domingo, 30 de setembro de 2012

Anastasia esquenta a campanha

Nas conversas que teve com o governador Antônio Anastasia, o prefeito Custódio Mattos se penitenciou, primeiro a bordo de um carro de campanha, depois publicamente, por não ter investido na propaganda de sua administração. Fosse diferente, é certo que sua campanha pela reeleição estaria transitando por caminhos menos difíceis. Não é a primeira vez que ele confessa ter se equivocado por não investir mais na comunicação. No sábado, na quadra da Escola Real Grandeza, prestigiado pela presença do governador, que o considerou padrão de administração pública para o País, Custódio prometeu que vai compensar o vácuo da propaganda que não fez trabalhando sem descanso, até o último minuto, para no domingo chegar ao segundo turno; sem descanso, ele e as forças políticas que o apoiam, porque o grupo percebe que a candidatura cresce; o que precisa é velocidade no crescimento. O deputado Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB, lembrou, em apoio a Custódio, que esta não é a primeira campanha difícil para os tucanos. Mas, quanto à eleição deste ano, afirma que é preciso considerar que Custódio foi o prefeito mais sacrificado da história de Juiz de Fora, porque assumiu num momento caótico, com a prefeitura sem recursos e sem credibilidade. E a autoestima da cidade no mais baixo nível, agora retomada, por fatores diversos, entre os quais as 12 novas indústrias que se implantaram aqui. Mais quem realmente se mostrava mais otimista na chegada da última semana de campanha era o governador Anastasia, que se considera, ele e o senador Aécio Neves, “testemunhas privilegiadas da excelente administração de Custódio”, e disse que espera para domingo “a boa notícia da vitória”. O prefeito terminou por dizer que há mais um motivo para esperar êxito no domingo: sua vitória seria a forma de Juiz de Fora manifestar o agradecimento a Anastasia e Aécio.
Força aliada
Disse à coluna o governador Antônio Anastasia, na tarde de sábado, que suas expectativas em relação ao PSDB no domingo são muito positivas na grande maioria do 853 municípios mineiros, mas insistiu em lembrar que onde houver vitória ela não será obra exclusiva dos tucanos, mas dos partidos que estão na base política do seu governo.
Primeira mudança
É sabido que, conhecidos os resultados das eleições de domingo, os partidos começam a tratar da renovação de seus diretórios e comissões municipais, como forma de se ajustarem à nova realidade politica que será criada. Quanto a Minas, certo que o primeiro a promover mudanças, já em novembro, é o PMDB, provavelmente com disputa interna, porque o atual presidente, Antônio Andrade, quer mais um mandato, enquanto no grupo do ex-governador Newton Cardoso, que dispõe de grande prestígio junto aos diretórios do interior, Mauro Lopes e Armando Costa também querem liderar chapa. Nos destinos do partido em Minas a representação de Juiz de Fora sempre teve algum peso. Mantê-lo fica na dependência de como o diretório e seus candidatos vão se sair nas urnas.
Dão-se os anéis
No fim de semana era tido como certo que o PT conseguiu quebrar a resistência da presidente Dilma, levando-a a S.Paulo para dar força à candidatura de Haddad. Ela não queria se envolver presencialmente, mas teria cedido ante o argumento de que os candidatos do partido vão mal em várias cidades. Salvar a prefeitura paulistana seria como considerar o resto como os anéis, sacrificados para que se salvem os dedos...
Peixes grandes
Se as relações entre alguns ministros do Supremo Tribunal Federal já não são das melhores, mais ainda a partir de hoje, quando o processo do mensalão leva a julgamento os maiorais do esquema de compra de apoio dos deputados: José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares. O ministro Joaquim Barbosa, estrela do espetáculo, sofre de dores lancinantes na coluna, o que facilmente pode comprometer seu humor. Basta uma breve provocação.
Fora de cena
O ex-deputado Roberto Jefferson, dono do bisturi que rasgou o tumor do mensalão, embora também tenha sido condenado pela mesma doença que denunciou, fica fora, durante seis meses, a partir de hoje, da presidência nacional do PTB. Vai cuidar de um outro tumor a que também foi condenado.
Nem tudo é joio
Caberia refletir sobre a advertência da ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, quanto à forma de a sociedade reagir ante os maus costumes que alguns praticam na política. Não pode haver desesperança, diz ela. De fato, não é justo julgar a política e todos os políticos com base no erro dos maus, que felizmente ainda são minoria. (( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Força externa

Se o PSDB chegar ao segundo segundo turno, o que coordenadores da campanha de Custódio têm na conta de rigorosamente possível, é evidente que o prestígio político do governo do estado vai entrar em campo para favorecê-lo. Se, num outro cenário, ocorrer a disputa entre PT e PMDB, vai se dar um fato curioso, porque são partidos aliados no plano federal, o que poderá inibir figuras nacionais de ambos os partidos a uma atuação presencial na disputa. Esses cuidados quanto à participação no segundo turno não excluem prévias avaliações da disputa presidencial de 2014.
Prova difícil
No Supremo Tribunal Federal, o ministro Ricardo Lewandowski diz que, a rigor, no processo do mensalão não há como provar que houve compra de apoio de deputados com o dinheiro colocado à disposição do governo Lula, o que dificultaria uma postura condenatória mais segura. O crime a que se refere o ministro realmente figura entre aqueles de difícil comprovação. Claro. O governo não apregoa que comprou e o deputado não vai confessar que se vendeu.
Patrocinadores
Há uma queixa generalizada no País em relação aos escassos patrocinadores de programas de rádio, o que tem impedido melhores produções, particularmente no campo do jornalismo. Juiz de Fora nunca foi exceção. Ontem, no Correio Braziliense, principal jornal da capital da República, Eduardo Almeida Reis, fez referência a um caso local, no qual tivemos participação: “Não sei se já lhes contei que tive um programa de rádio na cidade de Juiz de Fora, Zona da Mata de Minas. Vale repeteco: chamava-se “Mesa de Debates” e a compra do horário das 11h ao meio-dia nos custava uma tuta e meia. Pela alta expressão intelectual dos sócios no programa, Wilson Cid e José Carlos de Lery Guimarães, profissionais da melhor categoria, o programa teve ótima audiência durante um ano, mas naufragou no capítulo dos patrocinadores: eram seis e a cota mensal de cada um, em dinheiro atual, não custaria um salário mínimo.”
Para salvar
Decisão tomada e confirmada: o Partido dos Trabalhadores e Lula vão investir tudo em S. Paulo para ver se Haddad chega ao segundo turno, e com isto sepulte de vez a figura de José Serra, além de criar uma nova liderança. Diante de tal projeto, fica relegada a segundo plano a eleição nas demais capitais.
Repeteco
Em Porto Alegre, onde esteve para participar da campanha dos tucanos, o senador Aécio Neves repetiu, sem mudar palavras, o que disse em Juiz de Fora. O mensalão não deve ser usado como principal discurso das oposição contra as candidaturas do PT nas eleições municipais. Prefere o argumento da "eficiência e da capacidade de gestão" do PSDB. "Eu tenho muito cuidado de utilizar ou fazer com que o mensalão seja o principal argumento contra candidaturas do PT, porque nós temos outros mais fortes, que é a nossa capacidade de gestão, a nossa eficiência", disse ele.
Casos de Minas
Várias vezes interrompido, sem previsão de chegar ao finalmente, o debate sobre a inconveniência da suplência de senador, quando retomado terá de considerar o exemplo mineiro: das três cadeiras de Minas duas estão ocupadas pelos suplentes, Clésio Andrade e Zezé Perrella, substituindo dois titulares falecidos em menos de um ano: Eliseu Resende e Itamar Franco. Já se falou muito sobre a deformação que representa a suplência em eleição majoritária, embora sendo típica da eleição proporcional. Em suma: o mal do suplente de senador, pois ocorre de muitas vezes ele ser chamado a assumir, sem que tenha sido votado. O cargo se preenche por eleição majoritária; é preciso ter voto para se eleger.
Os músicos
A Câmara Municipal promoveu, nesta semana, um debate sobre as limitações para o exercício profissional dos músicos, sem referência ao fato de naquele dia estar completando um ano a decisão do Supremo Tribunal Federal determinando que eles exerçam sua profissão sem dependerem de filiação à Ordem dos Músicos do Brasil. Considerou-se que o exercício de uma atividade para sobrevivência não pode sofrer qualquer tipo de limitação. O que se cobra deles é apenas respeito às leis que tratam do silêncio após 22h.
(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os presos

