sexta-feira, 3 de março de 2017






Fé nos biomas


Um erro sobre o mundo pode nos induzir a um erro a Deus. Foi com esta advertência, inspirada em Santo Tomás de Aquino, que o padre Dalton Barros, redentorista, promoveu na Catedral uma palestra sobre os biomas, que neste ano são o enfoque da Campanha da Fraternidade. Tal preocupação é um convite a olhar com Fé a Criação, mas tendo em mente que ao falar dos biomas brasileiros e ao defendê-los a Campanha da Fraternidade não cuida apenas dos biomas físicos, mas também dos existenciais.

A Natureza, explica padre Dalton, tem de ser tratada pela atual e pelas gerações futuras como um santuário vivo de Deus. Papa Francisco ensina  que se trata de uma exigência da Fé . É continuar a obra de Deus.



Marchinhas no cadafalso


Para subsidiar o debate que se trava em relação às velhas marchinhas de carnaval, quando construídas em cima de preconceitos, em Juiz de Fora houve quem contestasse e condenasse o simpático Bloco do Beco, que neste ano foi à rua mostrando um tema político atualíssimo: “Moro num país tropical”, alusão ao juiz que tem mandado para a cadeia corruptos e corruptores, e nisso ajudando, ainda que modestamente, a agravar a superpopulação carcerária... Mas os foliões acabaram não dando importância.

O Beco só cuidou dos políticos, o que não o poupou da critica dos politicamente corretos.  Em outros lugares o viés estava nas ofensas aos negros, havendo quem propusesse a proibição da divulgação de marchinhas que tanto sucesso fizeram no passado. É preciso reconhecer seu conteúdo preconceituoso, mas sem desconhecer que elas são de uma época  em que não havia consciência coletiva contra isso. Hoje seria inadmissível, mesmo que as letras exaltassem a “nega do cabelo duro”, a cor da pele da mulata que “não pega”, não contagia. Ou a “nega maluca” escandalizando o salão de sinuca.

E não apenas as negras. O compositor já não ousaria hoje dizer que quer uma mulher, tal como Emília, ”que saiba lavar e cozinhar, e me acorde na hora de trabalhar”. Quer dizer, mulher que seja cozinheira, lavadeira e faça o papel de despertador.  Mulher ideal.
  
Da mesma forma impensável agora um programa de televisão anunciar um cantor negro vestido de branco, como César de Alencar, da Rádio Nacional, apresentava Blecaute: ”mosquito caiu no leite”. Ausente uma conscientização contra o preconceito ofensivo, o cantor sorria para a plateia e o público aplaudia.

O notável Braguinha eternizou-se junto ao público infantil, sem espantá-lo, ao cantar que era o lobo mau que pegava as criancinhas pra fazer mingau. Hoje o Estatuto da Criança o crucificaria.

O tempo tem o poder de corrigir tudo, sem necessidade de a gente assoprar cinzas que ficaram no passado.





Nenhum comentário:

Postar um comentário