quarta-feira, 29 de maio de 2024

 


Eleição 2024 em pauta (LXV)



SEGUNDO TURNO

Entre tantas questões para divergir, pelo menos em uma os políticos coincidem: a escolha do novo prefeito vai depender da votação do segundo turno, no dia 20 de outubro. Essa coincidência baseia-se em um dado, que parece evidente: nenhum dos candidatos pré-anunciados insinua suficiente poder para decidir o pleito em votação única, no dia 6. Para tanto, teria de somar o apoio de 51% dos votos. As eleições para a prefeitura de Juiz de Fora mantêm a tradição de um novo embate.

O segundo turno, exigível para os municípios com mais de 200 mil eleitores, quando nenhum dos candidatos atinge aquela maioria, está entre as inovações que realmente aperfeiçoaram o sistema eleitoral. Não permite que se corra o risco de eleger-se prefeito com minoria de voto, montado na crista de uma popularidade safada. O que vence, na segunda votação, ganha seguridade política para administrar, pois confirma a preferência da maioria.

Ideal, contudo, é que o vitorioso desse “tira-teima’ vença com maioria expressiva, dispondo de suficientes forças para decidir. (No caso mais recente, na disputa da Presidência da República, Lula venceu com maioria medíocre, menos de 2%, e tem muitas dificuldades políticas a superar).

Outra virtude, é que se convoca para definir o futuro da prefeitura todo o universo votante; incluídos os eleitores dos candidatos derrotados do terceiro lugar e os outros menos votados.


FARTURA

Informa o Novo, depois de repudiar as insinuações de que estaria pronto para aderir a uma aliança partidária, que vai entrar na disputa municipal com candidaturas próprias. Marcou para o próximo dia 5 o anúncio oficial dos nomes.

Segundo o diretório, convive-se com fartura de pré-candidatos: 6 pretendendo disputar para prefeito, 4 como vice, e 100 querendo a vereança.


EXPLICAÇÃO

A coluna divulgou, na semana passada, a distribuição de impressos, nas ruas centrais, anunciando, como pré-candidato a prefeito, o advogado João Inácio, que não apareceu na lista do diretório. É preciso explicar o conflito na informação.


BRAGA EM JF

O general Braga Neto, que foi candidato a vice de Bolsonaro, em 2022, deve incluir viagem a Juiz de Fora na segunda semana de junho, como parte da tarefa que lhe coube de coordenar as candidaturas do PL nas principais cidades de Minas, onde o partido tem cerca de 600 representações municipais.

Em alguns municípios pode haver dificuldades de convivência entre bolsonaristas. Não em Juiz de Fora, onde o candidato à prefeitura, pelo PL é o ex-deputado Charlles Evangelista.


CONFIANTE

No dia 23, diante de 700 pessoas reunidas num salão do Hotel Ritz, a deputada Ione Barbosa confirmou sua candidatura à prefeitura. Pronunciou discurso de 20 minutos, destacando dois pontos que receberam aplausos de seus correligionários: a garantia dela de que está com os pés no segundo torno, e, outro ponto, a convocação a militância de seu partido, o Avante, e dos aliados para que se eleja já no primeiro turno. Ione prometeu, para, as próximas semanas, um programa básico de metas, mas adiantou que haverá especial atenção para a saúde, pois entende que, no que cabe à prefeitura, a situação hoje é lastimável.

(Um compromisso que desejou assumir desde já: compor a administração apenas com pessoas da cidade. Ela diz isso, em coro com os críticos da atual prefeita, que a acusam de “!importar” colaboradores de outras regiões, por exigência do PT).


QUEM FISCALIZA?

O que manda é a lei. O papel do cabo eleitoral, que é reconhecido, limita-se a militantes de 1% do eleitorado em municípios com até 30 mil eleitores. Acima daquele colégio, um cabo eleitoral para cada grupo de 1.000.

(O que não foi explicado é a fórmula que se pretenderia adotar para fiscalizar, se é que a Justiça, com tantas atribuições, iria se preocupar com isso...)


DISPONIBILIDADE

O quadro da assessoria direta do governador Romeu Zema fica desfalcado de duas secretárias, o que foi interpretado, inicialmente, como opção do Novo para disputar prefeituras importantes: Luíza Barreto, da Secretaria de Planejamento e Gestão, e Elizabeth Jucá, da Secretaria de Desenvolvimento Social. Em Belo Horizonte e Juiz de Fora, respectivamente.

Quanto a Elizabeth, sua remoção se deve ao fato de o governador precisar do cargo para um acerto com o PL. O cargo dela fica com Alê Portela, filha do deputado Lincoln Portela.

Elizabeth era, frequentemente, citada como possível candidata do Novo à prefeitura. Reagia com vigor a essa ideia; mais agora, quando cessa o dever de ouvir apelos de Zema.


CORRIDA QUENTE

Cálculos, baseados no quadro do Legislativo e no contexto da atualidade partidária, indicam que o PT tem a garantia de eleger três vereadores. E, provavelmente, um quarto. Mas este seria resultado de uma disputa que se prevê acirradíssima, porque está entrando na corrida uma jovem chamada Dandara Felícia, que se apresenta como negra e travesti. Foi aprovada no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação pela UFJF. Levanta a bandeira de um segmento que, a cada ano, revela crescente expressão eleitoral.


ELA É VICE

O Republicanos já tem como causa definida a indicação da delegada Sônia Parma como vice na chapa de Isauro Calais. O próprio é quem explica a escolha: o programa a ser submetido ao eleitorado contempla, com rigorosa prioridade, a segurança pública e um senso sobre mendigos de reais necessidades, de forma a permitir que sejam devolvidos às suas cidades de origem os que desembarcam em Juiz de Fora, e aqui alimentam a “indústria” da mendicância. Vai ser preciso a mão forte de quem tem vivência policial.


Uma experiência pretendida pelo governador Magalhães Pinto teve Juiz de Fora como projeto-piloto: a descentralização administrativa do Estado, que, logo depois, ensaiou em outras regiões, sem êxito. Também aqui, nunca mais se cogitou de iniciativa semelhante. Em 30 de maio 1961, o governador e todo o seu secretariado transferiram-se para Juiz de Fora, e, durante dois dias, ocuparam as instalações da Escola Normal, hoje Instituto de Educação. Quase todas as secretarias foram procuradas por lideranças locais e da região, registrando-se mais d 300 audiências. Foi também nessa época que Magalhães criou a figura do Administrador Regional, ideia depois absorvida por Aureliano Chaves. Aqui, por alguns meses, a função foi ocupada por Fernando Fagundes Netto. Iniciativas dessa natureza tiveram efêmera duração em Minas.



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