Vai ser conhecido, nas próximas horas, o número de presos provisórios que na cidade e na região terão direito de votar, no dia 7. Em todo o País serão em torno de 14 mil. Se todos participassem representariam 13% a mais em relação ao ano passado. O direito de voto ao preso nunca foi uma unanimidade entre juristas. Há os que consideram esse direito uma franquia exclusiva do cidadão que não têm problemas a ajustar com a Justiça.
Banco Rural
Para mostrar que não se abala com o mensalão, onde são acusados alguns de seus ex-executivos, o Banco Rural anunciou que os acionistas controladores acabam de promover aporte da ordem de R$ 100 milhões ao capital da instituição financeira. Sobre os desdobramentos do julgamento no Supremo Tribunal Federal, o comunicado acrescenta que eles “em nada afetam a continuidade da regular operação da instituição e de suas controladoras”.
Papel da mídia
O Instituto Cultural do Samba promove, hoje, às 19h, no Museu Credireal, um debate sobre a importância da imprensa no desenvolvimento do carnaval na cidade e do Brasil. Quem estuda essa relação considera que um juiz-forano, José Carlos de Lery Guimarães, figura entre os mais importantes do Brasil.
Um modelo
Quando se dispuser a tratar da questão das coligações partidárias, o Congresso Nacional terá de escolher entre os modelos de definição já conhecidos. O que tem sido definido como o mais simples é o que também parece mais adequado: coligação nada mais pode ser que a unidade entre partidos, preservadas as características de cada qual, para que o governo atue em políticas públicas de consenso. Nada a ver, portanto, com a realidade que hoje agride a Nação.
Pelos idosos
Em junho do ano passado, um grupo de vereadores foi ao então secretário de Defesa Social, Lafayette Andrada, propor a criação, na estrutura da polícia, de uma delegacia especializada na defesa dos idosos, vítimas crescentes de violência em casa e nas ruas. A possibilidade de a sugestão ser atendida ficou na dependência de detalhes, como a comparação dos resultados com outras delegacias especializadas. Agora, pelo que se lê nos jornais, em pelo menos cinco das maiores cidades mineiras o projeto é objeto de promessa de candidatos.
Incentivos
Por falar em temas mais debatidos, certamente não figura entre eles a diferença dos estímulos fiscais em Minas e estado do Rio, o que tem sido muito prejudicial aos municípios da Zona da Mata. Não se promete cobrar solução, mesmo com as garantias de que a presidente Dilma deplora a concorrência desleal entre os estados, até mesmo comprometendo a unidade federativa. As disputas, que ela passou a conhecer muito bem, vêm se acentuando à vista do governo e de todos. Os incentivos fiscais constituem desafio que ainda não foi possível superar.
Mudanças
Já se sabe que, passada a posse do prefeito e dos novos vereadores, vários partidos estarão alterando a composição de suas comissões provisórias em Juiz de Fora. Talvez todos. Os vencedores, porque precisam se ajustar ao poder municipal, e os derrotados que precisarão de gente nova para se reorganizarem.
Pobres e ricos
A presidente Dilma deixou claro, no breve encontro com seu colega Obama, que o Brasil não aceita a prática do protecionismo comercial. Os Estados Unidos se defendem dizendo que estão muitíssimo endividados. O que pouco lhes importa. Faz lembrar velha história contada em Minas. O fazendeiro devia mil cruzeiros ao banco e estava liquidado. Se devesse duzentos mil o banqueiro é que estaria liquidado. É o caso do presidente Obama: seu país deve, de imediato, cerca de U$ 780 bilhões. Esse dinheiro os credores nunca verão, porque o que há são papéis trocados. Dívida, quando cresce muito vira ficção.
((publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O tema preferencial

Quando terminar a campanha eleitoral, conhecidas as condições em que foram eleitos os prefeitos, a assessoria da presidente, se se interessar pelas questões mais frequentemente tratadas pelos eleitores, não terá dificuldade para chegar à conclusão de que a grande preocupação nacional é com a saúde e com suas complicações. Um País sem segurança, caótico na educação e com as metas de desenvolvimento comprometidas, ainda assim prefere que o governo só resolva a crise da saúde. Não apenas o governo federal. O Congresso Nacional, tão logo avalie essa ansiedade, será desafiado a descobrir e indicar como salvar o SUS, acabar com as filas que antecedem a morte nos corredores e enfermarias dos hospitais e mostrar de onde tirar dinheiro, em volume tão necessário, para melhorar as condições dos serviços de saúde que são prestados aos brasileiros. Já no ano passado, na longa discussão que se estabeleceu em torno da Emenda 29, esse desafio estava posto, mas logo repudiado pela oposição, que alegava ser o equacionamento de recursos financeiros problema da alçada do Executivo. O primeiro passo então é vencer o impasse: a descoberta de novas fontes de financiamento dos serviços hospitalares e ambulatoriais, sem que se recorra à solução fácil e pouco criativa de atirar o encargo sobre os ombros já esfolados do contribuinte.
Renovação
A intensa pressão exercida pelos novos candidatos a vereador, e vários deles com razoável qualificação, tem autorizado os apostadores a subir de 50% para 60% a renovação da próxima legislatura. A propaganda realizada pelos novos, bem mais intensa que a dos que buscam a reeleição, também contribui para a previsão.
Granbery
“O Granbery e a educação em Juiz de Fora” é o tema da palestra mensal do Instituto Histórico e Geográfico. Quem fala é o professor e historiador Ernesto Guidice Filho. O Instituto se reúne amanhã, às 19h30m, no quarto andar do edifício Credireal.
Bebidas
Não é em todas as comarcas que os juízes eleitorais expedem instrução sobre a proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas no dia da votação. Contudo, não há necessidade de serem reeditadas portarias nesse sentido. No dia 7, até que seja fechada a última urna, não se bebe.
Cavaletes
Que a campanha deste ano sirva de advertência. Na próxima, os candidatos ficam obrigados a descobrir um modelo mais simpático e menos agressivo para levar às ruas os grotescos cavaletes de propaganda. Os que estão por aí são horríveis. Deve haver uma forma melhor, se é que os cavaletes sobreviverão.
Novo ministro no STF
Suspeito o argumento apresentado pela oposição ao pedir adiamento da aprovação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal. Realmente, foi indicado em tempo recorde o sucessor do ministro Peluso, mas afirmar que é uma manobra para atender interesse do governo no julgamento do mensalão é exercício de futurologia. A maioria dos membros do STF foi indicada pelos governos do PT, e nem por isso está se vendo benefício para os réus. Quando o STF esteve muito tempo sem o 11° ministro também o governo era acusado de protelação para atender seus interesses. (( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Contradição

Na estrutura das coligações, e aí vai imensa contradição, o que se vê, em grande parte, são partidos desaparelhados de programas consistentes, confusos em suas propostas ideológicas e reduzidos a feudos, dominados por senhores sedentos de poderes negociados pelas cúpulas. Nos acertos políticos deste ano o fenômeno não esteve ausente. Dir-se-ia, na avaliação que se pretende correta, que a coligação se tornou um poderoso corporativismo, em cuja esteira apenas caminham projetos grupais ou pessoais; mas, de uma forma ou de outra, invariavelmente conflitantes com os interesses nacionais. A discussão da reforma política nunca contemplou, objetivamente, a não ser em breves enunciados, a necessidade de novo conceito para esse tipo de associação de siglas com interesse eleitoral.
Pesquisas alinhadas
A DataTempo, que promove pesquisas nos principais colégios eleitorais de Minas, estendeu seu trabalho a Juiz de Fora. No domingo concluiu o levantamento de campo e deve divulgar seus números hoje ou amanhã. Embora as pesquisas já realizadas tenham oferecido várias divergências, é importante levar em conta que, com ocorreu em anos passados, ao se aproximar o dia da eleição as agências e institutos que trabalham na aferição das preferências do eleitorado conseguem se ajustar, de tal forma que as discrepâncias desaparecem na reta final. Na véspera da votação os números estão perfeitamente ajustados. Não se conhece caso de grandes diferenças persistirem.
Erundina
A deputada Luíza Erundina,da bancada do PSB na Câmara, é esperada amanhã em Juiz de Fora, para fazer pronunciamento de apoio à candidatura de Margarida Salomão (PT) à prefeitura. Mas ontem à noite a agenda ainda dependia de confirmação. Ela viria acompanhada de seu colega de bancada Júlio Delgado. Os petistas aguardavam, na quinta-feira passada, a visita de Lula, o que acabou não se confirmando. Nos últimos discursos, ele tem se mostrado ufanista em relação ao PT, do qual foi fundador e é sua principal expressão política. Este posicionamento pode ser uma defesa prévia frente ao que está por vir, após o julgamento do mensalão pelo STF.
Programa tucano
O PSDB deve anunciar, ainda hoje, o programa da visita, dia 29, do governador Anastasia e do presidente estadual do partido, deputado Marcus Pestana, para atuar na reta final da campanha de Custódio Mattos.
Telhado de vidro
Usar o tema mensalão em palanques da eleição municipal, como tem sido prometido para o segundo turno, pode não ser um bom tema para adversários do PT. Afinal, outros partidos padecem de vulnerabilidade. Telhado de vidro é que não falta nas experiências de poder no Brasil. A busca por apoio político no Congresso para garantir governabilidade, prorrogação de mandato e reeleição sujeitou muitos governantes a expedientes de persuasão pouco recomendáveis.
Homem do ano
Revistas de circulação nacional e as entidades mais poderosas, que promovem a eleição das personalidades de destaque social, político e empresarial, não terão como escapar. Desta vez, o Homem do Ano é o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal. Ele não apenas vem tornando possível a condenação dos agentes do mensalão, o grande escândalo político, como despertou nos brasileiros a esperança do fim da impunidade, principalmente quando o alvo são os poderosos.
Inimigos aliados
Nem sempre as conveniências políticas no interior podem respeitar a orientação do alto comando dos partidos, o que autoriza se associarem, ainda que apenas em época de eleição, as siglas que não se toleram no plano nacional, como PT e PSDB. Pois na atual campanha os dois estão unidos em vários municípios, sendo 30 deles em Minas. Na região, o caso mais próximo é Ubá, onde o candidato a prefeito é petista e o vice tucano.
(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 23 de setembro de 2012

