segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Os setentões

Em artigo que publicou na “Folha de S.Paulo”, para lamentar a aposentadoria compulsória do ministro César Peluso, do Supremo Tribunal, o senador Aécio Neves lembra o fato de o serviço público no Brasil estar perdendo o concurso de homens notáveis.“Hoje não faz mais sentido abrirmos mão do conhecimento, da experiência e da sabedoria de tantos brasileiros, pelo simples fato de terem chegado aos 70 anos”, lembrando dois exemplos políticos da história recente: “Tancredo Neves conduziu o processo de redemocratização e foi eleito presidente da República aos 74 anos. Ulysses Guimarães proclamou a nova Constituição com 72”. Não só na política. Aécio cita que “Leonardo Boff foi apontado recentemente como um dos mais influentes na internet. Jorge Gerdau realiza extraordinário trabalho em favor da boa gestão na área pública. E o que dizer do talento de Zuenir Ventura; da prodigiosa inteligência de Eliezer Batista”.
Em Memória
Robinson Damasceno, cronista político, não gostou de ouvir Arnaldo Jabor definir como “jeca tatu” o governo de Itamar Franco, e reagiu. Qualificou sua breve gestão de dois anos como “uma pausa extremamente bem-vinda para um país traumatizado e descrente de tudo”. Em um ensaio de defesa, o autor fala sobre as relações de Itamar com os amigos de Juiz de Fora, com alguns dos quais teria rompido por meras suspeitas de desonestidade, mas o autor acrescenta dado obscuro: “Um desses velhos amigos permaneceu no cofre das inimizades até o fim da vida do presidente, por não ter conseguido sair-se bem das suspeitas que pairavam sobre ele“.
As surpresas
Está para sair a publicação, nas próximas horas, de duas pesquisas sobre a disputa da prefeitura, e para muitos com elas virão os números definitivos do primeiro turno. Por mais confiáveis que sejam, e muitas são feitas com rigor científico, é preciso o eleitor ter o espírito preparado para o que não se espera que aconteça. Há um artigo interessante de Otto Lara Resende sobre surpresas de urnas eleitorais. Dizia ele: “Votei em 1945, e o Brasil inteiro dormiu com o Brigadeiro, que era bonito e era solteiro, e acordou com Dutra, que era feio e ficou viúvo”...
Lacração
Até amanhã, a Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público poderão indicar à Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral os técnicos que, como seus representantes, participarão da Cerimônia de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas a serem utilizados nas eleições de 2012. Trata-se de um detalhe da pauta de cuidados que o TSE adotou para evitar qualquer tipo de suspeita em relação à inviolabilidade das urnas que estarão funcionando no próximo dia 7.
O dever e o direito
É na deficiência da organização partidária que se amplia a responsabilidade pessoal do eleitor, considerando-se que é de fazer temer pela democracia o fato de partidos políticos apresentarem candidatos que alegam como serviço à coletividade terem vendido refrescos artificiais nas esquinas ou são discutíveis craques de várzea; serem pais de dois ou três filhos e torcedores de determinado time de futebol. Em sua maioria, candidatos a vereador prometem o que não podem dar, até porque desconhecem as reais atribuições da edilidade. Seja como for, ainda que não tenha a seu favor a triagem das convenções partidárias, o eleitor tem de ir à urna. Raivoso e descrente, pode anular o voto, mas desejável é que assuma o seu dever diante da sociedade em que vive, e procure escolher quem melhor pode servir aos interesse da população. Há bons candidatos. A maioria? Nem de longe. O eleitor, espremido diante de tal situação, vê redobrada sua responsabilidade, precisando saber que tem de escolher o candidato que revele capacidade de legislar, não por questão de simpatias pessoais. Prevalece, portanto, nesta hora, a expressão ”tem de escolher”, de forma impositiva. Mais que o direito de escolher, pois no Brasil o que se estabelece é o dever cívico do voto, exatamente para fazer com que cada um tenha responsabilidade com a democracia. Sempre haverá alguém digno de receber o voto. Em Juiz de Fora, o eleitor não pode se queixar da inexistência de bons nomes. Repetindo: não são muitos, mas, procurados com atenção, podem ser identificados em quase todos os partidos. É uma eleição, esta municipal, que devia ser básica, pois, ainda que teoricamente, o município é a base do estado. Mas nem por isso perde uma importância que se amplia ou se acanha dependendo do espírito do eleitor.
Serve o exemplo
A luta pela Lei da Ficha Limpa só teve êxito pela mobilização da sociedade capitaneada por entidade de escol como a CNBB e o Movimento Tiradentes, que ontem comemorou seu quinto aniversário. Com isto pode-se afirmar que a reforma política ampla, para acabar com os vícios existentes e garantida em Lei, só acontecerá se a sociedade se mobilizar novamente, pois a maioria dos políticos está satisfeita com o que aí está.
(( publicado na edição desta terça-feira do TER NOTÍCIAS ))

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