Eleição 2024 em pauta ( LXIV)
“TOMA NOTA AÍ…
...para cobrar depois: vamos ganhar a eleição para a prefeitura”, ditou o ex-prefeito Tarcísio Delgado a um interlocutor, a propósito da candidatura de seu filho, Júlio. Para tanto, acrescenta que está com total animação. Foi durante um almoço de confraternização, promovido pelo empresário libanês Ibraim El-Kouri, na terça-feira.
O presidente do diretório municipal do MDB, João César Novais, também participou. Sobre a previsão otimista, ele acrescenta a esperança no desempenho da aliança, da qual fazem parte, para a eleição de outubro, o Solidariedade, PSDB, Podemos e Cidadania.
Há uma convicção, entre os emedebistas, de que o primeiro desafio, para se chegar à prefeitura, é remover a deputada Ione Barbosa do segundo turno; e disputar a final, com a prefeita Margarida. Uma primeira pesquisa indica que seria para Ione o acesso à desejada vaga na segunda rodada de outubro.
PELA UNIDADE
O diretório municipal do PT tem expressiva resistência à proposta de aliança com o PSB, porque isso resultaria, como consequência natural, ceder ao aliado a indicação do vice para compor a chapa da prefeita Margarida. Colocada a questão, na semana passada, foram 21 votos favoráveis e 16 contrários à aliança. Evidentemente, um consenso ficou distante, e a direção do partido tem de trabalhar para que a divergência não comprometa a unidade da campanha.
A menor ou maior facilidade para a superação do problema vai depender do nome que a legenda socialista indicar. Tem de ser o menos diferente possível do programa e das ideias dos petistas. Não é tarefa das mais fáceis, se considerados alguns dos nomes já aventados.
COMO VENCER
A capacidade de êxito de um candidato a prefeito mede-se, certamente, pelo conjunto de fatores que, durante a campanha, se aliam a seu favor. Os partidos, em geral descaracterizados, já não são os primeiros a influir. Concorrem, então, a simpatia pessoal, as propostas e a análise da vida pregressa.
Mas há também poderosos fatores substantivos, como a disponibilidade de tempo de propaganda no rádio e na TV, e os recursos do fundo partidário, que prometem ser muito generosos com o PL Nos dois detalhes, o primeiro entre os mais beneficiados é o candidato Charlles Evangelista.
IDEIAS NA RUA
Circula o primeiro panfleto da campanha, nos seus passos iniciais. O Novo, apelando para novas filiações, propõe a redução para 15 o número de vereadores, e, para eles, remuneração baseada no vencimento dos professores municipais. Mais: redução de 30% do IPTU de famílias que tenham apenas um imóvel, e isenção total do imposto para quem ganha até três salários mínimos. Um total de 20 propostas básicas, entre as quais, não menos corajosa, a extinção de todos os cargos preenchidos sem concurso.
(O Novo fica devendo uma explicação: como pretenderia fazer a prefeitura funcionar… ).
DIA DE IONE
O foco desta quinta-feira está na deputada Ione Barbosa. Às 19 horas, no Hotel Ritz, durante um encontro regional do Avante, ela será lançada candidata à prefeitura, cargo que disputou, há quatro anos, ficando em terceiro lugar. A segunda colocação, naquele ano, foi para o empresário Wilson Rezato, que não disputa mais. A ausência dele tem sido indicada como um dos fatores de estímulo ao projeto da deputada.
Com a reunião de hoje, o partido pretende afastar, de vez, as especulações sobre sua possível desistência de concorrer.
O PRIMEIRO
O partido Novo já divulgou o nome de seu candidato a vice-prefeito, na chapa liderada pelo advogado João Inácio, que promete liderar a chapa. O vice é Ruan Carvalho, estudante universitário e motoboy.
Quase sempre, o fecho da chapa, com a escolha do vice, fica para a última hora, dependendo das alianças e do desenrolar das convenções. O Novo não esperou.
INFLUÊNCIA
Segundo O Globo, pode ser baixa a influência de governadores nas eleições das capitais. E o presidente da República também pouco influente no processo de escolha.
A cerca de cinco meses das eleições, 20 de 26 governadores já anunciaram os candidatos que vão apoiar em suas capitais. Apesar de disputado pelos pré-postulantes, o aval dos chefes estaduais tem baixo impacto nas urnas, segundo o histórico de 2016 e 2020: menos de um terço dos prefeitos eleitos tinha o apoio do gestor estadual. Em contrapartida, metade dos que saíram vitoriosos teve ligação com o grupo político que comandava o executivo municipal.
"Na eleição municipal existe uma certa autonomia dos políticos locais em relação às dinâmicas nacionais e estaduais. Isso explica porque é cada vez menos importante que o candidato tenha o apoio de um presidente ou do governador do estado - avalia a cientista política Mayra Goulart, da UFRJ."
Enfim, as teses sobre quem é influente nos pleitos municipais estão em debate, novamente, neste ano.
Após as apurações de outubro fica demonstrado qual é a tese vitoriosa. Embora a história já tenha registrado o predomínio de fatores locais determinando os resultados eleitorais nas cidades.
OS VICES
Continuam, circulando nas reuniões políticas, intensas especulações sobre nomes para vice nas chapas dos candidatos a prefeito. No PT, uma corrente do diretório ainda reage a qualquer nome indicado pelo PSB. No MDB vai se consolidando o projeto de confiar a indicação aos tucanos.
(Em relação ao MDB, pode-se afirmar: se a indicação do vice dependesse apenas da vontade de Tarcísio Delgado, seria o atual presidente, João César, que agradece, mas não aceita).
A força política municipal mais expressiva, nos primeiros anos da década de 50, foi exercida pelo velho PSD, que tinha, em suas fileiras, grandes articuladores, como Itamar Rattes Barroso, e bons oradores, destacando-se, entre eles, Infante Vieira e Manuel Gomes Filho. Gente que também ganhou destaque no Estado, como João Beraldo, que foi interventor, Pedro Marques, vice-governador e prefeito, João Penido, um dos deputados mais influentes de seu tempo, Antônio Carlos, presidente de Minas e do Brasil, Hermelino Gato, Álvaro Braga, Eduardo Menezes Filho e Olavo Costa.
De todos, Olavo Costa passou à História política como o mais talentoso para ganhar eleição. Sua primeira campanha, em 1950, para a prefeitura, começou com um discurso que fez em cima de um muro, que criava problemas na rua Silva Jardim. Prometeu que, elegendo-se, mandaria derrubar o muro. Venceu e o derrubou.
Era cuidadoso em prestigiar os correligionários. De certa feita, estando com uma delegação no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o governador Bias Fortes o chamou para uma conversa reservada. O que ele recursou, pois só aceitaria se o convite fosse extensivo aos que ao companhavam.
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