Bem comportados

Distante apenas 12 dias da votação, o eleitor vive a certeza de estar assistindo a uma das campanhas mais tranquilas de todos os tempos, com raros tumultos e brigas raríssimas. A impressão que se tem é que os candidatos chegaram à conclusão de que o clima de alta tensão não serve a ninguém. Pelo menos no primeiro turno. Já vão para o esquecimento antigas campanhas, meio século atrás, em que raro era o dia em que, à porta do Café Santa Helena, não trocava empurrões gente do PSD, da UDN e do velho PR.
Segunda via
Os eleitores que pretendem votar no dia 7 de outubro têm até a quinta-feira próxima para obter a segunda via do título. Mas terão de fazê-lo pessoalmente junto ao cartório da Justiça Eleitoral, sem o recurso da representação. O interessado apresenta documento de identidade e assina o requerimento da segunda via.
A tradição
Desde que o prefeito Saulo Moreira construiu o Calçadão da Rua Halfeld, na década de 70, o local passou a ser o ponto em que os candidatos a prefeito desfilam na penúltima semana de campanha. Acompanhados de correligionários entusiasmados, os que estão realmente na disputa cumprimentam, sorriem e abraçam. No sábado, Custódio, Margarida e Bruno confirmaram a tradição.
Pedágio
Discutível a boa intenção do deputado fluminense Filipe Pereira. Através de projeto que apresentou à Câmara, ele quer que em dia de eleição seja suspensa a cobrança de pedágio nas rodovias federais. Entende que seria uma forma de estimular o cidadão a praticar o voto, quando se sabe que o melhor estímulo quem o pratica é o próprio candidato que tem atitudes e ideias que o façam merecedor do voto; muito além dos R$ 8,00 do pedágio.
Ficha Limpa
O Movimento Tiradentes, que está completando cinco anos, responsável pelo projeto de iniciativa popular que levou à Lei da Ficha Limpa, será o tema da palestra que seu fundador, juiz Marco Aurélio, fará no dia 9, às 19h30m, no Instituto Cultural Santo Tomás de Aquino.
José Paulo
Recomenda-se a leitura da entrevista de José Paulo Netto ao site da Caros Amigos. O professor juiz-forano, que teve papel importante na projeção nacional do Serviço Social e das ideias marxistas, faz para o site importante reflexão sobre a trajetória das esquerdas no Brasil. Queixa-se em certo trecho: “... No quadro da esquerda, a unidade é sempre problemática, porque os enlaces se dão mais na prospecção do futuro do que na defesa de interesses materiais imediatos; é problemática, mas possível, como resultado de longos processos de debates, do conhecimento da experiência histórica, de combates prévios travados em comum e, sobretudo, do próprio nível de consciência das massas trabalhadoras, conquistado em suas experiências diretas. Frente a um inimigo comum – como era o caso da ditadura instaurada em 1964 e cujo caráter de classe se explicitou, sem deixar margem a dúvidas, em 1968, com o AI-5 – seria esperável a constituição de uma unidade entre as forças de esquerda. Sabemos que isto não ocorreu. Muitas foram as causas da dispersão de esforços e de combates. Penso que parte delas estava inscrita na análise que as diferentes forças fizeram (ou deixaram de fazer) da natureza do regime instaurado em 1964 e, ainda, das causas que permitiram a vitória das forças de direita”.
Sem quórum
Faltam poucos dias para a política mineira saber em que municípios a eleição do prefeito será definida no segundo turno. Com isso, a Assembleia Legislativa certamente terá de transferir para novembro a discussão e votação de projetos pendentes, porque todos os deputados (não apenas os que hoje disputam) estarão diretamente empenhados nos resultados. O que faz prever que raros serão os dias em que eles poderão estar em Belo Horizonte. A Assembleia vai tentar reduzir os efeitos do problema reeditando esforço concentrado para a votação de matérias inadiáveis.
Veterano
O ex-deputado Amílcar Padovani, que durante 27 anos esteve na Assembleia Legislativa, é o veterano entre os políticos que já tiveram mandato e que estão trabalhando na atual campanha. Padovani se empenha na eleição do advogado Francisco Ladeira para a Câmara Municipal.
Voto católico
Ontem, após a celebração das missas, foi lida a carta que o arcebispo, dom Gil Antônio, está enviando à comunidade católica sobre as eleições que se aproximam e a responsabilidade de cada um frente ao voto. O primeiro apelo é no sentido de que não se vote em branco nem se anule o voto, que também não pode ser trocado por dinheiro e bens materiais. O candidato, adverte a carta, precisa ter posição clara diante da dignidade humana, desde a concepção até o fim da vida. Não pode admitir violências como o aborto e a eutanásia. O eleitor católico, diz ainda a carta de dom Gil, nunca deve ser tolerante com a corrupção. É aconselhável que procure conhecer, através da propaganda, os méritos do candidato, mas sem confiar apenas na propaganda. É preciso identificar nele “projetos sociais abrangentes”. (( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS))

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Campanha de Custódio tem Anastasia e Pestana dia 29

O comando estadual do PSDB confirmou, ontem à tarde, que o governador Antônio Anastasia e o deputado federal Marcus Pestana, presidente do partido, estarão em Juiz de Fora no dia 29, para se incorporar à campanha de Custódio Mattos. Não se informou se eles participarão de reunião ou passeata, mas talvez se faça o mesmo que se fez quando esteve na cidade o senador Aécio Neves: uma concentração de lideranças para exposição dos planos administrativos do candidato. Há duas semanas, Pestana havia se colocado à disposição dos coordenadores da campanha para dar sua participação, da forma que fosse considerada mais adequada. O deputado lembra que sua presença nos trabalhos de coordenação das campanhas de Custódio está fazendo trinta anos. A primeira foi em 1982. O governador vai dizer em Juiz de Fora que o estado tem compromisso permanente com os planos de Custódio para Juiz de Fora.
Os milionários
Com a previsão de que o Supremo Tribunal Federal dedicará toda a próxima semana ao julgamento do núcleo do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa começa a detalhar origens e destinos dos dinheiros coletados para o suborno. Indicará que os critérios da distribuição eram formulados pelo ex-ministro José Dirceu. E mais: prerrogativas que contemplavam a base evangélica, coordenada pelo deputado Bispo Rodrigues, que recebeu R$ 400 mil.
Posse no Museu
Em reunião ordinária, na noite de quarta-feira, o arcebispo, dom Gil Antônio, tomou posse como membro do Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio. Ao agradecer a eleição, que se deu por unanimidade, o metropolita confirmou seu interesse pela arte e pela história, e anunciou que a arquidiocese está coordenando o trabalho de levantamento dos bens culturais da Igreja em Minas e Espírito Santo. Nessa mesma reunião os conselheiros ficaram sabendo que dom Gil é portador de carteira de pesquisador do Museu do Vaticano.
Velhos comícios
Habituais e preferenciais em outras campanhas, tendo alguns sido históricos na cidade, os comícios estão agora relegados a segundo plano pelos candidatos a prefeito. Compreende-se: as pessoas estão cada vez menos disponíveis à noite para ouvir discursos. O Partido dos Trabalhadores não descarta manter a tradição, e na noite de quarta-feira promoveu comício de seus candidatos em Santa Luzia.
Juventude
Em alguns estados do Nordeste, a Justiça Eleitoral está retomando a veiculação de campanha destinada a sensibilizar os jovens, a partir de 16 anos, para uma atuação mais frequente e mais interessada na vida eleitoral do País. A campanha está se desenvolvendo em linguagem acessível, como convém ao público a que se destina. Agora, o outro lado da questão: se a Justiça faz sua parte, é preciso que os políticos, em particular os candidatos, deem sua contribuição: levantar a bandeira de uma política sem corrupção, voltada para o interesse comum. Porque as pesquisas têm revelado que os jovens, muito mais que os eleitores adultos, confundem bons e maus agentes.
Eleitor fantasma
O eleitor fantasma, aquele que vota sem que ninguém saiba de onde veio, é personagem de velhas histórias políticas, que tiveram como cenário não apenas os grotões, mas também grandes cidades. Na década de 60, quando Israel Pinheiro foi eleito governador de oposição em Minas, houve denúncia, nunca suficientemente confirmada, de que políticos que apoiavam a ditadura estariam ”importando” eleitores do estado do Rio. Mas, ainda que fosse verdade, a vitória de Israel foi ampla, e não haveria fantasma que a impedisse. Naquela e em outra eleições desconfiava-se dos municípios próximos à divisa. Em setembro de 1997 o TRE decidiu recontar os eleitores. E começou por Coronel Pacheco, onde os números davam para desconfiar: eram 3.006 habitantes e 2.490 ”eleitores”.
((publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sem palhaçada

Neste ano, em 171 sessões da Câmara, apenas nove deputados participaram de todas elas, entre os quais Tiririca, que também é habitual nas reuniões de comissões permanentes. Eis a performance do antigo palhaço. Os jornalistas que cobrem as atividades legislativas já o incluem entre os dez melhores do ano.
Jogo aberto
É preciso conferir importância à reunião que o Tribunal Regional Eleitoral promove hoje com empresários e representantes de suas entidades, com o objetivo de discutir as doações financeiras feitas a candidatos, assunto que sempre foi considerado delicado. A intenção é mostrar que os doadores não praticam crime, nem precisam se considerar fora da lei, quando ajudam financeiramente os candidatos de sua preferência. Essa reunião em Belo Horizonte pode ser um passo para que as doações deixem de se tratadas envoltas em nebulosidade.
Descartadas
Os tucanos e seus aliados passaram a admitir que, entre os principais colégios eleitorais de Minas, Alfenas e Pouso Alegre são derrotas praticamente garantidas, mas, quanto aos outros, há uma situação que vai de regular a confortável, como se disse em Belo Horizonte, num encontro de avaliação presidido pelo deputado Marcus Pestana, com a participação do governador Anastasia , o vice Alberto Pinto Coelho e o secretário de Governo, Danilo de Castro.
Vizinhança
Para quem assistiu ao debate entre candidatos na TV Alterosa, na madrugada de ontem, ficou a impressão de que Bruno Siqueira, do PMDB, elegeu o prefeito Custódio Mattos, do PSDB, como seu alvo principal nesta etapa final da campanha. O que faz sentido, porque para os dois a luta se resume na conquista de uma vaga no segundo turno. As pesquisas indicam que os dois são adversários vizinhos na pontuação.
Modelo ideal
Não há como discordar do desembargador Kildare Carvalho, que no princípio do ano deixou a presidência do Tribunal Regional Eleitoral. Segundo ele, “o modelo brasileiro de Justiça Eleitoral tem contribuído para a expansão da cidadania, a inclusão política e a agilidade da disputa eleitoral”, mas, ainda assim, adverte que ela não pode falhar diante dos desafios que a esperam nos próximos anos. É preciso estar atento para eventuais ciladas montadas pela tecnologia. Essa Justiça setorial, criada na década de 30, tem a missão de restringir a participação dos interesses políticos na administração do processo de votação. E este vai continuar sendo um desafio, diz o desembargador.
Modesta previsão
Na marcha da campanha, quando se dedicam a elaborar previsões sobre o número de vereadores que podem eleger, os partidos preferem se manter modestos. Nenhum deles se aventura na expectativa de uma grande bancada. Geralmente indicam em duas cadeiras as suas esperanças para o dia 7. É o que a maioria deles tem dito aos seus candidatos, aconselhados a descer do carrossel das ilusões, mas se preparando decepções, que vão chegar aos borbotões.
Direito de disputar
A coluna recebeu, ontem, carta de um veterano garçom da cidade, Amauri Luiz Vieira, com mais de 30 anos de trabalho, queixando-se de atitudes preconceituosas de setores políticos em relação à sua profissão.”Acham que um garçom não pode ser candidato à vereança, para alguns ultrapassada” , disse, sem dizer exatamente quais são os preconceituosos. Amauri, que mora na Rua Luiz Basílio Castor, 250, tem atuação política e já se correspondeu com Lula e Sério Cabral, entre os principais.
Pioneira
Está para ser publicada pelo Senado a história da Previdência Social no Brasil, um setor em que já fomos modelo para outros países. Vai constar como a primeira e mais idosa brasileira entre os beneficiários da lei do Funrural, sancionada pelo presidente Ernesto Geisel, em benefício de idosos, no dia 15 de março de 1976, dona Francisca Arcanja do Nascimento, 106 anos, de Juiz de Fora. Mãe de 14 filhos e viúva então há meio século, ela andou sobrevivendo como parteira. Num programa de televisão, dias depois, dona Francisca foi citada por Geisel como exemplo de que a Justiça pode demorar, mas sempre chega.
(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 18 de setembro de 2012

