Eleição 2024 em pauta (LXXV)
FESTA BOLSONARISTA
A convenção municipal do PL, última do calendário eleitoral, foi uma festa da direita e do bolsonarismo, que lotou a Câmara, na noite de segunda-feira, tendo como ponto alto o lançamento da candidatura do ex-deputado Charlles Evangelista à prefeitura. Recém- criado, o partido não tem muitas filiações a mostrar, mas a reunião foi eclética: no plenário e nos corredores, misturavam-se muitos trabalhistas, veteranos udenistas, como também ex-tucanos, entre os mais entusiasmados o ex-vereador Rodrigo Mattos.
A convenção foi presidida pela deputada Delegada Sheila, mulher de Charlles, interrompida para a entrada de mensagem, transmitida em celular, do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, apoiando a candidatura de Charlles, lembrou sua “ligação afetiva” com Juiz de Fora, desde quando aqui sofreu atentado, em 2016.
Sem contestações, os convencionais também aprovaram 24 candidaturas à vereança e a de vice-prefeito do pastor Gilmar Garbero.
Charlles indicou que estudos independentes, longe de “pesquisas encomendadas” apontam que vai ao segundo turno em outubro, o que ocorreria como ”lastro de serviços que tenho prestado à cidade”. Lembrou que tem aqui um recorde a seu favor: nenhum deputado federal, como ele, com apenas um mandato, votou R$ 70 milhões em emendas, boa parte para financiar cirurgias eletivas.
* O vereador Mello Casal, candidato à reeleição, foi, depois de Charlles, o mais aplaudido da noite.
* Tema mais frequente nos discursos: união para combater o PT.
* Ganhando a prefeitura, ou mesmo antes da eleição, o partido contesta os valores do IPTU, que considera exorbitantes, e o leilão de propriedades da municipalidade.
* Os discursos da deputada Sheila e de Charlles foram frequentes evocação dos valores da família. O candidato lembrou que ela tem quatro filhos, e ele dois, num total de seis.
REVOADA EM BRASÍLIA
Por causa da proximidade das eleições municipais, a Câmara dos Deputados teve de promover revisão de prioridades, de forma que muitos projetos e debates sobre temas momentosos ficaram para outras oportunidades, talvez em novembro, dezembro, ou mesmo o próximo ano legislativo. O principal problema é que dos 513 deputados 93 licenciaram-se para disputar a prefeitura em seus redutos. Um recorde. Consequência imediata, problema incontornável, é que a obtenção de quórum para votações qualificadas tornou-se muito difícil.
Um detalhe interessante é o ânimo desses parlamentares em trocar a vida bem mais fácil, em Brasília, pelas agruras dos municípios que pretendem administrar, com raras exceções
mergulhados em graves dificuldades.
BONS VIZINHOS
À primeira vista, assusta saber que, entre os 853 municípios mineiros, 237 têm registrado mais eleitores que moradores, o que se constata na comparação dos números do IBGE e do TRE. Supõe-se que há muitos casos de “fósforos”, isto é, cidadãos já falecidos, cujos títulos continuam sendo utilizados, um crime que nunca deixou de existir.
Mas há outra explicação, não menos aceitável. É o caso dos municípios onde vivem e trabalham muitas pessoas, sem que tenham se desligado, como eleitoras, dos seus lugares de origem. Os censos vão indicá-las como residentes, sem levar em conta que, chegada a eleição, saem para votar em sua terra natal, com título de mão. Observe-se o papel de Juiz de Fora como município-polo, aqui vivendo milhares procedentes de localidades indicadas pelo Tribunal como tendo mais eleitores que habitantes: Piau, Coronel Pacheco, Estrela Dalva, Belmiro Braga, Chácara e Aracitaba, entre outros. O caso de Chácara, por exemplo: 46% a mais eleitores que moradores.
FUTEBOL
Em conversa informal, com grupo de maçons, no final da semana, o candidato a prefeito Isauro Calais considerava que uma estranheza persistente é que, dispondo de estádio em Juiz de Fora, e estando a apenas 150 minutos do Rio, os jogos de times cariocas serem constantemente realizados em Brasília, muito mais distante. Entende que falta cair em campo e buscar parcerias.
Também, reclamando uma parceria com o Estado, cita o Expominas, ontro elefante.
MUNICIADO
O vereador Mello Casal, quase sempre a voz única na Câmara contra a prefeita Margarida, é muito bem informado sobre as intimidades da administração. Ficou sabendo, antes de todos, da incursão de R$ 12,1 milhões na conta de previdência dos servidores, com detalhes que o municiam nos questionamentos que levanta. Antes de todos, já estava de posse de dados sobre o leilão dos espaços da antiga exposição agropecuária, com elementos que permitiram discordar do que considera subavaliação de R$ 70 milhões para a entrega do imóvel a investidores imobiliários. Tem bom trânsito onde pretende entrar.
Já se escreveu muito, mas não o suficiente ou necessário, sobre as dificuldades que na cidade viveram os italianos, alemães e seus descendentes, nos períodos de guerra, sem que faltassem excessos de patriotadas. Em meados da Segunda Grande Guerra, contava Paulino de Oliveira, italianos e germânicos eram instados a se pronunciarem, publicamente, contra Hitler e Mussolini, para não serem acusados de servir como agentes do Eixo. Como se a confissão fosse uma espécie de salvo-conduto. Particularmente, os alemães sofreram muito, mas, na linha dos políticos, não tanto como o prefeito Rafael Cirigliano, descendente de italianos. Era acusado de tramar a destruição da Represa. O governador o transferiu para Belo Horizonte, onde foi dirigir a Loteria Mineira.
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