CINTO APERTADO
A reedição da CPMF, imposto de renda
mais pesado e congelamento de obras, ainda que muitas delas essenciais. Eis
alguns dos itens da prescrição medicamentosa com que o governo acena para o
tratamento das enfermidades da política econômico-financeira, que, digamos,
talvez com uma dose de pessimismo, já se internou no CTI. Observe-se que, sem
qualquer toque de criatividade, o recurso anunciado é o de sempre: transferir o
ônus para os ombros do contribuinte. Nem o doutor Lery, considerado um
especialista experimentado, cuidou de buscar receita mais criativa, e também
manda transferir mais alguns quilos dos erros do governo para o costado de um
País que já ostenta um primeiro lugar olímpico entre os mais cruéis e famintos
na relação com os contribuintes.
Recorrendo aos sacrifícios de costume,
que sabe muito bem transferir, o governo também vai deixando de lado a ideia da
redução do número de ministérios, anunciada como contrapartida da pena a ser
aplicada sobre a população. Poucos acreditaram ou ainda acreditam nesse corte
na carne, até porque a redução de cargos significaria reduzir fontes de
atendimento aos interesses políticos da base de apoio parlamentar. Sem cargos
disponíveis e oferecidos o governo não respira.
VERSO E REVERSO
Não é coisa que se ignore a peste com
que as drogas vêm que assolando a população jovem do Brasil e do resto do
mundo, já com a certeza sinistra que estamos assistindo à derrocada de uma
geração inteira, sem que se tenham à mão, pelo menos de imediato, recursos
eficazes para conter o ritmo da tragédia.
Mas essa tragédia tem um segundo lado
não menos desanimador, tomando-se por base fatos que se tornam conhecidos nos
relatos de educadores diretamente envolvidos nas políticas municipais de
combate ao tráfico e consumo de drogas. São os casos, não raros, de meninos e
meninas que enfrentam o problema da dependência dos pais que vivem
permanentemente drogados.
Em um determinado bairro, numa casa já
por si miserável, duas meninas são obrigadas à tarefa diária de lavar o quarto
comum, que fica num ambiente insuportável depois dos constantes vômitos da mãe,
usuária de drogas, em quem os malefícios aumentam em razão da alimentação
insuficiente.
Em outro caso, não menos trágico, duas
adolescentes, já trabalhando, são muitas vezes chamadas a deixar a empresa e
correr a Benfica para retirar da rua a mãe totalmente drogada e caída.
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