“O PV não está à venda”

O presidente municipal do PV, Sidnei Scalioni reagiu ontem à notícia de que um grupo de candidatos a vereador do partido esteve na sede do PMDB para manifestar apoio a Bruno Siqueira, que disputa a prefeitura. O encontro, “se é que realmente ocorreu”, foi à revelia do PV, cuja convenção , em junho, não definiu preferência em relação à prefeitura, o que pode ser conferido nos registros da Justiça Eleitoral. Os mesmos candidatos a vereador já haviam estado, antes, com Margarida Salomão e com Custódio Mattos, conversaram sobre política municipal e eleições, sem que isso significasse ato de adesão. É o que se acredita que também ocorreu agora. Decisões tomadas sem conhecimento da presidência, afirma Sidnei, não podem ser consideradas. ”E o PV não admite ser colocado à venda ou sujeito a interesses e favores antes e após a eleição”, concluiu.
Balanço positivo
Feito o levantamento junto aos Tribunais Regionais Eleitorais, apurou-se que, graças à Lei da Ficha Limpa, o processo eleitoral deste ano já ficou livre de 868 candidatos corruptos. É um balanço positivo, não apenas pelo que se fez, mas também pelo que ainda pode ser feito.
O Museu
Hoje,às 19h, estarão reunidos os membros do Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio. A expectativa é que o superintendente Douglas Fasolato anuncie ações que estão em curso para a reabertura à visitação pública da Casa de Mariano, fechada há quatro anos. Trata-se de uma situação que vem comprometendo o prestígio cultural de Juiz de Fora, apesar dos esforços da superintendência para solucionar os impasses, principalmente o financeiro.
Pior sem eles...
Fracos de conteúdo, transformados numa confusão de siglas em defesa de interesses de grupos, em grande parte desacreditados junto à opinião pública, ainda assim os partidos são indispensáveis aos governos, por eles formados. E quando convocam suas bancadas de deputados e senadores a embaraçar a vida de um presidente ou governador geralmente têm êxito. Caso evidente foi em 92, quando Fernando Collor, que ao se eleger para a presidência da República desconsiderou os partidos, e assim, passados dois anos, precisou deles, quando já não tinha apoio popular. Vinte anos depois, a presidente Dilma andou relegando a segundo plano os partidos, o que ameaçou levá-la a dificuldades, como se viu em março, mês em que sua própria bancada derrotou o indicado para dirigir o DNITT. Na ocasião, a presidente atacou os marajás dos partidos, mas logo se acalmou. Ruim com eles, pior sem eles. O resultado das eleições do dia 7 de outubro vai mostrar como anda a força do governo. Para amplia ou conter o prestígio das silas a presidente pode redesenhar a base parlamentar para 2013.
Replay é bom
Os debates entre candidatos a prefeito, como o da TV Alterosa, que se estendeu até a madrugada de hoje, deixam de ser acompanhados por milhares de telespectadores, por causa do horário. Quem começa a trabalhar cedo não tem como assistir. Ideal é que se pensasse em reprises, com a reprodução indo ao ar mais cedo.
Quem acredita?
Anuncia-se que no edital licitatório para a privatização do gerenciamento da rodovia no trecho Juiz de Fora – Brasília será fixado pedágio máximo de R$ 3,74. Quem seria capaz de acreditar nisso, se hoje, no trecho Juiz de Fora – Rio, o pedágio já está em R$ 8,00?
Sobre o voto
É preciso pensar bem, com sobriedade e verdadeiro espírito cívico, no momento de definir o candidato e o voto. Porque, como disse François Furet, que vinha de 57 anos de decepções na política, não há espaço para indulgência. ”E a desculpa das intenções não serve de remissão para a ignorância e a presunção”, ensinou ele.
(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Munição

No dia em que esteve em Juiz de Fora para participar da campanha do PSBD ao senador Aécio Neves foi perguntado sobre a ausência do mensalão no discurso da oposição contra o PT, ao que ele respondeu estarem os tucanos mais interessados em mostrar as diferenças que separam os dois partidos nos modelos administrativo e político. Ocorre que, no último fim de semana, um alto dirigente do PSDB mandou dizer a quem fez a pergunta que a questão do mensalão é munição para o segundo turno. Pelo menos em Juiz de Fora.
Cavaletes
Têm sido tão numerosos os problemas causados pelos cavaletes na campanha dos candidatos, para não se falar do monumento antiestético que representam, que certamente não faltará quem recomende sua inclusão no rol das peças proibidas. Mas apenas nos grandes centros, onde causam problemas nos passeios e nas praças. Nos pequenos municípios, sendo escassos os recursos de propaganda, serão tolerados. No estado, onde milhares de cavaletes já foram recolhidos, as multas aos infratores se aproximam de R$ 1,1 milhão.
Sem dúvida
A semana começou com o PT procurando mobilizar setores religiosos que o apoiam para contradizer a inesperada manifestação de dom Raymundo Damasceno, presidente da CNBB, que não tem dúvidas quanto à existência do mensalão e o envolvimento de petistas, e que ”o processo aí no Supremo está nos dizendo que o fato existiu”. O protesto talvez não queira desmentir o envolvimento, mas queixar-se de uma declaração em que a Conferência dos Bispos deixa transparecer antipatias eleitorais.
Debate de hoje
Os candidatos a prefeito deslocam-se hoje para Belo Horizonte, onde participam de debate promovido pala TV Alterosa, previsto para começar entre 22h30m e 22h40m, com 100 minutos de duração. Até ontem, todos os seis haviam confirmado a participação. Os debates televisados continuam mantendo um mesmo modelo em que a preocupação maior é a distribuição salomônica do tempo, segundo por segundo, ainda que isso comprometa o conteúdo. Outro problema: dependendo do interesse do candidato, ele se encarrega de “levantar a bola” para o adversário que lhe convém e ofuscar quem com ele realmente concorre. Em rigor, não há debate, mas uma entrevista distribuída entre os candidatos.
União confirmada
O ardiloso vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), já anuncia o desejo de continuidade da aliança PMDB/PT, em 2014. Com tanta antecedência, o gesto pode ser interpretado como uma delimitação de território. Há um outro protagonista insinuando-se para participar da cena política: o governador Eduardo Campos (PSB-PE), que se movimenta aproveitando as eleições municipais para mostrar uma evolução de seu partido. Campos discursa dizendo que apoia Dilma para a reeleição, mas não consegue convencer a cúpula petista. Eduardo Campos não esconde a sua amizade com o senador Aécio Neves (PSDB), daí a insegurança do PT.
Última palavra
Ontem, às 16h20m, o Tribunal Superior Eleitoral estava distribuindo ao ministro Arnaldo Versiani os autos do processo em que, passado por duas instâncias inferiores, o ex-prefeito alberto bejani foi impedido de disputar uma cadeira de vereador pelo PSC. A carga não indica se, por estar próxima a eleição, o caso de Juiz de Fora teria precedência sobre outros processos. Do ministro Versiani e dos demais membros do plenário do TSE sai a última palavra sobre o destino dessa candidatura, já desautorizada em Juiz de Fora e no pleno do TRE, diante de todas as evidência de que bejani tropeça feio na Lei da Ficha Limpa.
Apoio a Bruno
Um encontro realizado no fim de semana confirmou a adesão à candidatura de Bruno Siqueira (PMDB) de 14 dos 23 candidatos a vereador do Partido Verde. Quatro representantes do diretório, também presentes, explicaram que a decisão foi tomada porque “a cidade precisa sair da mesmice dos nomes de sempre, e transformar a realidade do juiz-forano, que há 30 anos vem assistindo ao revezamento de apenas três nomes à frente da Prefeitura”. Bruno, ao agradecer, informou que, chegando à prefeitura, os objetivos do PV serão considerados na administração.
(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 16 de setembro de 2012

