cidade, aguarda-se a definição do nome do candidato ou candidata que disputará a prefeitura. Lembrando-se da possibilidade de a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Beth Jucá, recém-filiada vir a concorrer.
APADRINHAMENTO
Matéria de "O Tempo" fala sobre pré-candidatos da capital mineira. Antes mesmo da definição sobre os nomes, postulantes ao pleito já travam, nos bastidores, a batalha pelo apadrinhamento de figurões da política nacional.
Apoios cobiçados. O apoio do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) despontam como os mais cobiçados. Contudo, é também desejado o apoio de ministros, deputados e senadores pelos pré-candidatos que precisam vencer o desconhecimento por parte do eleitorado da capital.
Peso da rejeição. Os especialistas de plantão sempre lembram que pode pesar, na balança, a rejeição que o candidato carrega junto aos eleitores.
Esta semana, a imprensa e a TV deram inusitado destaque à cidade, por força da passagem dos 60 anos do golpe que derrubou o presidente João Goulart, e abriu as portas para uma ditadura que duraria 21 anos. Tudo pelo fato de terem partido daqui, sob o comando do general Mourão Filho, as tropas que se encarregaram de realizar aquela obra. Chamado a prestar depoimento, para jornais e TV, sobre aqueles idos, por ter sido repórter que acompanhou os acontecimentos, procurei salientar alguns aspectos instigantes; até hoje não suficientemente explicados. O primeiro deles é o papel dos serviços de inteligência e contrainteligência do governo, que não perceberam ou desdenharam de uma conspiração claramente em curso, até com data marcada para o golpe – 14 ou 19 de abril – previsão que o general Mourão alterou, e antecipou os fatos, sob o pretexto de que a quebra da hierarquia militar não podia esperar mais. O embaixador americano, Lincoln Gordon, protagonizava na oposição, e o Palácio não cuidou de pedir explicações. Outra estranheza. Hoje, basta o presidente se sentir desprestigiado, e o embaixador é logo convocado.
Em Juiz de Fora, escancaravam-se os preparativos para o golpe. Contei, para uma emissora de TV, que, nas vésperas, era frequente o avião do governador Magalhães Pinto pousado na Serrinha. Reuniões a bordo, porta fechada, com os generais Mourão e Luiz Guedes, o secretário de Segurança, Monteiro de Castro, emissários do Rio e comandante da PM de Minas. Na manhã de um daqueles dias (talvez 19 de março), o governador desembarcou para um rápido cafezinho. Perguntei o que estava acontecendo, mas ele desconversou: assuntos de rotina administrativa…
Outra coisa. A historiografia definitiva de 64 haverá de contemplar, igualmente, se não com destaque ainda maior, o estudo das articulações que geraram a poderosa aliança que, sob o descuido do governo João Goulart, fez prosperar a direita radical, e unir as alas mais conservadoras da Igreja e da UDN. Por que tão decisiva aquela associação? Porque foi, por essa via, que o golpe haveria de ganhar simpatias e aplausos de segmentos expressivos da classe média, que engoliu, goela abaixo, o crescente fenômeno da “comunofobia”: via-se o comunismo transpirar por todos os polos do Brasil. E a insegurança de uma sociedade conservadora, que temeu o impacto de reformas estruturais prometidas,. a um só tempo, por atacado e “na marra”.
Isto deve ficar claro, porque, se os militares ameaçaram com canhões, para golpear a normalidade democrática, cabe lembrar que tiveram rápida acolhida, até extremas manifestações de desprendimento popular, como se deu, em Juiz de Fora, com a campanha “Ouro para a democracia”, que pôs, em fila, milhares de senhoras, que rezaram o terço e entregavam anéis, alianças e colares valiosos “para salvar o Brasil do iminente perigo comunista”. Nunca se soube em que mãos foram parar aquele ouro. Mas sabemos onde fomos parar todos nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário