E L E I Ç Ã O 2 0 2 4 E M P A U T A (LXIII)
SOBRE A PESQUISA
A primeira reação provocada pela pesquisa que a F5 Atualiza Dados promoveu sobre a sucessão municipal traz duas questões pontuais. A primeira é que, tendo sido realizada com quatro meses e meio de antecedência, autoriza admitir que muita coisa pode se alterar no quadro da disputa, como, aliás, adverte a maioria dos políticos chamados a avaliar. Mas surge também um detalhe interessante: o tempo é longo, mas não há previsão de grandes novidades em relação a outros nomes; os que vão concorrer são os que a pesquisa mostrou aos consultados. São raras as esperanças de surgimento de novo personagem, inovador, capaz de sensibilizar e modificar o quadro e o rumo das coisas; para frustração de 60%, que não aceitam qualquer dos pré-candidatos já conhecidos. Portanto, se resta muito tempo para oscilações, também é verdade que os participantes da composição são os que estão aí; afora imprevistos.
Uma segunda questão, tomados os números em consideração. Esperava-se que a prefeita Margarida estivesse um pouco acima dos 26,5% que lhe foram dados, considerada a avaliação de sua administração; e a deputada Ione Barbosa ficasse abaixo dos 18,5% indicados na preferência. Um outro ponto – este relevante, se admitido o segundo turno como inevitável - é o papel de Charlles Evangelista, do PL, que aparece em terceiro lugar, com 15,4%. Fosse hoje a eleição, uma aliança dele com a deputada Ione teria grande influência.
Um dado paralelo, para recomendar prudência nas avaliações, é que quase 30% dos entrevistados distribuem-se, hoje, entre indecisos, votos nulos, brancos e eleitores que preferirem não dar resposta ao questionário.
SOBRE A PESQUISA (II)
No podium estão Margarida (PT), 26.53%; deputada Ione (Avante), 18.55%; e Charlles (PL), 5.40%. No segundo bloco, Júlio (MDB), 5,77% e Isauro (Republicanos), 3.17%. Se considerada
a margem de erro, Ione e Charlles estão tecnicamente empatados, no segundo lugar.
A rejeição da prefeita (34.89%) é a maior entre os candidatos; quase equivale ao somatório das intenções de votos dos concorrentes.
É preciso aguardar as próximas pesquisas para se ver como será desenhada a história da campanha dos prefeitáveis da cidade.
INIMIGO ÚTIL
Foi do “Jornal do Brasil”, anteontem, um registro instigante, que vai transcrito aqui: "Pode parecer esquisito, mas Lula precisa do ex-presidente, se quiser contrastar para vencer. O que significa que, objetivamente considerada, não lhe interessa a inelegibilidade do antecessor, embora duas vezes afirmada no Tribunal Superior Eleitoral, e, agora, em instância final, à espera da relatoria do ministro Fux. Seria ruim para os planos lulistas de um quarto mandato essa condenação irrecorrível. Os gabinetes de Lula deviam pensar nisso".
"A teoria das hipóteses, muitas vezes validada na política, faz pensar que, chegando 2026, o confronto seria, de novo, o único projeto da esquerda para se manter no poder. Mas a ausência de Bolsonaro no campo oposto, com toda certeza, esvazia o longo investimento da contestação sem tréguas. Bem pensando, Lula devia torcer para o Supremo não engavetar o adversário útil, ainda que fique exposto ao risco de o feitiço virar contra o feiticeiro. Parece imprudência, mas pode ser que não seja".
LANÇAMENTOS
No sábado, o PL movimentou o Calçadão da rua Halfeld, em campanha para aumentar o número de filiados, e, consequentemente, avançar na candidatura de Charlles Evangelista à prefeitura, já apontado como o terceiro colocado, em recente pesquisa. O partido não informou quantas foram as adesões. Um detalhe sobre o PL: o partido está entre os mais robustos no fundo partidário e terá bons espaço de propaganda na TV.
No dia 23, às 19 horas, no Hotel Ritz, a deputada Ione Barbosa lança sua candidatura à prefeitura. O que põe fim às especulações sobre possível desistência. No convite que tem enviado aos correligionários, diz ela que sua proposta se inspira num trabalho destinado a devolver a Juiz de Fora o protagonismo que merece.
O VICE
Na composição das chapas, a experiência mostra que, mais importante que ajudar, é o vice não atrapalhar… É o que torna delicado o processo de escolha dos companheiros de chapa.
O VICE (II)
Duzentos e vinte e quatro membros do PT assinaram carta ao diretório municipal para repudiar uma possível aliança com o PSB, dela resultando a indicação do vice na chapa liderada pela prefeita Margarida Salomão. Alega-se que, se o partido socialista já foi aliado histórico em outras eleições, não agora. Os petistas afirmam que não teriam cara para descer a rua Halfeld com militantes e candidatos de uma aliança que consideram espúria. A carta, embora endereçada ao diretório, já foi tornada pública, o que dificulta tentativa de conciliação.
Os descontentes não levam em conta que, com o perfil previsto para a eleição de outubro, a prefeita tem necessidade de botar um pé no tereno político do centro, mesmo com algumas cores da direita.
CADASTRO
Desde o último dia 9, e até 5 de novembro, está suspenso o recebimento de solicitações de alistamento, transferência e revisão eleitoral em todas as unidades da Justiça. Encerrado o prazo, em Juiz de Fora foi aproveitado por longas filas de eleitores, que guardam a tradição de deixar a providência para a última hora, a Justiça terá como anunciar, nos próximos dias, o tamanho exato do colégio apto a votar em outubro.
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Está nos planos da direção da Câmara, que merece ser estimulado, relacionar, e futuramente publicar, episódios de real importância da história do Legislativo municipal, que, durante muitos anos, foi também o poder Executivo, exercido pelo vereador presidente da casa. Certamente, os responsáveis pelo projeto haverão de reservar espaço para fatos curiosos e pitorescos, que nunca faltaram.
Conto um: até 1906, quando os automóveis começaram a frequentar as ruas, uma lei proibia que carros de boi trafegassem pelo centro, limitados apenas a alguns bairros. Alegava-se que eles danificam demais o calçamento. Protesto geral dos fazendeiros, entre os quais, um, da prestigiosa família Afonso, de Paula Lima, infringiu a lei. Contava Paulino de Oliveira que, multado ao descer a rua Halfeld, recorreu, porque mostrou aos fiscais que o carro não era puxado por bois, mas por vacas. E a lei se referia apenas aos bois. Escapou da multa…
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