Candidatos e números

A Justiça Eleitoral considera aptos a disputar, em 7 de outubro, 15.550 candidatos a prefeito, número que corresponde a quase três candidatos por município. Já os que concorrem ao cargo de vereador em todo o País somam cerca de 450 mil, média de quase oito candidatos na disputa por uma das quase 58 mil cadeiras das câmaras municipais, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios. Entre eles ocorrem casos interessantes, como no município paraibano de São Domingo do Pombal, com quase 3 mil eleitores, onde apenas dois dos 11 candidatos a vereador não serão eleitos, pois a Câmara tem nove cadeiras a serem preenchidas. Diferentemente do Rio de Janeiro, que registra média de 33,5 candidatos por vaga na corrida pelo Legislativo municipal. São pouco mais de 1,7 mil candidatos para 51 vagas. Maior eleitorado do País, São Paulo tem 77 mil candidatos, seguido por Minas Gerais, segundo maior colégio, com cerca de 70 mil candidatos inscritos. Já em relação ao número de candidatos a prefeito, os mineiros superam os paulistas, com 2,3 mil contra 2 mil candidatos respectivamente. Vinte e um municípios apresentam na eleição do próximo mês candidatura única para prefeito em Minas Gerais: Alto Jequitibá, Carmésia, Comercinho, Gameleiras, Grupiara, Igaratinga, Jaguaraçu, Jenipapo de Minas, Jesuânia, Perdizes, Quartel Geral, Rio Vermelho, Rodeiro, São Gonçalo do Sapucaí, São José da Safira, Sericita, Serra da Saudade, União de Minas, Vargem Grande do Rio Pardo, Virgínia e Virgolândia.
Maioridade penal
O deputado federal André Moura (foto), da bancada do Sergipe, tem um argumento a mais para justificar o projeto de consulta popular sobre a redução da maioridade penal. Ele se refere à pesquisa CNI- Ibope Retratos da Sociedade Brasileira, mostrando que, ao menos três entre cinco brasileiros, concordam com a redução da responsabilidade para 16 anos. “De acordo com a pesquisa, 75% mostram-se totalmente a favor”, explica o deputado em artigo publicais no fim de semana. Há cinco anos, procurando saber o que os brasileiros pensam a respeito, o Senado já havia chegado aos mesmos números.
O Deus
A polêmica ministra Marta Suplicy, que anos atrás, antecipando-se a Maluf, havia sugerido às vítimas de estupros inevitáveis que relaxassem e gozassem, acaba de comparar Lula a Deus. Pegou pesado, mas se coloca alguns corpos à frente na raia do puxa-saquismo oficial.
Preferencial
O presidente do PSDB mineiro, Marcus Pestana, gosta de pinçar detalhes que considera vulneráveis no Partido dos Trabalhadores, onde raramente encontra virtudes. Mas agora ele vê injustiças que, segundo apurou, estariam sendo praticadas pelo comando petista contra os candidatos Patrus Ananias, em Belo Horizonte, e Margarida Salomão, em Juiz de Fora. Essas duas candidaturas, diz ele, estão sendo sacrificadas pelo partido, que só se interessa pela sorte de Haddad, em S.Paulo.
Candidato avulso
Nas ruas centrais, aproveitando a agitação dos últimos dias da campanha eleitoral, o Movimento Pró-Moralização do Poder Legislativo retomou a campanha do projeto de iniciativa popular destinado a alterar o artigo 14 da Constituição Federal, dispensando da exigência de filiação partidária os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador. Na verdade, a iniciativa toma carona em emenda constitucional que o senador Itamar Franco pretendia defender. Sem a obrigação de pertencer a um partido político, ao candidato a cargo municipal seria exigido apenas o apoio de 0,5% do eleitorado. Tomando-se por base o colégio eleitoral de Juiz de Fora – 368 mil - a candidatura avulsa seria registrada pela Justiça se fosse proposta subscrita por 1.900 proponentes.
Sinal de aprovação
Consulta junto a senadores e deputados que se mostram mais interessados na distante e sempre difícil reforma política conclui que entre os poucos itens que terão aprovação certa na matéria está o seguinte: a suplência de senador, que devia ser extinta pura e simplesmente, ficará restrita a apenas um suplente, que assumirá temporariamente nos impedimentos do titular. Mas, se ocorrer a vacância em definitivo, a bancada do estado fica reduzida a apenas duas cadeiras até a eleição seguinte, estadual ou nacional, quando se elegerá novo senador para completar o período interrompido.
Voto jovem
Os candidatos, mais que os partidos, desconhecem em que poderiam lucrar se uma multidão de jovens fosse às urnas em outubro e manifestasse suas preferências. Nas eleições anteriores eles compareceram em número insuficiente, não permitindo melhor avaliação sobre o que a juventude realmente deseja de um homem público. A Constituição conferiu o direito de voto aos maiores de 16 e menores de 18 anos. Mas ficou devendo mecanismos para estimular entre eles o interesse pela discussão dos temas políticos.
(( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Triângulo fatal

Os partidos do governo tentam, com novos esforços, encaixar a presidente Dilma na campanha que o PT vem realizando nas três capitais que não são apenas simbólicas, mas estratégicas para o projeto que será desencadeado em 2014. Quais as três capitais que mais interessam aos petistas? S.Paulo, Belo Horizonte e Recife, onde, coincidentemente, os candidatos do governo não andam bem. A presença do poder está clara com a participação pessoal do ex-presidente Lula, mas a disputa exige o empenho de Dilma na reta final, porque “ela é o poder político do momento, enquanto Lula é um patrimônio do passado e talvez uma expectativa para o futuro”, diz um petista paulistano.
Agitados
Na reunião da Câmara em que foram debatidos projetos e ideias em relação à saúde no município, os assessores e correligionários dos candidatos do PT e do PSDB, Margarida e Custódio, é que se mostraram mais agitados; isto é, os dois que as pesquisas têm mostrado no primeiro e terceiro lugares. Bruno, do PMDB, que tem aparecido em segundo nas pesquisas, contou com o auditório um pouco mais moderado.
O clima
Da mesma forma como a Meteorologia anuncia mudanças no tempo neste fim de semana, a campanha eleitoral vem prometendo mais calor na disputa dos votos. Não só entre os que disputam a prefeitura, mas igualmente para os 440 que tentam chegar a uma das 19 cadeiras da Câmara. Com apenas 22 dias para definir seu futuro, mergulhados nas incertezas, os candidatos a vereador têm de mostrar pernas ágeis e bolsos generosos.
Pendular
Não é novidade, mas não custa repetir. A luta entre os candidatos a vereador mais viáveis entra numa fase em que eles ampliam sua dependência em relação aos que estão disputando a prefeitura. São os pendulares. Quem estiver mais ligado aos bem sucedidos leva alguma vantagem. Quase invariavelmente o partido do prefeito eleito arrasta a maioria da Câmara.
Mãos fortes
Além da previsão da vinda do ex-presidente Lula para apoiar a candidatura de Margarida, a próxima semana terá programada a visita do governador Antônio Anastasia, para dar força a Custódio.
Boas relações
O capitão-de-fragata Dario Giordano acaba de formular a seguinte denúncia: “O filho de Lula comprou uma casa da mãe desse Ricardo Lewandowski, quando ainda desembargador; e logo em seguida foi indicado para o STF, pelo então presidente Lula. De uma antiga chácara sobrou no centro do condomínio um imenso castelo estilo europeu, onde ainda mora a matriarca, dona Karolina Zofia Lewandowski, conhecida como Dona Carla, amiga de dona Marisa e de Lula e mãe do ministro Lewandowski”.
Marca registrada
Passados vinte meses de sua gestão, debatendo-se com delicados problemas políticos resultantes de uma onda de corrupção que não pôde tolerar, à presidente Dilma ainda não foi dada oportunidade de revelar totalmente a personalidade de seu governo, o que talvez possa fazer depois das eleições. Ainda que seja estreitíssima sua dependência em relação a um passado recente, ela certamente pretenderá entrar no penúltimo ano mostrando à Nação o seu diferencial, o que não deve ser motivo de preocupação para os partidos aliados, porque ser diferente não é necessariamente ser contra. No caso da presidente Dilma, quando se trata da ausência de um toque particular, sem a necessária “marca registrada”, não será injustiça atribuir parte dessa deficiência aos colaboradores imediatos e à base parlamentar, porque nesses casos parece que o ideal é não mexer, não inovar para não arriscar. E é a isso que ela deve reagir.
(( publicado na edição desta sexta-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Segunda rodada

A menos que ocorram maiores novidades, mas já causando surpresas entre os principais partidos, tem-se como certo que em 82 grandes cidades brasileiras os eleitores serão chamados a votar em segundo turno, no último domingo de outubro. Entre elas estão incluídas 20 capitais. A virtude do segundo turno, ainda que favoreça alianças esdrúxulas e cobrando trabalho exaustivo dos candidatos mais votados, é que o prefeito vai administrar com maioria confirmada.
“Pescadores”
Admitem alguns candidatos que 60% dos que disputam a vereança estão jogando suas chances nos bairros da Zona Norte, confiando na diversificação do eleitorado, além de ser o maior celeiro de votos do município. Vítimas dessa “pescagem predatória”, os candidatos residentes tentam mostrar que são os de casa que poderão trabalhar verdadeiramente pelos interesses da região.
Confirmado
Editorial do mês passado, ao criticar as excessivas gentilezas que o governo vinha fazendo, e ainda faz, com redução da incidência do IPI, acaba de ter confirmado um de seus temores: o Fundo de Participação dos Municípios, com o qual sobrevivem centenas de prefeituras, caiu 9% e já acumula perdas de 35% desde março. Há prefeitos que não sabem o que fazer com as folhas de pagamento de outubro.
Foram advertidos
Várias vezes os candidatos a vereador que se apresentavam sem qualquer chance, foram advertidos, e agora, véspera de eleição, vão confirmando que seu papel foi apenas ajudar os maiores a consolidar o favoritismo. Aceitaram participar do jogo das legendas. Muitos dos novatos não se deixaram envolver, depois de terem avaliado os favoritos com quem iriam concorrer. Sabiam que estariam entrando só para ajudar a somar legendas, pois os partidos não tinham interesse real em sua eleição. Em certos partidos acentuaram-se as preferências, com os pequenos candidatos trabalhando para os favoritos. Repete-se um velho fenômeno, que sempre encontra suas vítimas.
Dívida no impasse
Os representantes dos governos federal e estadual já chegaram à conclusão que este é mais um ano perdido nas negociações sobre as dividas com a União. Esperando que os vitoriosos das próximas eleições ajudem a encontrar a luz que falta no fim do túnel, afundam no impasse: não há como pagar e não há como deixar de receber. Se as mudanças que vão ocorrer em janeiro de 2013 forem significativas para serem ouvidas e acatadas, talvez levem o governo federal a adotar a solução mais adequada, confortável para todos: o dinheiro passe a ser convertido em obras, por ele financiadas e fiscalizadas, cabendo aos governadores nada mais que elaborar uma escala de prioridades.
Base de apoio
No quadro eleitoral que se forma em Minas há um dado interessante: dos 118 municípios que têm maior expressão eleitoral em 72 deles PMDB e PT estarão em caminhos diferentes, o que haverá de ter influência na futura base política da presidente e do governador. Em Belo Horizonte, onde são nítidas as diferenças entre os partidos da base federal, PT e PMDB trabalham e disputam separadamente.
Nova bobagem
Primeiro veio o pedante ”presidenta”, que felizmente ninguém está levando a sério. Agora, inventou-se o “paralímpico”, que o professor Pasquale Cipro Neto condena com vigor. E explica: “O fato é que em português poderíamos perfeitamente ter também a forma "parolímpico", mas nunca "paralímpico", que, pelo jeito, não passa de macaquice, explicitação do invencível complexo de vira-lata (como dizia o grande Nélson Rodrigues). Alta fonte de uma das nossas mais importantes emissoras de rádio me disse que o Comitê Paralímpico Brasileiro fez pressão para que a emissora adotasse a bobagem, digo, a forma americanoide, anglicoide ou seja lá o que for. A farsa é tão grande que, em algumas emissoras de rádio e de TV, os repórteres (que seguem ordens superiores) se esforçam para pronunciar a aberração”.
Lula em JF
O dia 20 está marcado no caderno do ex-presidente Lula para desembarcar em Juiz de Fora. Vem com o propósito de repetir o que já tem dito nos programas que o PT mostra na televisão: apoio à candidatura de Margarida Salomão à prefeitura. O conteúdo da agenda e a duração da visita não foram divulgados.
(( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS ))

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Em tempo

Os instrumentos de apuração e totalização de que dispõe o Tribunal Regional Eleitoral confirmam que os mineiros, principalmente dos grandes centros, conhecerão seus prefeitos e vereadores até 21h do dia 7, ressalvados os imprevistos. Mesmo assim, já estão estudados todos os caminhos a seguir se houver o inesperado. Não mais tarde, o TRE terá condições de anunciar em que municípios os dois candidatos mais votados serão chamados a decidir no segundo turno. A capacidade de agilização dos números se tornou maior neste ano, pois o Tribunal vai disponibilizar 28 pontos a mais que no pleito municipal de 2008, quando foram instalados 101. Todos são instalados em locais de votação que apresentam alguma dificuldade de transmissão - como o tempo de deslocamento até a sede do cartório.
Plano de Bruno
O candidato a prefeito pelo PMDB, Bruno Siqueira, marcou para sábado, às 9h, no Hotel Ritz, a reunião com lideranças e representações de bairros para a apresentação de seu plano de governo. O ato político ocorre simultaneamente com o movimento Voluntários 15, grupo suprapartidário que apoia o candidato. Dirigentes estaduais do PMDB deverão estar em Juiz de Fora para o lançamento.
Pesquisa
O Ibope está em campo desde o domingo para promover pesquisa sobre a preferência dos juiz-foranos em relação aos candidatos a prefeito. É a primeira que se realiza desde que o rádio e a televisão iniciaram a transmissão da propaganda gratuita. Os números serão divulgados na sexta-feira.
Rumo ao centro
Terminadas as eleições e avaliado o novo panorama político que as urnas vão projetar, a governabilidade da segunda metade do mandato da presidente Dilma talvez precise reforçar o apoio parlamentar em um partido com perfil mais centrista, considerando-se que já vem contando com os esquerdistas. O problema está em definir que legenda seria essa. Não havendo tempo para a criação de novo partido com o modelo desejado, para o governo talvez seja mais fácil entender-se desde agora com o PSD do prefeito Kassab; ele já com um pé no Ministério. Uma vez perguntaram a Ulisses Guimarães o que seria realmente um partido de centro. Definiu: algum que fosse condescendente no adjetivo e intransigente no substantivo, virtudes que ele via no PSD de sua época. Ulysses o definia como partido de centro. Certo de que ideal é atrair o que há de melhor nos extremos, Amaral Peixoto, o velho almirante, definia como partido de centro aquele que conseguisse trazer para si o que houver de direita na esquerda e de esquerda na direita...
No corpo-a-corpo
Apenas com base no empirismo, políticos de repetidas passagens por campanhas acham que nos vinte dias que antecedem uma eleição 15% dos votantes ainda alimentam relativas dúvidas sobre seu candidato. O ex-prefeito Olavo Cosa sugeria que não se acreditasse muito nisso, porque entre os “duvidosos” contam-se os que já sabem em quem votar, mas preferem o segredo. Pelo sim, pelo não, os experientes consideram que atingida essa fase (estamos hoje a vinte e quatro dias das urnas) o que pode render resultado ao candidato é o contato direto e pessoal com o eleitor.
Metropolitana
Os políticos de hoje concluem, em geral, que está superada a ideia da criação da região metropolitana de Juiz de Fora, considerado que ela pode acabar trazendo mais problemas que soluções. É o que faz prever o esquecimento, na Assembleia, da iniciativa do então deputado Sebastião Helvécio, que há 15 anos ensaiou as primeiras discussões em torno do projeto. Na eleição municipal de 2004 ainda se fez alguma referência sobre a metropolitana, mas o esquecimento total já veio quatro anos depois. Na atual campanha nem de leve se tratou do assunto. Segundo o esboço de projeto, essa região seria formada, além da sede, por doze outros municípios, tendo como premissa a extensão aos vizinhos dos serviços urbanos e sociais locais, eficientemente utilizáveis com base em um novo sistema de transportes, este considerado o ponto de partida para as demais iniciativas. Não se falou mais nas metropolitanas, nem aqui nem em qualquer outra área, reduzidas a Belo Horizonte e à Zona do Aço.
(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Os setentões

Em artigo que publicou na “Folha de S.Paulo”, para lamentar a aposentadoria compulsória do ministro César Peluso, do Supremo Tribunal, o senador Aécio Neves lembra o fato de o serviço público no Brasil estar perdendo o concurso de homens notáveis.“Hoje não faz mais sentido abrirmos mão do conhecimento, da experiência e da sabedoria de tantos brasileiros, pelo simples fato de terem chegado aos 70 anos”, lembrando dois exemplos políticos da história recente: “Tancredo Neves conduziu o processo de redemocratização e foi eleito presidente da República aos 74 anos. Ulysses Guimarães proclamou a nova Constituição com 72”. Não só na política. Aécio cita que “Leonardo Boff foi apontado recentemente como um dos mais influentes na internet. Jorge Gerdau realiza extraordinário trabalho em favor da boa gestão na área pública. E o que dizer do talento de Zuenir Ventura; da prodigiosa inteligência de Eliezer Batista”.
Em Memória
Robinson Damasceno, cronista político, não gostou de ouvir Arnaldo Jabor definir como “jeca tatu” o governo de Itamar Franco, e reagiu. Qualificou sua breve gestão de dois anos como “uma pausa extremamente bem-vinda para um país traumatizado e descrente de tudo”. Em um ensaio de defesa, o autor fala sobre as relações de Itamar com os amigos de Juiz de Fora, com alguns dos quais teria rompido por meras suspeitas de desonestidade, mas o autor acrescenta dado obscuro: “Um desses velhos amigos permaneceu no cofre das inimizades até o fim da vida do presidente, por não ter conseguido sair-se bem das suspeitas que pairavam sobre ele“.
As surpresas
Está para sair a publicação, nas próximas horas, de duas pesquisas sobre a disputa da prefeitura, e para muitos com elas virão os números definitivos do primeiro turno. Por mais confiáveis que sejam, e muitas são feitas com rigor científico, é preciso o eleitor ter o espírito preparado para o que não se espera que aconteça. Há um artigo interessante de Otto Lara Resende sobre surpresas de urnas eleitorais. Dizia ele: “Votei em 1945, e o Brasil inteiro dormiu com o Brigadeiro, que era bonito e era solteiro, e acordou com Dutra, que era feio e ficou viúvo”...
Lacração
Até amanhã, a Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público poderão indicar à Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral os técnicos que, como seus representantes, participarão da Cerimônia de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas a serem utilizados nas eleições de 2012. Trata-se de um detalhe da pauta de cuidados que o TSE adotou para evitar qualquer tipo de suspeita em relação à inviolabilidade das urnas que estarão funcionando no próximo dia 7.
O dever e o direito
É na deficiência da organização partidária que se amplia a responsabilidade pessoal do eleitor, considerando-se que é de fazer temer pela democracia o fato de partidos políticos apresentarem candidatos que alegam como serviço à coletividade terem vendido refrescos artificiais nas esquinas ou são discutíveis craques de várzea; serem pais de dois ou três filhos e torcedores de determinado time de futebol. Em sua maioria, candidatos a vereador prometem o que não podem dar, até porque desconhecem as reais atribuições da edilidade. Seja como for, ainda que não tenha a seu favor a triagem das convenções partidárias, o eleitor tem de ir à urna. Raivoso e descrente, pode anular o voto, mas desejável é que assuma o seu dever diante da sociedade em que vive, e procure escolher quem melhor pode servir aos interesse da população. Há bons candidatos. A maioria? Nem de longe. O eleitor, espremido diante de tal situação, vê redobrada sua responsabilidade, precisando saber que tem de escolher o candidato que revele capacidade de legislar, não por questão de simpatias pessoais. Prevalece, portanto, nesta hora, a expressão ”tem de escolher”, de forma impositiva. Mais que o direito de escolher, pois no Brasil o que se estabelece é o dever cívico do voto, exatamente para fazer com que cada um tenha responsabilidade com a democracia. Sempre haverá alguém digno de receber o voto. Em Juiz de Fora, o eleitor não pode se queixar da inexistência de bons nomes. Repetindo: não são muitos, mas, procurados com atenção, podem ser identificados em quase todos os partidos. É uma eleição, esta municipal, que devia ser básica, pois, ainda que teoricamente, o município é a base do estado. Mas nem por isso perde uma importância que se amplia ou se acanha dependendo do espírito do eleitor.
Serve o exemplo
A luta pela Lei da Ficha Limpa só teve êxito pela mobilização da sociedade capitaneada por entidade de escol como a CNBB e o Movimento Tiradentes, que ontem comemorou seu quinto aniversário. Com isto pode-se afirmar que a reforma política ampla, para acabar com os vícios existentes e garantida em Lei, só acontecerá se a sociedade se mobilizar novamente, pois a maioria dos políticos está satisfeita com o que aí está.
(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 9 de setembro de 2012

Começo do fim

A história não pode negar um registro especial para o 10 de setembro de 1962, meio século passado, porque foi com duas leis sancionadas naquele dia que o presidente João Goulart começou a abrir espaços para as conspirações que, menos de dois anos depois, o derrubariam, embora seu desejo fosse derrubar o parlamentarismo que o incomodava. A Lei 4.132, que ele sancionou com o primeiro-ministro Brochado da Rocha, estabelecia duras regras para desapropriação de bens, notadamente terras. Já o artigo 2º definia o objeto de desapropriação: “O aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico”. No mesmo dia, sem temer reações dos poderosos prejudicados, e - ele também sancionava a Lei 4.137, a chamada Lei Antitrust, que pesou no bolso das classes produtoras. Entre outras proibições, ela vedava ajuste ou acordo entre empresas, ou entre pessoas vinculadas a tais empresas ou interessadas no objeto de suas atividades; aquisição de acervos de empresas ou de cotas, ações, títulos ou direitos; coalisão, incorporação, fusão, integração ou qualquer outra forma de concentração de empresas; concentração de ações; títulos, cotas ou direitos em poder de uma ou mais empresas ou de uma ou mais pessoas físicas, e cessação parcial ou total das atividades de empresa promovida por ato próprio ou de terceiros. Com tudo isso, anunciado de supetão, ficou fácil para a oposição proclamar que Jango estava comunizando o Brasil.
O que resta saber
Distante apenas 27 dias das urnas, o que resta à cidade é saber quem sobe ao segundo turno com a candidata do PT, Margarida Salomão. Ao mesmo tempo em que o PMDB julga já consolidada a posição de Bruno Siqueira, o grupo do prefeito Custódio Mattos acredita que o programa que ele tem levado à televisão, para muitos a melhor produção , vai permitindo que ele se ombreie com Bruno.
Lei mamãe
Passa, sem nenhum remorso, pelos deputados que integram a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o projeto que isenta o candidato a cargo eletivo de responsabilidade em qualquer infração da legislação, quando praticada pelos cabos eleitorais. O que isto significaria, se o plenário aprovasse tamanha monstruosidade? O candidato poderia cometer as maiores sandices, bastando jogar a culpa no cabo eleitoral, uma figura fugaz e transitória, que logo se dilui.
Os infratores
Os descumpridores da legislação eleitoral e o TRE de Minas continuam se enfrentando, cada qual procurando bater o recorde: nesta semana, os infratores chegam a 5.000 desobediências, e o Tribunal emite igual número de multas.
Pai da Ficha Limpa
Na sexta-feira, o feriado e as comemorações oficiais contribuíram para que deixasse de ser lembrada a passagem do quinto aniversário de fundação, em Juiz de Fora, do Movimento Tiradentes, que ficou consagrado como o pai da Ficha Limpa, pois foi com ele que começou a ser cobrada a uma lei que punisse corruptos e os removesse da vida pública. O juiz aposentado Marco Aurélio, que criou aquela campanha e a divulgou, vai falar hoje, às 15h, no Museu Murilo Mendes sobre “Os caminhos do Movimento Tiradentes e a Ficha Limpa”. Passados dois anos de vigência, a lei moralizadora ainda tem um longo caminho a percorrer, mas são visíveis seus resultados. Em Minas, neste ano, graças a ela, 57 foram impedidos de disputar as prefeituras.
Eficientes olímpicos
Como no Brasil costuma de o acessório ser mais importante que o principal, o coadjuvante ganhar do protagonista e o suplente ofuscar o titular, já sabemos como evitar um novo vexame nos Jogos Olímpicos. Vamos mandar os atletas ficarem em casa, e seremos representados pelos deficientes físicos. Nas Paraolimpíadas eles ganharam um monte de medalhas e deixam Londres emocionada. (( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Otimista 1

Não só nas entrevistas e discursos que pronunciou em Juiz de Fora, na terça-feira, mas também nas conversas reservadas, o senador Aécio Neves disse que há todas as razões para se crer que o prefeito Custódio Mattos sairá do terceiro lugar nas pesquisas e ganhará no segundo. Na eleição passada, lembrou, quando faltava um mês para a eleição a desvantagem era a mesma.
Otimista 2 E o próprio prefeito, conversando num breve intervalo da visita, disse ter dados de que vai para o segundo turno. Quem o diz é o “feeling”, que o acompanha nas campanhas eleitorais. Sabe quando vai perder e quando vai ganhar.
Primeiro sinal
Já se falou na possibilidade de a presidente Dilma promover uma reforma ministerial, tão logo sejam conhecidos os resultados das eleições nas grandes capitais. Trata-se de uma possibilidade concreta, depois que congressistas do PT e PSD deram como certa a entrada do prefeito de S.Paulo, Gilberto Kassab (foto), no governo, independentemente do resultado das urnas. Kassab, segundo um colaborador e um integrante da cúpula do PT, será ministro, e cotado para Comunicações
E o Hino?
Há 90 anos, nesta data, estava sendo oficializado o Hino Nacional Brasileiro, que muitos não sabem cantar, mas fingem que sabem, balbuciando e mexendo com os lábios. Que o digam os jogadores de futebol quando flagrados pela televisão. Lei municipal estabelece que os estudantes cantarão o Hino uma vez por semana. Mas ninguém sabe disso.
O voto e o crime
Tomo a palavra de Raquel Faria, de O Tempo, frequentadora dos bastidores da política mineira. Afirma ela em sua coluna de ontem que “aliados não petistas de candidatos petistas dizem estar encontrando dificuldade para conquistar apoio às chapas devido à rejeição ao PT, sobretudo na classe média. O eleitor se sente constrangido em votar no partido associado ao mensalão. E isso tende a se agravar à medida que o STF vai condenando os mensaleiros”.
Ponha na cabeça
Quando chegar o 7 de outubro, o eleitor não deve conferir ao voto apenas a manifestação de uma preferência, mas que aja como dono de um poderoso instrumento de seleção; e de depuração, quando se tratar de eliminar o candidato corrupto ou que tenha praticado irregularidade com o bem público. Os desembargadores têm insinuado que está implícito. O voto deve ter um duplo objetivo instrumental: indicar o candidato que o eleitor considera o melhor, e, ao mesmo tempo, banir quem não merece ser representante da sociedade.
Previsão modesta
Na aritmética de que se valem para elaborar previsões sobre o número de vereadores que podem se eleger, os partidos continuam modestos, mesmo quando falta apenas um mês. Nenhum aventura fazer previsão de grande bancada. Geralmente indicam duas cadeiras em suas expectativas para outubro.
Inimigo tolerante
O PT está passando incólume na atual campanha, porque seus opositores, a começar pelo PSDB, não se ocupam de suas fragilidades. Nem falam das privatizações. Não se vê quem queira crucificar o PT pelo fato de seu governo entregar à iniciativa privada três dos mais importantes aeroportos do País. Mesmo que o partido engula seco o mesmo caroço que o repugnava nos tempos de Fernando Henrique. Nem se fala da dose de intimidade dos velhos chefes petistas com o mensalão que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal.
( publicado na edição desta quinta-feira do TER NOTÍCIAS )

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dia da Amazônia

O calendário civil brasileiro assinala, hoje, o Dia da Amazônia, uma floresta que é o primeiro entre os motivos de orgulho nacional. Depois de vir nascendo de outros países, ela abrange os estados do Acre, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia, Amazonas, Tocantins, Maranhão e parte do Mato Grosso. Combater a derrubada indiscriminada de árvores é o grande desafio, não só daqueles estados, mas da Nação inteira. Fala-se mal do presidente Artur Bernardes, que governou em todo o seu mandato com o Brasil em estado de sítio.Mas hoje é dia de lembrar que foi ele, como presidente da Comissão de Segurança Nacional, que acabou com o Instituto Internacional da Hyleia. Não fosse isso talvez já tivéssemos perdido um pedaço da Amazônia para a ganância externa.
Sem contágio
Ao contrário do que observam muitos políticos, o presidente nacional do PT, Ruy Falcão, diz que em suas andanças pelo Brasil não vê o partido e seus candidatos serem afetados pelo julgamento dos envolvidos no mensalão, todos os réus ligados ao governo Lula. Para outros, dá-se o contrário em centros maiores, como S.Paulo e Belo Horizonte, onde o eleitor vê uma relação comprometedora. Em Minas, tirante Juiz de Fora, os candidatos do PT não vão bem em Governador Valadares, Caratinga, Pouso Alegre, Teófilo Otoni e Varginha.
Conflito jovem
No dia 12, às 19h, na Câmara Municipal,vai ser realizada a próxima reunião do Fórum Permanente de Direitos Humanos. Já pautado um tema que promete bom debate: "O adolescente em conflito com a lei em Juiz de Fora”, em função da realidade social local. Os organizadores do Fórum informam que o encontro é aberto a todas as pessoas interessadas no tema, como também aos que pretendem participar diretamente das reflexões, mas neste caso devem antecipar o envio dos textos.
O bom candidato
“Não vendamos nosso voto e nem vamos votar pensando em nossa rua, nosso bairro ou em nosso grupo de interesse. Devemos pensar no bem comum”. A exortação faz parte do editorial do informativo “Voz da Catedral”,que também recomenda ao eleitor avaliar o discurso dos candidatos. E indaga se coincide com a realidade o discurso dos candidatos que apresentam as cidades como as melhores, sem violência e sem corrupção. Ainda segundo o editorial, “que os pobres não sejam degraus para alguns chegarem ao poder, e sim destinatários do serviço daqueles que forem eleitos”.
Castigo pesado
Já faz parte das previsões dos advogados dos principais réus do mensalão que as penas do Supremo Tribunal Federal virão mais pesadas do que se admitia. Esperavam nada além de cinco ou seis anos. O grande medo é uma pena acima de nove anos, porque nesse caso é regime fechado.
A herança
O recente debate entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique sobre a herança de governo recebida, ‘bendita’ ou ‘maldita’, revela o conflito permanente entre PSDB e PT, partidos governando o País em quase duas décadas (1995/2014). Os argumentos de ambos tentam justificar suas ações, omissões, erros e ideologias. Acontece que os dois partidos têm uma matriz comum, que é São Paulo. A partir desta unidade gravitam os interesses de todos os brasileiros. Com isto, a herança dos outros partidos e demais entes federativos sempre fica dependente daquele duelo.
Novo partido
Diz Rudá Ricci em seu blog sobre atualidades políticas que, depois de Kassab, agora é Paulinho da Força Sindical que deseja criar um partido para poder chamar de seu. E antecipa: já teria até nome: Partido Socialista, PS. Paulinho é do PDT, que não deve estar gostando da novidade.
Descriminalização
Informa o DataSenado, serviço da Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública, que enquete concluída na última sexta-feira sobre descriminalização da produção e do porte de drogas para consumo próprio obteve a participação de mais de 370 mil internautas. O resultado foi amplamente favorável ao dispositivo: 84,92% de votos “sim”, contra 15,08% de votos “não”. Essa adesão indica que o tema deve mobilizar a sociedade. É o que já acontece no Senado, onde há dezenas de projetos tratando do assunto. Mas a tramitação das propostas fica suspensa até que a Casa vote o novo Código Penal.
(( publicado na edição desta quarta-feira do TER NOTÍCIAS ))

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cova rasa

Os candidatos do PT às principais prefeituras vêm escapando, tanto quanto podem, do incômodo de ver alguns dos grandes nomes do partido citados no Supremo Tribunal Federal no caso do mensalão. Mas os dirigentes, que raciocinam sobre efeitos a longo prazo, não apenas nas prefeituras, acham que o melhor que se faz é agir rápido, sem consolos heroicos, e sepultamento dos condenados sem muitas cerimônias. Tal como na condenação de João Paulo, grande figura petista celebrado como um dos principais bandidos do mensalão. Em menos de 24 horas foi rifado como candidato a prefeito de Osasco. Defunto, também sabem os velhos petistas, a gente leva até a cova. Não entra nela para ficar solidário com o morto.
Explicando
Quando é chamado a explicar o índice de resistência do eleitorado com que tem sido contemplado nas pesquisas, o prefeito Custódio Mattos fala sobre as dificuldades que enfrentou no começo do mandato, medidas nem sempre simpáticas que teve de adotar para enfrentar a crise, além de reconhecer que não se cuidou suficientemente da comunicação. Não há como negar tais explicações, mas parece que também pesa um outro fator, que atropela e passa por cima do prefeito: quando muitos se queixam de a cidade ter permanecido 30 anos governada por apenas três homens, desses três Custódio é o único que esta com a pele exposta e sujeita às urnas.
Voto consciente
A partir de sexta-feira e até domingo a Arquidiocese estará promovendo uma campanha de conscientização do voto. A proposta, neste ano, é que as paróquias realizem debates sobre “a importância de escolher bem os candidatos, com suas propostas de trabalho, valorizando o voto e fortalecendo o processo democrático”, como publicou no domingo o informativo “Voz da Catedral”. Também com previsão para o fim de semana, a divulgação de uma carta do metropolita, dom Gil Antônio, orientando os fiéis sobre a importância do voto consciente, principalmente o voto para o candidato que se disponha a trabalhar pelos reais valores da vida.
Tom do recado
Em Belo Horizonte, com seu candidato enfrentando o PT, o senador Aécio Neves investiu pesado contar Lula, que na sexta-feira foi dar palavra de apoio a Patrus Ananias. Hoje, em Juiz de Fora, sabendo que também aqui a luta é contra os petistas, o senador deverá repetir a carga. No caso local, dependendo do que disser e como disser, ele pode contribuir para apimentar um pouco a campanha, ainda morna. Até agora, os candidatos têm preferido o esgrima ao canhão.
Pesquisa
Juiz de Fora está entre as cidades onde o desenvolvimento da campanha eleitoral é acompanhado pelo governo do estado com pesquisas científicas quinzenais, que se pretendem isentas de influências locais. Mas elas se servem para orientação do Palácio, sem divulgação externa.
Dinheiro do povo
Tem razão o senador Aécio Neves quando diz que o dinheiro para fazer obras públicas é dinheiro do povo, quer seja estadual, quer seja federal. É o resultado do imposto que todos pagamos. Acontece que as pessoas moram nos municípios, e ali são realizadas as obras/serviços para o cidadão. Mas, nas campanhas eleitorais para a chefia do executivo municipal esse debate entra na pauta trazendo certa confusão para o eleitor comum. O debate correto seria a ocorrência de um novo pacto federativo no Brasil, de forma a evitar que o governo federal centralizasse a maior fatia dos recursos arrecadados pelos impostos pagos pelos brasileiros. E lembrar que a distribuição via orçamento anual depende de muito jogo de interesses públicos e privados.
(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

domingo, 2 de setembro de 2012

Aécio vem amanhã

O senador Aécio Neves, principal articulador do PSDB de Minas, chega amanhã a Juiz de Fora para se incorporar à campanha pela reeleição do prefeito Custódio Mattos. Mas no fim de semana ainda não estava definido o programa que ele cumprirá na cidade, que é um dos 50 colégios eleitorais do estado que os tucanos consideram prioritários para a eleição dos novos prefeitos. Custódio já disse e repetiu várias vezes que considera Aécio a mais nova e promissora liderança do País.
Falta conferir
Ainda não se sabe se e quanto os programas dos candidatos a prefeito podem ter influído na posição de cada um deles indicada nas últimas pesquisas. Para alguns, a qualidade dos programas na TV é a última chance de alterações profundas na disputa. Sabe-se que o PSDB e o PMDB estão contratando novas pesquisas para terem noção se os programas dos seus candidatos contribuíram para mudar o rumo das expectativas.
Sem Dilma
É claro que a presença de Lula em Belo Horizonte na última sexta-feira foi uma boa contribuição para a candidatura de Patrus Ananias, que vem se mantendo muitos pontos abaixo de seu principal adversário, Márcio Lacerda. Mas o PT ainda não se satisfez e quer que a presidente Dilma se incorpore à campanha, ideia que ela já havia repelido nas primeiras tentativas.
A consciência
“Mesmo que saia absolvido em um tribunal, porque contratou advogados hábeis em fazer narrativas que encobriram seu crime e convenceram os magistrados, o corrupto não consegue escapar do tribunal interior que o condena. Uma voz o persegue, acusando-o de indigno diante de si mesmo, incapaz de olhar com olhos límpidos para sua esposa e filhos. Uma sombra o acompanha”.
(Teólogo Leonardo Boff)
Jogo duro
Não fossem os interesses isolados e imediatos em relação à eleição dos prefeitos, talvez os observadores políticos dessem mais importância ao fato de que se trava uma disputa surda no PSDB entre os grupos que seguem José Serra e Aécio Neves, que estão colocando à prova seu prestígio em São Paulo e Belo Horizonte. Serra disputando a prefeitura paulistana e Aécio empenhado na eleição de Márcio Lacerda na capital mineira, serão direta e indiretamente julgados pelas urnas como peças importantes na corrida presidencial de 2014.
Calendário
Esta semana tem dois prazos para serem cumpridos, segundo o calendário oficial do Tribunal Regional Eleitoral. Na quinta-feira os candidatos e partidos terão de apresentar à Justiça Eleitoral a segunda prestação de contas parcial de suas despesas na campanha eleitoral. Na sexta-feira, como segundo prazo a ser cumprido, a Justiça faz a entrega dos títulos resultantes de inscrição e transferência.
Francamente
Num encontro com moradores de Linhares, a candidata Ivete Gomes, que disputa a vereança pela coligação PPS-PR, mostrou sinceridade ao afirmar que não é certo nem justo esperar que o vereador faça o que não está entre suas atribuições, que são, basicamente, votar leis, entre as quais a do Orçamento Municipal, e fiscalizar os atos do prefeito. Quanto às necessidades dos bairros, o vereador pede e até exige, mas quem tem de fazer é o prefeito. Ela está certa, mas não é a conduta usual da maioria dos candidatos.
O gênero
Quinze anos atrás foi preciso uma lei que estabelecesse o mínimo de 30% e máximo de 70% para cada gênero nas chapas de candidatos em eleição proporcional, como forma de garantir espaço para a mulher participar na vida político-partidária do País. Havia sido resultado de uma luta encampada pela deputada mineira Maria Elvira. Nos primeiros anos e até mais recentemente os partidos encontravam dificuldade para dar cumprimento à Lei 9504/97, pois esbarravam no desinteresse das próprias mulheres, situação que veio sendo superada aos poucos, e hoje, segundo acaba de informar o Tribunal Superior Eleitoral, as candidatas já representam 32,5% (dez anos atrás elas eram 21%), o que significa 146.059 concorrendo à prefeitura, vice-prefeitura e vereança.
Confiante
“Em Juiz de Fora, nós vamos ganhar no primeiro turno”, afirmou o ex- presidente Lula, no almoço que teve, em Belo Horizonte, no fim de semana com Margarida Salomão e outros candidatos do PT às prefeituras mineiras. Por isso, e por estar tão confiante, disse que poderá vir à cidade para a campanha do primeiro turno, não cogitando a possibilidade de um segundo pleito aqui. (( publicado na edição desta segunda-feira do TER NOTÍCIAS ))